A Doença é um Mestre – Parte 3

Conceição Trucom 

A repressão está acontecendo. Para ser amado, produtivo e invejável preciso seguir os modelos e condicionamentos do mundo. Não penso, não paro para refletir e escutar meu coração, e vou em frente.

Mas, lá no fundo, sinto raiva, medo e culpa. Tudo isso me intoxica e vem a dificuldade de pensar e discernir. O que fazer? Não posso mudar isso, não sobreviverei se não for amado, se for rejeitado, se decepcionar. O instinto de preservação prevalece. Não faço o que realmente desejo.

Me “sedo” com o que primeiro vier nesta confusa cabeça: comer, beber, conversar, me esquecer de mim, evitar ficar comigo (sozinho ou lúcido).

Então, rapidamente vem a sensação de cansaço e falta de vitalidade. Vem a frustração, depressão, sensibilidade à flor da pele, choro, desespero, falta de ânimo, mau humor e ansiedade.

Mas, cada um reage de um jeito. A pessoa mais guerreira irá esconder-se na sua ação incessante. A pessoa mais sensível irá fragilizar-se, compensando em outras fontes de “nutrição” e levará um bom tempo para ‘re-agir’. Enfim, sempre optamos igual: nos distanciar (sedar) cada vez mais da origem.

Perceba que tudo o que foi gerado neste processo é venenoso. Os pensamentos, as emoções e os sentimentos não foram amorosos, mas sofridos, ‘in-sanos’.

As formas de compensação também são “drogas” ao serem usadas como um “ópio” para sedar a dor, o vazio e a subnutrição da Alma.

Para sair deste círculo vicioso e discernir o que é “sano” há que se fazer uma faxina. Desintoxicar-se.

Precisamos dos nossos 5 sistemas excretores a pleno vapor para nos ajudar. Mas, sem consciência, acordamos e imediatamente tomamos um estimulante qualquer – café, chá, álcool, fumo ou comida.

Desta forma, todos os sintomas descritos acima, que correspondem à sobrecarga nos órgãos de eliminação e a um início de intoxicação geral, desaparecem em alguns instantes.

Todos os estimulantes – ou o simples fato de comer – bloqueiam os mecanismos de eliminação (desintoxicação ou purificação). A sensação de “prazer” é imediata, mas para complicar, as funções excretoras são interrompidas antes que sua tarefa cotidiana tenha sido finalizada. Desta forma, as toxinas não eliminadas – ou precariamente eliminadas – serão reabsorvidas, acumulando-se, dia após dia.

Quando um sistema excretor está sobrecarregado, o corpo cria um recurso de compensação, aumentando a mobilização via outros sistemas excretores.

Este mecanismo funciona bem se for por um breve período ou esporadicamente. Mas quando acontece com freqüência, este recurso entrará em “alerta” avisando o “proprietário” do corpo, através de sintomas cada vez mais intensos que algo não está bem. Entretanto, se os avisos ficam sem resposta, crises de eliminação irão surgir em diferentes níveis de gravidade.

A maior parte das inflamações e infecções são esforços do organismo para se livrar das substâncias nocivas que se depositam nas suas células e nos espaços intercelulares.

Alergias, intoxicações, fungos, vírus e bactérias não são agressores externos que atacam o organismo “por acaso”. Seu papel é super útil, desde que os mecanismos de auto-defesa do corpo estejam prontos para bloquear e controlar a sua ação.

Entretanto, a maior parte dos tratamentos realizados somente pelos sintomas de doenças agudas, bloqueiam os mecanismos de eliminação, proporcionando um bem estar imediato, mas sem assegurar uma cura verdadeira. Ou seja, a causa da doença fica abafada por terapias supressivas, criando ainda outros fenômenos aos quais chamamos de efeitos colaterais. Neste caso, a causa não é atacada, o organismo fica mais intoxicado e mais enfraquecido. O corpo físico não consegue mais se recuperar por crises de eliminação e aparecem as doenças crônicas.

Mas, ainda num esforço de absoluta inteligência divina, o organismo trata de confinar as toxinas a locais delimitados (como os abscessos de fixação, os tumores e cistos) ou para manter abertas algumas válvulas de segurança para a eliminação (como as úlceras que não cicatrizam). Sem dúvida, Deus é perfeito. Nós é que complicamos.

Então, que tal começarmos a ser cúmplices do nosso corpo e dialogarmos com ele diariamente? Permitirmos um banho interno diário, que limpa todas as toxinas de todas as partes dele?

Todas as culturas antigas e orientais valorizavam estes rituais de limpeza e desintoxicação para poder intensificar os trabalhos de evolução, de purificação, o alinhamento com as frequências de sanidade e lucidez.

Para estas mesmas culturas, quando alguém é acometido de algum mal ou doença, a pessoa se sente grata, pois as manifestações físicas lembram que é um momento especial para a realização de uma introspecção e auto-análise. É hora de saber se o que está acontecendo tem origem psicológica, emocional ou física (ou todas) e desfazer este padrão.

Trata-se de um momento de reflexão: parar, pensar e repensar a vida. Devemos ser gratos a tudo, inclusive àquela parte do corpo que está se sacrificando para ‘ANUNCIAR’: existe um freio, uma miséria, um adormecimento, um excesso, …

O trabalho com a desintoxicação é muito simples, o difícil é despertarmos para a responsabilidade consciente de que devemos deixar sair TUDO o que nos impede de crescer. Para tanto, a doença é um grande mestre.

Leia: A Doença é um Mestre – Parte 1

A Doença é um Mestre – Parte 2

A Doença é um Mestre – Parte 4

Conceição Trucom 

Os sintomas são um espelho da Alma

Uma doença é uma trama simbólica, onde os sintomas mostram o que não vai bem na alma do paciente.

Sei! Essa visão é cruel, pois o doente tem nos seus sintomas uma salvaguarda para se justificar e obter a compaixão de si mesmo e dos demais. No entanto, cada sintoma busca mostrar que no interior da pessoa algo não está bem.

Espelham aquilo que não pode ser expresso, entendido, escutado, sentido, mas usando então outra linguagem do Ser: o sintoma, a dor, a paralização, etc. Por esta abordagem, todos os males são psicossomáticos – desde uma espinha na face ao câncer de pele.

No corpo, cada órgão ou víscera tem funções específicas (física e metafísica), que fazem parte de um todo integrado. Quando surge uma desarmonia contínua (física, emocional, psicológica ou espiritual), inevitavelmente, um ou mais órgãos encontram dificuldades para seu perfeito desempenho, surgem os sintomas, trazendo mensagens internas, revelando suas necessidades imediatas. E, este revelar vem numa linguagem corporal, física.

Uma vermelhidão na pele pode estar indicando a impaciência contra os limites naturais da vida (vermelho = conflito, pele = limites), no entanto, enquanto o indivíduo continuar emocionalmente doente sua pele continuará avermelhada.

Esta alergia poderá ser debelada com medicamentos, mas não será curada verdadeiramente. Se a pessoa continuar em turbulência, com sua expressão bloqueada, outros sintomas virão para simbolizar aquela impaciência para com os limites.

O Ser humano é perfeito na sua essência. A experiência evolutiva a ser vivida não precisa necessariamente ser através da doença. Mas, estamos todos aqui na Terra para viver uma experiência de Acordar para o Amor.

Deus tenta o tempo todo nos despertar pelo, e para, o Amor. Mas, como seres humanos, cheios de inconsciências, nos mantemos adormecidos, com cegueiras, problemas para sentir, escutar e adiamos este imprescindível despertar.

Importante lembrar: nós não SOMOS IMPERFEITOS, nós ESTAMOS imperfeitos, densos, viciados, sedados, polarizados e doentes.

Intoxicados pela poluição do mundo moderno, por hábitos, modelos, condicionamentos e a ilusão de que eles são verdadeiros. Em todas as extensões. Precisamos nos voltar para dentro, dialogar com o corpo, que é uma representação física de todo o Ser, e descobrir o que ele está querendo nos comunicar.

Ironicamente, o único propósito da doença é nos avisar. Como uma amiga sincera, ela tem por objetivo purificar e unificar todos os corpos, não se intimidando em apontar os nossos desvios. Mas na visão in-sana do Homem, a doença é uma inimiga que, sem mais delongas, deve ser rapidamente eliminada.

Mas, como entender o significados destes sintomas? Como entender a linguagem do nosso corpo?

Garanto a você que para o intoxicado fica difícil ter lucidez e dialogar com o corpo e a Alma. Em algum momento temos que interferir neste círculo vicioso:

    • Estou doente porque estou intoxicado ou;
    • Estou tão intoxicado que não sei como achar o caminho da cura.

A Interpretação Metafísica

Maldizer a doença e correr para suprimir os sintomas através de algum tratamento meramente alopático, jamais poderá resultar em cura verdadeira. Os sintomas irão voltar. Muitas vezes de forma ainda mais cruel e dolorosa, como se fossem aumentando o volume da advertência.

Segundo Thorwald Dethlefsen, no seu livro “A Doença Como Caminho”, existem sete níveis crescentes de manifestação dos sintomas. Quanto maior a resistência ao autoconhecimento, maior a pressão exercida e a intensidade dos sintomas.

    • Primeiro vem a expressão psíquica com as idéias, desejos e fantasias. São as expectativas, crenças e os “pré-conceitos”.
    • Segundo vem o sintoma com distúrbios funcionais. Este nível de sintoma deveria tornar a pessoa honesta para consigo e para para refletir: algo não está bem! O que isto revela?
    • Terceiro: o sistema imunológico fica em fragilizado e começam as inflamações ou os distúrbios físicos agudos. Exemplos: faringite, gripes e resfriados, herpes, furúnculos, otite, rinite, hepatite ou gastrite. Como também ferimentos e pequenos acidentes.
    • Quarto: a dificuldade de comunicação se mantém e os distúrbios se tornam crônicos. Exemplos: micose, artrose e osteoporose.
    • Quinto: a dificuldade de comunicação com a vida se manifesta via processos incuráveis como a modificação de órgãos (diabetes), câncer, aids, etc.
    • Sexto: morte, que pode ocorrer após passagem por todas as etapas anteriores ou por um acidente.
    • Sétimo: deformações congênitas e perturbações de nascença. Trata-se de uma história que vem de outra vida ou um carma familiar.

É interessante notar que, antes que um sintoma se manifeste no corpo físico, ele se apresenta na psique como um tema, idéia, desejo ou fantasia. Isso nos mostra como a negação dos anseios pode levar à manifestação física desta repressão.

Qual repressão? Aquela provocada pelos modelos e condicionamentos familiares, sociais e culturais. Tais modelos nos afastam da nossa essência (natureza) e ainda nos fazem sentir culpados por não conseguirmos ser aquilo que eles estabelecem como “normal”.

Enquanto não se acessar verdadeiramente a doença da Alma, causada por este “afastamento e culpa”, os sintomas voltarão de diversas formas, algumas bastante criativas.

Não será de muita valia culpar um vírus ou um grupo de células que, a despeito do previsto, resolvem rebelar-se e passam a se reproduzir por conta própria, gerando um tumor.

Mas, será de total valia buscar a lucidez e o autoconhecimento, de tal forma que os sintomas não passem do nível 1 ou 2, quando a pressão e a severidade do aviso ainda é facilmente contornável.

Neste sentido, a Alimentação Desintoxicante passa a ser “A” grande aliada.

Leia: A Doença é um Mestre – Parte 1

A Doença é um Mestre – Parte 3

A Doença é um Mestre – Parte 4

Inimigos ocultos – Um poema às doenças

24 de setembro de 2019

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