Por Samira Menzes e Viviane Pereira
Revista Vegetarianos – Outubro 2010
Inicie a leitura pelo Emagreça com o Vegetarianismo – Parte 1
UMA NOVA PERSPECTIVA
Além da reeducação da mastigação, “quando se fala em emagrecimento, o básico é a revisão no estilo de vida”, observa Cláudio Barbosa. “A pessoa vai ter que tomar gosto pelo exercício físico, comer de forma mais variada, com mais alimentos integrais, menos açúcar e gordura.” Ele avisa que os métodos mais rápidos até funcionam, mas se não houver essa mudança de hábitos, o peso pode voltar. “Não existe mágica ou novidade. O paciente às vezes pensa que com dieta diferente ou remédio novo vai avançar, e não é verdade. A cirurgia bariátrica ou internação no SPA também fazem emagrecer rápido, mas se a pessoa usar como muleta para compensar um ano de excesso desenfreado, é enganação e ruim para a saúde.”
Com a experiência de quem costuma ver pessoas buscando emagrecimento – ele atua no Lapinha Clinica SPA, na Lapa (PR) -, Cláudio ressalta que é antiético oferecer uma dieta para emagrecer três quilos em uma semana. “O efeito sanfona piora a saúde. A cirurgia pode ser eficiente em casos em que é necessária e a internação intensiva em um SPA ajuda se for uma preparação e tiver sequência. É preciso pensar em um tratamento continuado, focando no longo prazo.”
Para evitar o efeito sanfona e ganhar em qualidade de vida o médico nutrólogo, Dr. Eric Slywitch lembra uma regra importante no processo de emagrecimento: perder peso lentamente. “Quem emagrece rápido perde músculo e não gordura. E a qualidade de vida, com menos músculo.”
Por isso, dietas com restrições de muitos grupos alimentares diferentes tendem a ser mais perigosas para a saúde. “Toda dieta que promove emagrecimento rápido tende a ser nociva. Perder até 4 kg por mês normalmente é mais adequado, porque mais do que isso, há risco de perda muscular em vez de gordura.”
DE VOLTA À ORIGEM
Mesmo para o uso de remédios, Cláudio defende que o médico não pode apenas prescrever – necessita também conversar e fazer uma abordagem comportamental. Essa avaliação do comportamento é uma forma de descobrir a origem do sobrepeso ou da obesidade. “Dieta sem avaliação profunda dos mecanismos que levam uma pessoa a comer costuma ser fadada ao fracasso”, acrescenta o médico nutrólogo Eric Slywitch. “Se há emoção envolvida, que leva o indivíduo à alimentação excessiva, ou mesmo razões hormonais ou metabólicas, a simples orientação nutricional é ineficaz no tratamento.”
Nesse contexto, ele ressalta que a reeducação alimentar é muito importante – porque o peso depende da ingestão e de quanto o organismo gasta. Só não pode ser tratada isoladamente, sem considerar outros fatores. “Comemos porque temos fome, porque gostamos de determinados alimentos, porque nos emocionamos entre outras possibilidades.”
COMENDO E EMAGRECENDO
Privar o organismo de alimento nunca foi bom negócio para a saúde de ninguém. Para as pessoas que querem perder peso não poderia ser diferente. Apesar de, nesses casos, as calorias precisarem sim ser controladas, períodos muito longos sem comida podem fazer o efeito inverso e indesejado: o aumento do peso. “Muita gente acha que ficar sem comer emagrece”, lembra a nutricionista Ana Ceregatti. “Mas na verdade”, continua ela, “o que ocorre é exatamente o contrário. Ficar sem comer engorda porque na ausência de comida, o corpo entra no modo aulopreservação, um mecanismo de defesa contra o jejum prolongado.”
Ana explica que nesses jejuns o metabolismo não sabe se a falta de alimento é proposital ou se o corpo está perdido no meio do deserto, por exemplo, onde a pessoa não encontrará nada para comer. “Faltando comida, o gasto de energia vai ficando cada vez mais lento para preservar o estoque por mais tempo. Além disso, o centro que regula o apetite e a fome é acionado e fica superestimulado, aumentando a reserva calórica – pois armazenar gordura é um mecanismo de defesa do ser humano.” Por isso, a nutricionista revela que a melhor forma de conquistar o peso adequado é comendo (com sabedoria). “É possível, e necessário inclusive, que todos os grupos alimentares estejam inseridos no dia a dia de quem quer emagrecer”, afirma a nutricionista Silvana Portugal. Mas sem abusar dos grandes vilões, como as gorduras, os carboidratos e o açúcar.
O caminho ideal para garantir a boa saúde é, de acordo com Silvana, a reeducação alimentar – que passa pela inclusão de alimentos que muitas vezes não estão, ou estão em pequena quantidade no cardápio, como frutas, verduras, legumes e fibras. “A alimentação saudável com inserção de alimentos funcionais geram bem-eslar e saciedade. Assim, a pessoa não sente necessidade de guloseimas nem de comer muito em alguma refeição específica”, ensina Silvana.
PARADOXO CRUEL
Obviamente, quem está acima do peso é que precisa emagrecer. Entretanto, há um aparente paradoxo nessa questão para o qual Eric chama atenção: o excesso de peso traz maior dificuldade para o emagrecimento, pela simples existência de gordura corporal estocada em excesso. O médico explica que o tecido gorduroso não é apenas um depósito de gordura. Como órgão endócrino, ele produz mais de 20 tipos diferentes de hormônios – dos quais pelo menos 17 são nocivos ao organismo. “Essa produção hormonal traz muito mais dificuldade para o emagrecimento.”
A consequência provavelmente já foi sentida por quem fez tentativas de emagrecer: a pessoa fica duas semanas comendo adequadamente para perder meio quilo. No final de semana, come um docinho a mais e nesse mesmo dia ganha meio quilo. Desanima.
A retenção de líquido pelo organismo também é comum nessa situação e provoca variação de peso importante de um dia para outro. Por isso, emagrecer deve ser uma meta de longo prazo. “Se o planejamento para a perda de peso não for muito bem feito, a pessoa inevitavelmente vai desistir.”
EXPERIMENTANDO NOVOS HÁBITOS
Além da mastigação bem feita proposta por Cláudio lá no início da reportagem, outras medidas podem ser tomadas rumo às pazes com a balança. O fracionamento das refeições é uma delas. Comer porções menores e mais vezes ao dia produz um ritmo metabólico que favorece os processos de consumo de energia, como explica a nutricionista Ana Ceregatti. “Mas não vale fracionar e incluir no dia a dia alimentos muito processados e industrializados. Frutas frescas e secas e castanha são exemplos de alimentos que podem (e devem) ser consumidos nos intervalos das principais refeições.” Ana recomenda fazer de cinco a seis refeições por dia.
Também não adianta se basear em calorias porque elas variam de pessoa para pessoa. “1.500 calorias podem manter o peso de uma mulher de 1,60 m, 50 kg, que faz yoga uma vez por semana, emagrecer uma mulher de 1,60 m, 70 kg, que pratica a mesma coisa. A quantidade de calorias varia conforme o sexo, peso, altura, idade e atividades cotidianas. Fuja de dietas com calorias pré-determinadas”, aconselha a nutricionista, que aponta para a importância da hora de comer – “se você come na frente da televisão ou do computador, sua atenção é desviada e o processo digestivo cai no piloto automático. Você não mastiga direito, não percebe o que já comeu e não estimula o centro da saciedade.” Conclusão, aponta Ana, o volume da refeição tem que aumentar para satisfazer o apetite.
Apesar de parecer bastante complicado, mudar tanta coisa assim (desde o tipo de alimentação e a mastigação), ao optar por essa vibração mais saudável, não vai demorar muito para você perceber que de tamanho GG só mesmo a sua disposição e ânimo para a vida.
QUEM TEM PRESSA ERRA
O médico nutrólogo Eric Slywitch enumera os principais erros cometidos por quem tem pressa de emagrecer.
– Mudar radicalmente tudo o que come. As vontades e hábitos sufocados vão emergir em poucas semanas e estragar tudo o que é novo. A mudança deve ser gradual.
– Ficar sem se alimentar. As alterações hormonais decorrentes da privação de alimentos dificultam o emagrecimento.
– Comer proteína em excesso. A proteína tem o mesmo teor calórico do carboidrato, ou seja, 4 kcal/grama. Todo excesso de proteína pode causar danos graves no sistema renal.
– Utilizar laxantes e diuréticos. Quem está acima do peso deve perder gordura, e não água. Um litro de água pesa 1 kg, mas é água, e não gordura. A desidratação dificulta o emagrecimento.
– Suar a camisa na academia. A ideia de que suar a camisa emagrece nem sempre é real. Ao praticarmos uma atividade física, podemos escolher se vamos “queimar” a proteína, o carboidrato ou a gordura. A “queima” de gordura se faz com atividade de leve a moderada, por tempo prolongado. Por isso, é importante um planejamento que estabeleça intensidade e tempos adequados de treino. Estorço com pouco ou muito tempo de treino é inadequado para o emagrecimento.
– Não avaliar o estado inflamatório antes de começar a praticar atividade física. Inflamação é uma resposta do organismo às agressões que ele sofre. O próprio tecido gorduroso produz hormônios que inflamam o organismo. Organismo inflamado tem dificuldade de emagrecer e, em muitos casos, a atividade física apenas vai piorar a inflamação.
– Usar medicamentos errados. É diferente um tratamento medicamentoso para cuidar de uma pessoa obesa que tem depressão ou ansiedade. Essa avaliação médica deve ser feita com critério.
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