A Doença é um Mestre – Parte 4

Conceição Trucom 

Esta sequência de textos (escritos em 2007) levanta a questão da necessidade que temos de aceitar dialogar com o corpo físico quando em dificuldades por uma doença ou dor, e tratar de entendê-las como um Mestre. Um corpo que sente e nos fala, sempre determinado em ser um instrumento para nos fazer crescer. Não precisamos ficar doentes, mas é através da doença que o corpo clama pela transformação de atitudes destrutivas e crenças do mundo da ilusão.

Muitas pessoas me escrevem perguntando como fazer para se “livrar” de determinada doença ou dor. Eu não tenho esta resposta. E este é um ponto importante: com que consciência lidamos com as mensagens que os sintomas e doenças nos trazem?

Não podemos nos “livrar” da doença. Precisamos entendê-la para construir transformações internas e uma possível cura. Precisamos nos aliar ao nosso corpo e “escutar” toda a sua comunicação, jamais emudecê-lo. Esse diálogo com o Mestre é um processo 100% individual.

Quanto mais temos raiva ou desidentificação para com a doença, mais difícil será revertê-la.

Diante da doença não podemos seguir tapando o sol com a peneira. Não podemos transferir o poder de transformações, despertar e cura para alguém ou remédios. Precisamos decidir ser cúmplice, amigo do nosso corpo físico, jamais rebeldes ou displicentes.

Muitas vezes a cura física pode não ser 100% possível, mas a transformação sempre representará a cura emocional/espiritual. O estado de paz e aceitação é na verdade a grande cura.

Muitas pessoas querem rapidamente entender o significado de sua doença, que muitas vezes foi cristalizada ao longo de vários anos de pouca identidade com seu processo de evolução e crescimento. E aí, impotente e vulnerável diante da doença, quer encontrar rapidamente uma fórmula para se “livrar” da doença e dor.

Não penso que seja uma questão matemática do tempo (anos construindo a doença = anos para a cura), mas tenho a certeza que as respostas a este Mestre que é a doença, têm que ser encontradas pelo próprio dono do corpo.

Sempre podemos e devemos procurar esclarecimento lendo livros de metafísica da saúde, praticar uma alimentação amorosa e purgadora como a desintoxicante, fazer uso de algumas terapias alternativas e buscar a orientação com profissionais competentes. Todos são ferramentas, que integradas, podem acelerar o entendimento das mensagens deste Mestre, viabilizando o resgate da harmonia essencial.

Mas a resposta e a necessidade de transformação tem que vir necessariamente da própria pessoa.

Isto é inevitável, trata-se de uma alma que não suporta mais os entulhos emocionais, traumas, repressões e opressões, mostrando que algo está errado através de uma doença. É o indicativo de que internamente o estresse emocional (e/ou psicológico, e/ou espiritual) já chegou ao limite e agora ele passa a ser físico.

As respostas são 100% internas e pessoais. Individuais.

Alguém até poderá sugerir a causa, ajudar o doente a encontrar o caminho para a cura dentro de si. Poderá ser uma forma de resolver seus desafios mais rapidamente. Um chacoalhar mais efetivo, mais no momento certo. Mas, somente o dono do corpo tem a plena condição de aceitar, compreender e agir.

Existem pessoas que concordam, reconhecem a dificuldade, mas não agem. Outras que agem mas não conseguem ser determinadas, disciplinadas. Não funciona.

Existem pessoas que não conseguem introjetar (compreender, aceitar, concordar) o diagnóstico. Às vezes por medo, falta de fé ou força de vontade, falta de acreditar em si mesma, radicalismos em idéias, preconceitos e conceitos. A doença passa a ser um ópio para esquecer quem somos, esquecer de nós mesmos e agir fugindo das verdades internas.

Ser um ator externamente é muito fácil, todos nós o somos em nossas vidas, mas o difícil é sermos por dentro. Não conseguimos enganar nossa alma, nosso Ser!

A proposta da Alimentação Desintoxicante é limpar este corpo em dificuldades físicas e de diálogo, para que, com lucidez cada vez maior e frequente, mais sutil, menos denso, consigamos fazer esta busca interna de verdades e respostas.

A desintoxicação não dá a resposta, mas limpa as vias de acesso às células, órgãos e sistemas. Aumenta a capacidade de receber de forma mais límpida as respostas, os acessos aos melhores caminhos da transformação e cura.

A Alimentação Desintoxicante é uma proposta de um “banho interno diário”, tipo água mole em pedra dura, onde temos a possibilidade de deixar sair tudo o que nos aprisiona e envenena, que nos cega para as oportunidades de crescer e buscar pela alegria de viver, de estar vivo, de estar num corpo físico em harmonia.

A Alimentação Desintoxicante não traz necessariamente a cura, mas a viabiliza.

Encerro esta sequência de textos pedindo que todos nós, doentes ou não, sejamos cúmplices deste nosso instrumento de presença na terra. Esta é uma experiência mágica que precisa ser encarada com alegria e prazer.

E finalmente: nós não somos este corpo, nós estamos este corpo!

Leia: A Doença é um Mestre – Parte 1

A Doença é um Mestre – Parte 2

A Doença é um Mestre – Parte 3

Inimigos ocultos – Um poema às doenças

24 de setembro de 2019

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