Conceição Trucom
A castanha-do-Pará, ou castanha-do-Brasil é a semente da castanheira-do-Pará (Bertholletia excelsa) uma árvore da família botânica Lecythidaceae, nativa da Floresta Amazônica. Ela ocorre em árvores espalhadas às margens do Rio Amazonas, Rio Negro, Rio Orinoco, Rio Araguaia e Rio Tocantins.
Embora tenha nomes tipicamente brasileiros, sendo chamada no exterior de “Brazil nut”, ela está presente nas Guianas, Venezuela, Brasil, leste da Colômbia, leste do Peru e leste da Bolívia.
Para muitos, a castanha-do-Pará é considerada uma castanha, no entanto, para os especialistas, ela é uma semente, porque as castanhas são formadas por polpa branca e saborosa revestida por uma casca fina e brilhante, que não é o caso.
Ao contrário, seu fruto é um pixídio lenhoso, globoso, com tamanho variável que recebe o nome de “ouriço”. As sementes ou “castanhas” são de forma angulosa, tendo no seu interior a “amêndoa”, de alto valor econômico e nutricional.
O “ouriço” permanece na árvore por 15 meses, quando chega a pesar cerca de 1,5 Kg. Ao amadurecer, despenca do alto da castanheira, uma das maiores árvores da Amazônia, que chega a atingir entre 30 e 45 metros de altura.
O maior produtor e exportador mundial da castanha-do-Pará é a Bolívia, respondendo por cerca de 50% de toda a produção. O Brasil é o segundo maior produtor, que responde por aproximadamente 40% da produção mundial.
Na Saúde
Seu valor biológico é grande para fins alimentícios, pois contém em torno de 17% de proteína – cerca de cinco vezes o conteúdo protéico do leite bovino in natura. Fator importante, também, é que a proteína desta semente possui os aminoácidos essenciais ao ser humano. Seu teor de gordura é extremamente elevado, em torno de 67%, com somente 7% de carboidrato (fibras), além das vitaminas A, C, B1, B2 e B5. Rica em fósforo e cálcio, é o alimento do planeta mais rico em selênio.
Alguns estudos mostraram que essa oleaginosa ajuda a prevenir câncer, esclerose múltipla e mal de Alzheimer. Sua fração oleosa é rica em ácidos graxos monoinsaturadas (48%) sendo indicada na prevenção de doenças cardiovasculares, controles glicêmicos e de peso.
Fonte riquíssima de selênio, a castanha-do-Pará cuida da força do sistema imunológico, ou seja, na prevenção do câncer, ajuda no equilíbrio do hormônio ativo da tireóide e age como antioxidante, protegendo o organismo contra os danos provocados pelos radicais livres. Uma única castanha contém a quantidade diária de selênio necessária para um adulto (55 microgramas).
A castanha-do-Pará é indispensável aos desnutridos, anêmicos, desmineralizados, com problemas mentais e tuberculosos. É um alimento que não deve faltar na alimentação das crianças, gestantes e lactantes.
A excelsina, a proteína da castanha-do-Pará, é de alto valor biológico por ser reconhecida como completa, ou seja, contêm todos os aminoácidos essenciais, indispensáveis à manutenção da vida e ao crescimento. Para termos uma idéia mais exata do valor protéico da castanha-do-Pará, basta lembrarmos que um renomado nutrólogo a chamou de “carne vegetal”. O índice de crescimento resultante do uso desta castanha muito se assemelha ao do leite.
Graças ao seu elevado teor de fósforo e selênio, seu consumo é muito adequado aos que exercem atividades intelectuais.
Por não ser de muito fácil digestão, aconselha-se mastigar muito bem a castanha-do-Pará e não exagerar na dose – 1 a 2 unidades por dia.
No Brasil
A castanha do Brasil, também denominada castanha-do-pará, ocorre nos Estados brasileiros do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, e Rondônia, bem como em boa parte do Maranhão, Tocantins e do Mato Grosso.
É uma espécie encontrada principalmente em solos pobres, bem estruturados e drenados, argilosos ou argilo-arenosos, sendo que sua maior ocorrência é nos solos de textura média a pesada. Não é encontrada em áreas com drenagem deficiente nem em solos excessivamente compactados, desenvolvendo-se bem em terras firmes e altas. Vegeta naturalmente em clima quente e úmido. Ocorre em áreas onde a precipitação média varia de 1400 a 2800 mm/ano, e onde existe um déficit de balanço de água por 2-5 meses.
Aplicações
a) “ouriços” – como combustível ou na confecção de objetos;
b) semente ou “castanha” – alimento rico em proteínas, lipídios, fibras, minerais e vitaminas;
c) óleo prensado a frio – pode ser consumido como suplemento alimentar ou na cosmética natural;
d) farelo – do resíduo da extração do óleo é obtida uma torta ou farelo usada como misturas em farinhas ou rações;
e) “leite” de castanha” – de grande valor na culinária regional que também pode ser consumido como suplemento alimentar e;
f) “castanha ralada” – como substituta do queijo parmesão ralado em pratos da alimentação natural.
As sementes podem ser consumidas in natura ou torradas, além de serem empregadas na fabricação de farinhas, doces e sorvetes. O óleo extraído da castanha-do-Pará também pode ser utilizado na indústria de cosméticos e na fabricação de tintas.
Os principais consumidores de castanha-do-Pará são os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Itália, principalmente. Infelizmente, o mercado doméstico é um percentual muito pequeno do mercado consumidor total influenciado pela: baixa informação, pelos preços internacionais e os níveis de renda local.
Na Ecologia
No que se refere à produção de frutos, a castanha-do-Pará tem importância social muito grande na região amazônica, já que a quase totalidade da produção é exportada, principalmente para Estados Unidos e Europa.
O consumo da castanha-do-Pará pode estar diretamente ligado com a preservação da Floresta Amazônica e a fixação na terra das famílias da região que trabalham na extração da castanha. Para se ter uma idéia, um castanheiro (pessoa que faz a extração da castanha) chega a controlar uma área com cerca de 1.000 hectares de floresta primária. Essas áreas permanecerão protegidas enquanto houver a atividade de extração da castanha-do-Pará.
Entretanto, milhares de castanheiras vêm sendo derrubadas para a exploração da sua madeira, que é extremamente valiosa, para nesta área desenvolver a atividade da pecuária que é absolutamente antiecológica.
A castanha-do-Pará é uma espécie com potencial silvicultural, uma excelente opção para o reflorestamento de áreas degradadas de pastagens ou de cultivos anuais, ao lado de outras espécies florestais. Hoje em dia, a exploração de exemplares nativos é proibida pelo Decreto n° 1282, de 19/10/1994 que não impede seu plantio com a finalidade de reflorestamento (plantios puros e sistemas consorciados).
Nota: a castanha do pará costuma ser extraída do “ouriço” com processo térmico, quando então não pode ser considerada alimento cru e vivo, germinável. Motivo pelo qual não aparece em muitas receitas da alimentação viva. Mas, pense bem: o que é mais danoso? Uma maionese com leite e ovos ou de castanha do pará crua pré-hidratada por 4 horas? Ou um docinho com leite condensado e gordura hidrogenada ou um feito com castanha do pará crua e uva passa? Sem fogão nem açúcar???
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