A nutritiva semente, cultivada há pouco tempo no Brasil, já tem uma variedade adaptada às condições de solo e clima brasileiro, ao bioma do cerrado!
Para todos que conhecem meu trabalho e o propósito de ECO-sustentabilidade do Doce Limão, condeno o consumo de alimentos importados de forma intensiva. E, esta é uma excelente notícia para quem ama a QUINOA…
Texto João Mathias
Consultor Wellington Pereira de Carvalho*
Na região dos Andes, local onde surgiu há milhares de anos, é chamado de quinua. Aqui, esse grão, dotado de muitas características benéficas à saúde humana, ganhou popularidade com o nome de quinoa. A planta foi introduzida no país na década de 1990, mas só recentemente tornou-se mais conhecido entre os brasileiros.
Espécie de granífera, a quinoa (Chenopodium quinoa) pertence à mesma família do espinafre e da beterraba, a Chenopodiacea. Por muito tempo, seu cultivo ficou restrito à agricultura de subsistência. Porém, com as descobertas de suas inúmeras propriedades nutricionais, o alimento indígena ganhou visibilidade. Fácil de plantar e com o apelo de produto saudável, essa cultura nova no cenário nacional pode se tornar uma alternativa rentável para o agricultor.
Rica em proteína, a quinoa tem boa distribuição de aminoácidos essenciais, que se assemelham à caseína – fração protéica do leite –, podendo, assim, incrementar a composição de mingaus para crianças. O cereal ainda adequa-se muito bem à dieta de pessoas interessadas em alimentos com alto valor nutritivo e baixo colesterol. Inclusive é indicado para pacientes celíacos – pessoas que são alérgicas ao glúten.
Semelhante ao espinafre, quando pequena, e ao sorgo, no período de maturação, a planta é anual, mas com ciclo variável. Tolerante à seca, à acidez do solo e a baixas temperaturas, seu crescimento acelera-se após os primeiros 30 dias de plantio, podendo chegar a dois metros de altura. Entre verde e rósea no início, a coloração passa para o amarelo na inflorescência. O plantio vai bem em locais com temperaturas elevadas.
O produto colhido são pequenas sementes achatadas e sem dormência. Elas são boas fontes de vitamina B e E, e possuem amido, além de conter alta dose de ferro – o dobro da encontrada na cevada e no trigo, e três vezes mais do que no arroz.
A quinoa vai bem cozida, em saladas, sopas e molhos. Derivada do grão, a farinha pode ser usada na alimentação infantil e como ingrediente para pudins, pães, panquecas, biscoitos e até bebidas. Os botões florais, parecidos com brócolis, podem ser consumidos cozidos.
As folhas também são comestíveis, mas sempre misturadas com outras plantas ou em cozidos, para diluir a quantidade de nitrato, prejudicial ao organismo quando em alta dosagem. Para os animais, as folhas da quinoa são muito boas para compor a dieta com forragens, pois carregam bastante proteína, fibras, minerais e vitaminas.
Para iniciar um pequeno canteiro, solicite sua amostra pelo tel.
(61) 3388-9835, ou pelo e-mail: [email protected]
Raio X – Para quem deseja plantá-la
SOLO: evite solos rasos, com possibilidade de encharcamento e elevado índice de acidez
CLIMA: adaptou-se bem sob temperaturas entre 20 e 28 graus, na região do cerrado
ÁREA MÍNIMA: pode começar por um canteiro
COLHEITA: quando as sementes apresentarem nível de umidade de 20%
SEMENTES: a Embrapa fornece amostra grátis para multiplicação
Mãos à obra
INÍCIO – como é uma cultura nova, recomenda-se começar com poucas sementes, para depois multiplicar. A Embrapa fornece via correio amostras grátis da BRS piabiru, cultivar adaptada às condições de solo e clima brasileiro. Ela tem ciclo longo e pode ser semeada em qualquer época do ano. Variedades de ciclos entre precoce e médio estão em fase de desenvolvimento.
Cuidado – No varejo, podem ser encontrados materiais importados dos Andes, portanto, adequados a regiões de altitude elevada. Nada que ver com o nível do mar, clima tropical…
PLANTIO – as semeaduras de safrinha e de entressafra (inverno, sob irrigação) são melhores para a produção de grãos, enquanto para forragem pode chegar até a estação das chuvas. O plantio pode ser feito tanto na superfície quanto, no máximo, com dois centímetros de profundidade, numa densidade de 40 a 50 sementes por metro.
ADUBAÇÃO – na semeadura, a indicação por hectare é de 100 quilos de fósforo, 100 de potássio e mais 30 quilos de nitrogênio. Quarenta e cinco dias após a brotação, adicione outros 30 quilos de nitrogênio. A quinoa pode também aproveitar o resíduo de nutrientes de cultivos de soja ou de milho.
ESPAÇAMENTO – entre fileiras, recomenda- se distâncias de 20 a 40 centímetros. Quanto menor a distância entre linhas, mais rápida a cobertura do terreno e maior o rendimento. Plantada no final de novembro, o desenvolvimento ocorrerá entre o fim de março e abril, período de menor incidência de chuva. Do início da brotação, até a maturação dos grãos, levam-se 145 dias.
CUIDADOS – plantas daninhas de folha estreita e gramíneas são as principais pragas que atacam a plantação. Para combatê-las, recomendam-se herbicidas com princípios ativos alachlor, na dose de 1,14 quilo por hectare; ou setoxydin, a 0,43 litro por hectare. Formigas saúva e desfolhadores podem prejudicar o cultivo do grão, assim como as doenças de míldio e cercosporiose.
UMIDADE – perto do período de colheita, acompanhe as condições das sementes. Elas estarão prontas se apresentarem 20% ou menos de umidade, nível permitido para armazenagem de longo prazo. Debulhe as sementes manualmente para avaliar. Se, ao friccioná-las, não se desprenderem facilmente, é preciso mais tempo de cultivo. Caso contrário, espere algumas horas depois do sol nascer para iniciar a colheita.
PRODUÇÃO – há várias finalidades ao seu cultivo, como uso de matéria-prima à produção de alimentos enriquecidos e livres de colesterol para consumo próprio, ao processamento industrial em pequena escala pela comunidade, ou fornecimento de grandes volumes para empresas de alimentos.
* Wellington Pereira de Carvalho é pesquisador da Embrapa Cerrados, BR-020, km 18, Rodovia Brasília-Fortaleza, CEP 73301-970, tel. (61) 3388-9906, [email protected]
Acesse a comunicação científica (em pdf) sobre COMO PLANTAR QUINOA no cerrado brasileiro AQUI
2 respostas em "QUINOA adaptada ao CERRADO BRASILEIRO"
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Oi Conceição!
Já vi bastante coisa com o uso da quinua; tem receitas no site com o uso do sorgo? O que pode-se fazer com ele além do rejuvelac?
Obrigada!
Helen
Olá Helen!
Não temos receitas com sorgo…