Sementes da Gente

O que é uma Casa de Sementes?

A Casa de Sementes é um local apropriado para armazenar sementes, onde o agricultor e a agricultora tomam uma quantidade de sementes emprestado, com o compromisso de no próximo ano devolver uma quantidade maior do que a que pegou. A forma da devolução e a gestão da casa, são construídas pela própria comunidade através de um regimento interno.

Por que implementar uma Casa de Sementes? 

    • – Importante estratégia de combater as sementes híbridas e transgênicas e de conquista da segurança e soberania alimentar;
    • – Por ser um espaço privilegiado de aprendizado, desenvolvimento, capacidade de gestão,fortalecimento das relações, cooperação e solidariedade;
    • – Porque garante a autonomia do agricultor em relação às sementes e sua independência a este mercado;
    • – Garante que os agricultores tenham a semente na mão na hora certa de plantar;
    • – Facilita a conservação, preservação e armazenamento das sementes;
    • – Importante estratégia de massificar o uso das sementes crioulas e;
    • – Recuperação das espécies e saberes perdidos. 

Por que sementes crioulas?

O uso de sementes crioulas é uma forma de combater o atual modelo da agricultura moderna. Utilizar estas sementes é um reflexo do compromisso dos agricultores e agricultoras com a agroecologia, uma vez que elas são selecionadas localmente e adaptadas aos sistemas de cultivo, ao ambiente e às preferências culturais.

A agricultura “moderna” começa a partir década de 70, com o auge da Revolução Verde, quando as empresas multinacionais começam a se apropriar da geração, reprodução e distribuição de sementes. Assim, estas sementes se tornaram híbridas e transgênicas.

As multinacionais detêm o controle direto da oferta de sementes, adubos e venenos, isso determina a oferta de matérias primas para a agroindústria e o controle da oferta de produtos para o abastecimento alimentar. Isso possibilita que as grandes empresas determinem o tipo, o volume, a diversidade, a periodicidade e a qualidade dos alimentos que são oferecidos à população, já que elas compram a produção do pequeno agricultor, beneficiam e colocam no mercado.

A substituição das nossas sementes pelas híbridas e transgênicas tem gerado consequências drásticas de erosão genética e cultural e acelerado a deterioração das culturas agrícolas. Os agricultores e agricultoras foram forçados a abandonar o uso de técnicas de produção diversificadas. Eles tiveram que optar pela monocultura de base industrial e foram submetidos a produzir com uma tecnologia que agride a diversidade ambiental e cultural.

A tendência é consolidar um padrão universal de alimentação ou dos tipos de alimentos a serem ofertados aos consumidores na maioria dos países do mundo, independentemente de sua história, cultura e de seus hábitos alimentares. Esta tendência contribui para a exclusão social dos povos do campo. 

Outras estratégias para além da formação e da implementação das Casas de Sementes:

Ensaios: são feitos para identificar e selecionar variedades de sementes adapta­das às condições de solo e clima de uma região ou comunidade. Também para identificar quais sementes resistem ao ataque de pragas e doenças, ou seja, para verificar quais varie­dades têm a qualidade desejada pela comunidade.

Melhoramento genético: locais de produção de sementes, onde são trabalhadas características que interessam às comunidades com relação às variedades escolhidas por elas. O melhoramento é feito na própria roça ou em campos separados.

Campos de produção de sementes: local de produção das sementes melhoradas. São feitos em locais mais isolados para evitar a contaminação com outras variedades.

CONAB: a Companhia Nacional de Abastecimento do Brasil compra a semente do produtor a um preço de mercado e doa para sindicatos e associações, para que estes distribuam as sementes às comunidades.

Feiras de trocas de Sementes e festas da colheita: momentos para comemorar a colheita. Nestas celebrações, também existe um espaço de exposição e trocas de sementes entre os participantes.

Guardiões das sementes: agricultores e agricultoras que se destacam na preservação da agrobiodiversidade e serão responsáveis por proteger e zelar pelas variedades de sementes. Os guardiões são eleitos nas feiras regionais de trocas de sementes.

Como funciona o Programa de Apoio à Implementaçãde Casas de Sementes no Semiárido Mineiro?

Desde a década de 90, a Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais está na articulação da RIS (Rede de Intercâmbio de Sementes). Esta rede envolve os centros de tecnologias alternativas de Minas Gerais, os sindicatos e organizações em torno do resgate de sementes tradicionais, realizando cursos de formação dos agricultores e técnicos das instituições, implementações de ensaios estaduais e de campos de sementes.

Mais recentemente, a Cáritas vem executando o Programa de Apoio a Implementação de Casas de Sementes no Semiárido Mineiro, através de uma parceria com o Banco do Nordeste do Brasil. Este programa implementou 15 Casas de Sementes nas regiões de Vale do Jequitinhonha Norte de Minas. O programa também realiza uma oficina anual e seis microrregionais com as comunidades participantes, com os seguintes temas: implementação de ensaios e campos de sementes, melhoramento genético de sementes, gestãdas casas de sementes, nova legislação brasileira de sementes e mudas (Lei 10711/2003), comercialização de sementes através da CONAB (CompanhiaNacional de Abastecimento). Nestas oficinas, também são realizadas trocas de sementes e são eleitos os guardiões das sementes. 

Parabéns Cáritas !!!

3 de outubro de 2019

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