A Soja orgânica

Conceição Trucom

É fato reconhecido que a escolha da variedade da soja para o cultivo em larga escala não tem ainda como objetivo principal, à exceção do óleo de soja, o consumo humano.

Infelizmente, o foco deste tipo de cultura ainda é a produtividade (ton/hectare), a obtenção do óleo (teor de óleo/ton) e do farelo de soja (teor de farelo/ton), com quase sua totalidade direcionada para a ração animal.

Entretanto, nos países asiáticos como China e Japão, que são consumidores tradicionais dos produtos à base de soja, as variedades cultivadas para consumo humano recebem maior atenção. Mas este ponto de vista já pode ser considerado como uma tendência mundial, porque em países como os EUA e os da comunidade européia, já existem números expressivos, sobre o uso da soja no preparo doméstico e industrial de pães, farinhas, sorvetes, hambúrgueres, massas, leite, iogurte, queijos e fermentados.

No Brasil uma demanda discreta já começa a existir, mas a oferta destes produtos ainda é reduzida e só são encontrados em algumas lojas de produtos naturais dos grandes centros urbanos.

A conclusão óbvia é que o cultivo de soja para este mercado é uma alternativa interessante para pequenos produtores, talvez visionários. Porque plantar cultivares que primam por características ideais ao consumo humano é um agro-negócio que tem tudo para ser próspero. E, especialistas no assunto e produtores de derivados da soja estimam que o consumo de produtos à base de soja para uso alimentício deverá crescer cerca de 300% nos próximos cinco anos.

No livro – SOJA Nutrição & Saúde – Conceição Trucom – editora Alaúde, estão expostos, com muita objetividade, os motivos para que isso aconteça, que é o consumo consciente deste alimento verdadeiramente funcional. Alimentos funcionais são aqueles que previnem deficiências imunológicas, assim como doenças crônicas e degenerativas, quando aliados a uma vida saudável, promovendo longevidade e qualidade de vida.

O ponto-chave é ingerir suficiente soja de maneira regular. Este é um aspecto cultural que nos diferencia dos orientais, pois na dieta brasileira praticamente não há consumo de soja e derivados.

O primeiro passo é buscar variedades de soja que passaram por melhoramento genético, otimizando suas propriedades terapêuticas, como elevado teor de proteínas, de isoflavonas ou de ácido oléico, ou então melhor sabor e aproveitamento protéico.

Tal produção pode ser realizada por cultivo convencional ou então seguindo as normas da cultura orgânica, que exige certificação por um órgão reconhecido.

A produção orgânica, no Brasil, vem crescendo progressivamente na última década, ajudando na preservação do meio ambiente e incentivando o consumo de alimentos cultivados sob condições menos agressivas a todos, sendo a principal delas a ausência do uso de agrotóxicos em todas as etapas do processo. Saiba mais sobre a cultura orgânica no site da Associação de Agricultura Orgânica: www.aao.org.br

Atualmente, diversos estados do país já produzem a soja orgânica, como o Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. Segundo as estimativas dos especialistas, os agricultores brasileiros devem acumular um total de 30.000 ton de soja orgânica em 2005.

Lamentavelmente, o Brasil ainda não tem tradição de consumir a soja orgânica, e nem mesmo a soja convencional, motivo pelo qual praticamente toda a produção brasileira de soja orgânica é exportada, principalmente para a Europa e para os EUA. E, desde 1994, a demanda tem aumentado 20% ao ano, o que mantém o mercado aquecido.

1 de outubro de 2019

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