Albermari Sobreira *
Trabalhando com consultoria de amamentação, percebo a necessidade de mais orientação para as gestantes e puérperas (mulheres que se tornaram mães recentemente), sobre esse momento tão mágico e esperado que é a chegada do bebê. Elas deveriam ser preparadas durante a gestação para olhar a maternidade de uma maneira mais sublime e divinal.
Nenhum ser humano entra no mundo sem ser por meio de uma mulher. Esse é um dom que nos foi oferecido, uma dádiva de Deus! Dependendo da maneira que esse ser for recebido, tratado e amado, isso fará a diferença de como ele será no futuro.
A amamentação tem um papel fundamental na vida do bebê e da mãe, mas, infelizmente, não é valorizada na sua totalidade, o que deixa sempre muitos questionamentos e frustrações.
A mãe deveria receber seu bebê da maneira mais natural possível, exatamente como nossas bisavós recebiam seus filhos, lembrando que amamentar é um ato tão simples e orgânico como urinar, menstruar e até mesmo engravidar. Faz parte, é consequência de todo o processo. Amamentar é a continuidade da gestação.
Durante nove meses, o corpo da gestante se transforma sem ninguém interferir, e um bebê é gerado. Como uma mágica, a natureza, livre de qualquer intervenção, cria uma obra-prima que, depois de vir ao mundo, ainda precisa de retoques bem sutis. É por meio do leite materno que esses delicados ajustes serão feitos – também invisíveis aos olhos dos homens.
O leite materno é tão necessário ao bebê quanto o líquido amniótico foi durante a gestação. Tudo é preparado de forma sublime, mágica, instintiva e transparente. O parto não é o final do processo, mas uma parte dele. O bebê, ao nascer, ainda está em gestação. Dentro da mãe ele recebia, pelo cordão umbilical, sangue para toda a sua formação orgânica. Fora da mãe, ele continuará tendo que receber esse sangue para seu desenvolvimento motor, psicológico, emocional…
O leite materno é o sangue da mãe transformado em leite. Com essa visão, percebemos de forma lógica que não existe leite “fraco”. Essas mulheres precisam entender que a necessidade do bebê não é, apenas, de fome, mas sim de aconchego, de proteção e amor.
O bebê vem ao mundo com reservas nutricionais. A procura dele não é pelo peito em si, mas existe a necessidade de se religar com a mãe. Eles não entendem essa ruptura tão rápida e não conseguem fazer a relação de desligamento. O bebê se desliga do cordão umbilical e se reconecta no peito da mãe, que passa a ser o seu segundo útero.
O peito da mãe é sua nova casa, seu porto seguro e, quando ele está ali, é como se continuasse dentro dela. Muito lentamente, ele vai percebendo essa separação, que se dá nos primeiros meses, nunca nos primeiros dias.
A amamentação é o alicerce desse ser, é a base da sua estrutura. Cada vez que o bebê chora e a mãe o traz ao peito, é como colocar nele um tijolinho de amor, segurança, tranquilidade: é nutri-lo de todas as formas, de maneira plena e satisfatória.
O leite da mãe é a seiva divina que jorra do seu peito e chega para o bebê como a mais pura manifestação de amor. É a comunhão de duas almas que se encontram, se fortalecem, se alimentam e se ligam para sempre!
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Amamentação – ação mental de amar
* Albermari Sobreira – doula no Hospital Amparo Maternal e consultora de gestantes e amamentação.
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