A Maternidade

Albermari Sobreira *

Antigamente, ter um filho era algo instintivo e humano. Com o passar dos tempos, tudo foi mudando e, hoje, os bebês parecem até que são industrializados.

A maternidade está se tornando uma materialidade. Trocamos o parto natural pela cesárea, com a desculpa de que é mais segura e menos dolorida. A amamentação é rapidamente substituída pela mamadeira, com a justificativa que sustenta mais e é mais prática. Sem falar da chupeta, que acreditam ser um calmante para os desconfortos do recém-nascido.

Recebemos o bebê e escolhemos os acessórios que melhor combinam com ele. Até mesmo as bonecas, hoje em dia, já vem com chupeta e mamadeira, induzindo as meninas, desde pequenas, a esses novos padrões da modernidade.

As mulheres, ao engravidar, deveriam aproveitar cada instante desse período se deliciando com as mudanças que, sutilmente, começam a aparecer, além de perceber como a natureza é sábia, perfeita e misteriosa.

Assim como a jardineira lança sementes na terra lavrada e, a cada dia, observa a beleza das flores que desabrocham, perfumam e embelezam seu jardim, a mulher também deve perceber sua linda metamorfose, tão natural como a da borboleta que habita no casulo, tecendo os fios de uma nova existência.

A gestante está no seu período mais sublime, ligada ao Criador, trazendo dos céus mais uma obra-prima. E é com esse olhar divino que ela deve receber seu filho. Seu coração, que agora deixa de bater dentro, pulsa aqui fora.

Fala-se da humanização do parto e da campanha de aleitamento como se isso tudo estivesse muito distante de nós. Isso está dentro de nós, faz parte, é algo perene e imutável. Estamos tentando resgatar aquilo que sempre tivemos.

Não é só o clima, as florestas, os animais que choram e clamam por piedade. Nossos bebês também precisam de mais respeito e compreensão. Atenção! Eles precisam chegar ao mundo com tranquilidade, na hora certa, pois uma fruta só cai da árvore quando está pronta. Antes disso, ele quebra uma fase, ele muda seu curso natural de ser.

Ao nascer, o bebê deve ser levado, se possível, imediatamente ao peito da mãe, pois, dessa forma, ele não só aciona o seu reflexo de sucção de maneira adequada e no tempo certo, como ameniza todo o seu desconforto nesse brusco desligamento. Esse chegar!

Nos primeiros dias do recém-nascido, ele deve estar ligado a sua mãe como um canguruzinho, pois ele não entende essa separação, sente falta do ritmo cardíaco tão familiar e contínuo, do cheiro e da voz que sempre se fez presente no seu mundinho. Para ele nada mudou. Para a mamãe só mudou o lado. Antes ele estava dentro e agora está fora.

O colostro e o leite materno passam a ser não apenas o alimento, mas a seiva celestial que irá nutrir todas as células do bebê, preenchendo de amor todo o seu corpo, seu físico e, principalmente, seu espírito.

Com essa visão, todas as inseguranças da mamãe, são transformadas na certeza da real importância que temos para nossos filhos. Somos únicas e fundamentais, trazemos conosco a força, a fé e as sementes para um mundo melhor!

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* Albermari Sobreira – doula no Hospital Amparo Maternal e consultora de gestantes  e amamentação.

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações, citada a autoria e a fonte www.docelimao.com.br

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