Milene Siqueira *
E Deus criou o céu e a terra… E da argila (terra) fez o homem, e de uma de suas costelas fez a mulher…
Imagine os ritmos e sistemas binários em nosso organismo como: respiração, pulsação, hemisférios cerebrais, glóbulos brancos e vermelhos, a imagem do DNA, etc.
Mas o descompasso é uma realidade, e é retratado até mesmo em épocas, e que moldam nossas condutas sociais:
Lá se passaram mais de três milênios, quando muitas culturas foram marcadas pelo domínio do feminino (o matriarcado-yin), período que é difícil retratar pois a ideia era essa mesma: não deixar vestígios ou disfarça-los… Pois bem, restaram os registros arqueológicos da soberania patriarcal (yang).
Para o benefício do patriarcado, tratou-se de interpretar escrituras milenares como o I Ching, atribuindo o yin à mulher e o yang ao homem, e fazer da mulher servidora do homem. Isso causou prejuízo ao yin masculino e grande sofrimento às mulheres. Porém a interpretação chinesa real não era essa. Segundo Fritjof Capra: …os antigos chineses acreditavam que todas as pessoas, homens ou mulheres passam por fases yin e yang. A personalidade de cada homem e de cada mulher não é estática, mas um fenômeno dinâmico resultante da interação entre elementos masculinos e femininos.
Mas, dos anos 60 para cá, estamos vendo o patriarcado enfraquecer em nossa cultura, e de uma década para cá, isso fica ainda mais evidente. Fato é o grande número de pessoas já administrando suas vidas sem depender diretamente de autoridade ou de patrão; no caso das mulheres é mais explícito, pois não se depende mais do “marido financeiro”; influencia na atualidade a disponibilidade tecnológica e o habitat virtual, pois permitem maior autonomia e liberdade, é a era digital (binária); e o próprio crescimento da internet, que até é considerada território feminino, mas não só pelo número de yins que tecem redes sociais, tem diários virtuais, se comunicam, enfim, que bem sabem colher nestes sítios… mas porque a internet e o lado yin, tem em comum a tal globalidade!
Embora muitos ainda pensem e vivam com uma ideia de domínio, ou de que agora seja a revanche das mulheres, estamos é caminhando (ou melhor, engatinhando) e nos moldando a uma nova e melhor situação que não deve ser mais de domínio unilateral (ou de gênero), mas de união e equilíbrio dinâmico. Porém tudo é ainda tão novo, que está mesmo só germinando!
O que parece ser a vez das mulheres é a energia yin reverberando e que pode ser vista em homens também. As mulheres, por sua vez, tem partilhado mais das suas qualidades yang (projeção, iniciativa), e daí que se destacam em território antes habitado somente por homens.
Mas, é claro que nisso tudo, tanto homens quanto mulheres estão perdidos ao terem ainda velhos padrões para funcionar em novos campos energéticos. É até curioso, mas muitos dizem que o tempo está passando mais rápido, se notarmos que tempo é yang e que espaço é yin, veremos que há bastante sentido na expressão popular!
Os homens, que viveram há poucos anos o rígido modelo patriarcal, que eram liderança ou subordinados ao masculino, detinham o domínio como grupo de força projetiva, e então é normal que se sintam mais temerosos do que as mulheres – que vinham driblando a situação há um looooongo tempo.
Se o yang de um homem que sempre foi dominante sobre seu yin, se vê com seu yang rendidofica fácil este se aventurar em jogos, traições e vícios como tentativa sombria de pertencer ao grupo, de reafirmar seu poderio yang – atitudes inconscientes das quais a mente precisa compreender os valores reais! Em nossa cultura, homens tem relatado em consultório medo desta nova mulher que impõe seus direitos, e tem sofrido mais de baixa auto-estima e depressão, o que até pouco tempo era atribuído quase que exclusivamente às mulheres. Na verdade é a inabilidade com o yin, que foi castrado em todo o sistema patriarcal.
Lembrei-me agora de homens que há décadas atrás se suicidavam com armas de fogo por derrota patrimonial…
Mas as mulheres também sofrem nessa transição onde não há muito conhecimento e lucidez – o que é compreensível pois é esta geração que tem reescrito a história que nossos ancestrais levaram anos para qualquer mudança significativa. Nesta recente inclusão feminina no mundo corporativo e competidor (yang), ou como chefes de família, há uma tendência maior de ver mulheres com energia yang acentuada, o que as faz estarem com um maior domínio do intelecto sobre a intuição, excesso da valorização exterior, dificuldades com o lado receptivo, turbulências emocionais, e uma “dureza” sentimental e corporal.
Em muitas casas a ordem antes conhecida do homem como provedor se inverteu, e é sabido o grande número de mulheres que se sobrecarregaram de tarefas e que passaram a sustentar física e emocionalmente seus lares – aliás, uma boa parcela que apresenta quadros de endometriose representa claramente esse novo papel da provedora (yang), onde o endométrio se faz presente fora da sua região natural de expansão. A mulher pode sim prover, mas deve juntar a vibração oposta/complementar que é a de se conscientizar do mesmo sentido merecedor em receber (yin). Os homens que eram os provedores não tinham problemas, pois iam para casa receber: alimento, roupa lavada, casa arrumada, atenção, etc. A mulher pode exercer muitas atividades (yang), desde que dê atenção ao yin, que é o descanso/relaxamento proporcional. E claro, o mesmo vale para os homens.
Da preocupação, queixas e do surgimento de muitas síndromes femininas, surgiu o resgate do sagrado feminino, o que ajuda, mas nem sempre conscientizam da importância dos pólos arquetípicos.
E até da preservação da natureza depende fundamentalmente a presença do ‘feminino’ – conservar, cooperar e sustentar são adjetivos YIN – e cuidar de nosso ar, águas e das florestas que já foram suficientemente desbravadas (yang) é emergencial.
Assim como é preciso educar mais sabiamente nossas crianças, meninos e meninas, que deverão se amar e cuidar deste planeta. Vejo muita confusão na educação, parece que quando educam excluem o amor, e que quando amam não educam. Educar é saber dizer sim e não, o que não exclui disto o amor que é principio único (sem dualidade). Num sentido geral, antes era tudo proibido, agora é tudo permitido, é preciso equalizar! Criança quer saber até onde pode ir, e testa o limite dos pais para aprender os seus próprios.
Leia Yin – Yang: Compreendendo o real sentido vibratório da polaridade – Parte 1
Referências: A Arte da Aromaterapia, Robert Tisserand
O Ponto de Mutação, Fritjof Capra
I Ching – Um Novo Ponto de Vista, Ely Britto
* Milene Siqueira – aromaterapeuta inata, fala deste assunto com a naturalidade de um sábio. Criou a Arom’Arte, uma empresa que respira e transpira a aromaterapia, mas com o plus da beleza e o delicado de cada etiqueta, bula ou embalagem.
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