Sonia Hirsch *
Um assunto cada vez mais comentado é a poluição dos alimentos. Pelos agrotóxicos, nas plantações, e pelos aditivos químicos na industrialização e comercialização.
Os agrotóxicos surgiram quando o homem resolveu fazer monoculturas, plantando milhares de pés da mesma coisa numa grande área. Abóbora, digamos. As lagartas que adoram abóboras também adoraram a ideia, avisaram o lagartal inteiro e se mudaram para o aboboral. O plantador primeiro viu só duas ou três, tirou com a mão; depois percebeu que eram muitas, correu na venda, comprou um lagarticida e meteu bronca. Se as abóboras fossem suas e seu orçamento dependesse da colheita, o que você faria?
Como?
Ah, sim! Você também já leu o livrinho Unidade da Vida, do Edson Hiroshi Seó, edição Espade, e já sabe que se plantar a abóbora espaçadamenle pelo terreno, com verduras de cheiro forte pelo meio, os pragas não atacam.
Ótimo. Então você já sabe também que existem formas mui simples de proteger suas frutas, né? Hiroshi explica que os bichos das frutas — como o da goiaba — são larvas de moscas, que fazem das frutas seu ninho e põem seus ovos ali, acabando com a fruta. Pois bem, existe um insetinho micro-himenóptero que adora fazer seu ninho no corpo da mosca, botando seus ovos ali e acabando com a mosca. Então, quando o pomar começar a produzir e as moscas chegam, fazendo as frutas cair, você recolhe essas frutas e põe num viveiro de tela enterrado no chão. As larvas crescem, viram moscas e atraem milhares de micro-himenópteros que dão cabo delas e também das moscas de fora. As frutas amadurecem perfeitas, sem pesticidas nem agrotóxicos. O que é um conforto, pois como diz meu pai, pior do que comer um bicho de goiaba só mesmo comer meio bicho de goiaba.
A variedade de espécies e a harmonia entre elas são características da natureza, mas cada estação, cada clima, cada solo têm suas peculiaridades para oferecer. Bem faz quem se alimenta com produtos locais e da época: fica mais identificado com a natureza do ambiente em que vive, tocado pela mesma energia.
Agora, quem come produtos industrializados vai pelo caminho contrário: não ganha energia, não se alimenta direilo, gasta as reservas orgânicas e ainda acumula dentro de si perigosas substâncias químicas.
Uma digestão pesada perturba as células, os sistemas vitais e a mente. O acúmulo de toxinas, se for por muito tempo e diário, vai nublando a clareza necessária para enxergarmos direito o caminho, as decisões diante dos desafios inerentes à vida.
Veja só uma relação de aditivos publicada por Sílvio Lancelotti, na Folha de São Paulo, traduzindo um folheto do Center for Science in the Public Interest (1755 S Street NW, Washington IX, 20009, USA):
UHA, BHT
Antioxidantes muito comuns em flocos de cereais, gomas de mascar, batatinhas fritas. Indutores de reações alérgicas. Sobre o BHT, já se constataram, também, episódios de moléstias hepáticas e aumento do volume do fígado.
Corantes artificiais
Mesmo nos EUA os corantes artificiais não foram suficientemente testados. Usam-se em refrigerantes, sucos, doces, balas, sorvetes, gelatinas, guloseimas em geral. No Brasil, são raríssimos os produtos que indicam, nas suas embalagens, os tipos específicos de corantes que contém. Os mais perigosos: Laranja 2 (utilizado em cítricos, inclusive para melhorar o aspecto visual de algumas frutas), Vermelho 3 (bebidas, doces, provável indutor do câncer), Vermelho 4 (causador do câncer em ratos), Amarelo 5 (usadíssimo em gelatinas e em comida animal).
MSG, glutamato monossódico
Funciona como catalisador de sabores. Presente em sopas, sucos e outros enlatados. Habitualmente indexado nas embalagens. Causa uma doença apelidada de “a síndrome do restaurante chinês”: dores de cabeça, enrijecimento dos músculos do peito e da nuca, formigamemo dos antebraços. Experiêcias com ratos demonstraram uma fulminante destruição de células cerebrais nos bichos mais jovens.
Acido fosfórico, fosfatos
De inúmeras aplicações, particularmente em produtos de padaria e patisseria, queijos, cereais desidratados, refrigerantes artificiais, pós de cozinha. Sua ingestão indiscriminada provoca um desequilíbrio nutritivo que a FDA norte-americana já provou estar absolutamente ligado a uma doença dos ossos, a osteoporose.
Cloreto de sódio
O sal industrializado, que se usa para dar sabor ou assegurar a preservação da imensa maioria dos enlatados. Obviamente, os organismos animais e humanos precisam do NaCl. Em excesso, contudo, ele aumenta a pressão sanguínea e pode contribuir para os problemas do coração e para uma série de moléstias renais.
Sacarose, dextrose
Os açúcares, os adoçantes dos refrigerantes, refrescos, certos doces e balas, produtos de padaria ou patisseria. Não têm qualquer valor nutritivo. Apenas acrescentam calorias inúteis ao metabolismo. Ligadíssimos à eclosão de cáries dentárias.
Bissulfito de sódio, dióxido de enxofre
Preservantes, branqueadores, estimuladores da manutenção das cores naturais de frutas e vegetais. Utilizados francamente em compotas e conservas, certos vinhos de segunda linha, sucos, legumes desidratados. O bissulfito destrói a vitamina B. O dióxido, ultratóxico, destrói a vitamina A e pode levar a problemas de visão.
* Texto extraído do livro Mamãe eu Quero – Sonia Hirsch – editora Corre Cotia.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações, citada a autoria e a fonte.
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