Por Samira Menezes e receitas Conceição Trucom
Alimento comum de índios norte-americanos, a abóbora ganhou fama ao redor do mundo por seu sabor adocicado, por sua versatilidade e pelas propriedades medicinais
NOMES
No Brasil são conhecidas como jerimum ou abóbora. Calabaza ou zapallo em Espanhol. Pumpkin ou squasne em inglês. A nomenclatura, na verdade, é o que menos importa. Afinal, a maioria reconhece de longe o fruto da aboboreira e sabe (ou vai ficar sabendo agora) que dele pode-se aproveitar tudo – da casca à semente – para preparar pratos doces ou salgados. Apesar de ser um alimento originário das Américas, receitas com azucca italiana é o que não falta. Assim como com a kúrbisse alemã ou com a gourde francesa. Na ciência, a planta da família Cucurbitaceae pode ser chamada de Cucurbita moschata, de Cucurbita máxima ou de Cucurbita pepo – espécies mais conhecidas
Segundo pesquisadores de universidades norte-americanas, como a de Illinois e Minnesota, a palavra pumpkin é originária da palavra grega pepõn, que significa melão grande. Não por acaso. De acordo com a Embrapa, a espécie da abóbora (Cucurbitaceae) é enorme: compreende 118 gêneros e 825 espécies, sendo que aproximadamente 30 dessas são utilizadas para fins econômicos, como a melancia, o melão e o pepino.
ORIGEM
A pesquisadora Rita Laws, da Universidade de Minnesota, nos EUA, é descendente dos índios norte-americanos conhecidos como Choctaws. Em seu texto, Nativos Americanos e Vegetarianismo, ela afirma que a abóbora era um alimento muito utilizado pelos seus ancestrais. “Um manuscrito francês do século 18 descreve os Choctaws com tendências ao vegetarianismo. Um ensopado de abóbora com milho e feijão servido em um pote de barro era a principal refeição consumida diariamente.” Mas muito antes dos europeus observarem os hábitos alimentares dos índios americanos e introduzirem alguns alimentos (a abóbora foi um deles) em sua alimentação, o popular jerimum já estava presente por esses lados. Acredita-se que ela seja originária da América Central. Segundo um grupo de extensão em pesquisa da Universidade de Minnesota, sementes do fruto, datando longínquos 7 mil a.C., foram encontradas no México. Claro que não era exatamente a abóbora vendida hoje em dia no mercado, afinal, suas sementes vêm passando por melhoramento genético há tempos, mas algo parecido com isso. Arqueólogos americanos determinaram que variações da abóbora eram cultivadas ao longo de rios e em bancos junto com girassol e feijão – antes mesmo do milho.
Esse alimento rico em vitamina A, de cor e sabor exóticos, pode ser usado em receitas doces ou salgadas.
PROPRIEDADES NUTRICIONAIS
Versatilidade. Essa é a palavra para definir a abóbora. Até mesmo sua composição nutricional é assim. Desde proteína até vitamina C – a gama de nutrientes é grande. Em uma xícara de abóbora cozida sem sal, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), há 49 calorias, 3 g de fibras, 12 mg de vitamina C e, o mais significativo de todos: 2.650 mcg (microgramas) de vitamina A – principal nutriente desse fruto. Essa quantidade de vitamina A, de acordo com a nutricionista Carolina Bergerot, ultrapassa a recomendação diária para homens (1000 mcg) e mulheres (800 mcg). Já em uma xícara da semente assada sem sal, o USDA aponta para 2 g de proteína, 12 g de carboidratos, 3 mg de vitamina e 37 mg de cálcio, 564 mg de potássio, 5,7 mg de gordura polinsaturada e quase 4 mg de gordura monoinsaturada.
PROPRIEDADES MEDICINAIS
Na polpa, betacaroteno que, quando consumido, se transtorma em vitamina A – considerada um antioxidante com propriedades anticancerígenas. De acordo com Caroline Bergerot, a substância pode prevenir câncer de pulmão, estômago, cólon, próstata e colo do útero. Já nas sementes, as propriedades medicinais se multiplicam.
A química Conceição Trucom afirma que a semente de abóbora possui propriedades terapêuticas e, enquanto cruas e frescas, podem ser adicionadas aos sucos desintoxicantes.
Quando as sementes são assadas, ainda mantém propriedades anti-inflamatórias. “Cozida em água é indicada para o tratamento de bronquite, além de ser um ótimo vermífugo para adultos e crianças“, explica. Entre os órgãos beneficiados pelo consumo da semente estão o coração, a pele, o intestino e os rins.
Devido à presença de ácidos graxos monoinsaturados semelhantes ao azeite de oliva, seu consumo diário, segundo Trucom, reduz as taxas de colesterol e triglicérides contribuindo também para a redução da pressão arterial. Suas fibras ajudam na atividade intestinal e a vitamina E combate o envelhecimento precoce deixando pele e cabelos mais bonitos. Essa sementinha, continua a química, é uma das melhores opções para prevenir problemas de próstata e no trato urinário devido aos lipídios e à alta concentração de zinco que melhoram a tonicidade dos músculos da bexiga.
CURIOSIDADES
No Halloween norte-americano, o que não pode faltar são aquelas velas com cara de monstrengos feitas com abóbora. Conhecidas como Jack O’Lantern (Zé da Lanterna), as inusitadas luminárias têm origem em uma lenda irlandesa que fala sobre um homem conhecido como Stingy Jack (Zê Mesquinho) que convidou o diabo para tomar cerveja. Jack, que não queria pagar pela bebida, pediu ao Diabo para se transformar em uma moeda. O Diabo aceitou a proposta, mas Jack preferiu enganá-lo e ficar com a grana. Depois de sua morte, Deus não permitiu que Jack entrasse no céu e nem o Diabo o deixou ficar no inferno. Ele foi enviado para a Terra com um pedaço de carvão para iluminar o seu caminho e seu fantasma colocou o carvão dentro de uma abóbora esculpida para vagar pelas cidades.
RECEITAS COM ABÓBORA
Suco de Beta-Caroteno
Ingredientes: 1 manga bem madura e picada, 1/2 xícara (chá) de abóbora (bem cor laranja) picada ou ralada (japonesa ou moranga), suco fresco de 1 limão, água e polpa de 1 coco-verde. Opcional: 1 cm de gengibre.
Preparo: Bater tudo no liquidificador. Coar na panela furada 1 é opcional. Tomar imeditamente. Delicie-se!
Salada de Abóbora
Ingredientes: 1 xícara (chá) de abóbora ralada, gergelim (branco ou negro) germinado (8 horas na água + 8 horas no ar), suco fresco de 1 limão, 1 colher (chá) de azeite extra-virgem, 1 dente de alho picadinho (opcional), gengibre ralado a gosto, 1 ramo de salsa picada, sal marinho, missô ou molho shoyo a gosto (mínimo)
Preparo: Misture todos os ingredientes, tempere a gosto e use a criatividade para decorar.
Manga ao creme de abóbora
Bater no liquidificador e coar na panela furada 1: 1 xícara (chá) de girassol com casca germinado (8 horas na água + 16 horas no ar), 1 maçã picada, 1 cm de gengibre.
Voltar com o leite para o liquidificador e bater com: 1 maço de alface, 1/3 de molho de salsa, 1/2 xícara de abóbora picada, 1 maçã picada, 1 pedaço de batata doce picada, 1 colher (sopa) de molho shoyu.
Colocar o creme obtido em pratos fundos e decorar com mangas bem maduras e picadas, passas e castanhas do Pará (deixadas de molho em água filtrada por 4-8 horas) raladas.
*Revista Vegetarianos – Outubro 2010
Leia mais em: A semente de Abóbora
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