AÇÚCAR: gostoso veneno ou doce ilusão?

Por Viviane Pereira

Considerado por alguns uma droga tão viciante quanto a heroína, o açúcar esconde por trás de seu doce paladar uma verdadeira ilusão para a saúde. Veja aqui a opinião de médicos e especialistas sobre esse desejado alimento, responsável por uma série de doenças.

Há quem fique com a boca cheia de água só de pensar em comer uma doce sobremesa, seja um pudim, um bolo, uma torta ou um sorvete; quanto mais doce, melhor. Tem ainda aqueles que são verdadeiras “formiguinhas”: não ficam muito tempo sem comer algo bem docinho, e na falta de uma sobremesa pronta, vale encher a colher na lata de leite condensado e levar à boca ainda pingando. Qualquer coisa que mate aquela vontade louca de comer doce.

O que essas pessoas não sabem – muitas sequer imaginam – é que o aparentemente inocente açúcar refinado, quando consumido em excesso, pode provocar muitos males à saúde, desde cáries a problemas mais graves, como labirintite, aumento da pressão arterial, diabetes, obesidade… A impressão que se tem é que à medida que vão sendo realizadas pesquisas sobre esse tema, são descobertas novas consequências prejudiciais da ingestão de açúcar.

Tema de teses, estudos e livros, o açúcar foi considerado veneno pelos que defendem sua abolição total da dieta. Outros alertam para o aumento vertiginoso do consumo, recomendando o uso mais restrito. Independentemente do posicionamento, em uma coisa todos são unânimes: açúcar demais faz mal!

Quem usa em excesso deve pensar seriamente em diminuir o consumo; quem enfrenta doenças devido ao seu uso talvez deva considerar retirar esse ingrediente da dieta, seguindo o exemplo de quem experimentou, superou e teve como recompensa uma saúde melhor.Como o açúcar não tem em seu conteúdo nenhum teor nutricional, nesse caso vale o ditado inverso: se não fizer mal, bem não faz.

DOENÇAS

A busca por uma vida mais saudável tem levado muitas pessoas a reavaliarem suas dietas, reverem seus conceitos nutricionais e frequentemente nesse balanço o açúcar tem passado para a lista dos vilões. Um dos episódios que chamou a atenção do público para essa questão foi o lançamento na década de 70 do livro Sugar Blues (expressão idiomática da língua inglesa que significa depressão, múltiplas penúrias físicas e mentais causada pelo consumo de sacarose refinada, comumente chamada de açúcar) do jornalista norte-americano William Dufty. Com um apanhado histórico, Dufty faz uma comparação da saúde da humanidade antes e depois do açúcar, constatando uma série de doenças ocasionadas por este que ele considera uma verdadeira droga viciante, comparável ao álcool, à cocaína, à heroína entre outras. Considerado panfletário e alarmante para uns e revelador para outros, o fato é que o livro trouxe uma nova visão e fez repensar a necessidade e o objetivo de ter à mesa, em tantos alimentos, a toda hora, açúcar refinado.

O questionamento sobre o uso do açúcar envolve a qualidade do produto, que exige uma série de processos químicos desde que a cana é retirada até a conclusão do processo de refino,e também a quantidade consumida.

O consumo de açúcar teve um grande aumento nos últimos 100 anos, levando autoridades como a Organização Mundial de Saúde a realizar campanhas para reduzir os índices, propondo limitar seu consumo a 10% da caloria diária. Nesses 10% estão inseridos não apenas o açúcar que é retirado diretamente do açucareiro, rnas também o que vem embutido em biscoitos, refrigerantes, bolos, doces e até no pão. Esse açúcar que parece “invisível” porque as pessoas mal se dão conta de que o estão ingerindo é o que tem oferecido maior preocupação, pois está presente na maioria dos alimentos que fazem parte da nossa alimentação. Acredita-se que é por isso que tem crescido o número de obesos, aumentado consideravelmente os casos de diabetes e estudos apontam que o excesso de açúcar aumenta risco de câncer de pâncreas.

Considerando que a utilização do açúcar como adoçante é relativamente recente na história da humanidade, em pouco tempo este “ouro branco” já tem feito muitos estragos. Antes do uso de produtos industrializados na alimentação, a humanidade se desenvolveu por milhares de anos utilizando somente os alimentos que a natureza oferecia. O gosto doce era saboreado com a imensa variedade de frutas encontradas especialmente em países tropicais, como o Brasil.

Com a descoberta do sabor do melado da cana, ele foi utilizado primeiro como remédio e só depois, mais recentemente, o açúcar passou a incorporar o cardápio entrando como mero adoçante, sem acrescentar qualquer nutriente, apesar de incluir muitas calorias na dieta.

Mas se esse pó branco faz mais mal do que bem, por que será que gostamos tanto? A resposta talvez esteja na história de nossos antepassados, que, pelo que tudo indica, consideravam o sabor adocicado para separar os bons alimentos dos venenosos. Ou talvez ele realmente tenha poder de “viciar” devido à sensação de bem-estar que proporciona, o que justificaria o fato de ser tão difícil deixar de lado esse hábito.

“Em 100 anos a utilização do açúcar aumentou em 40 vezes”, alerta o médico otorrinolaringologista Yotaka Fukuda, 62 anos, professor da Escola Paulista de Medicina. Ele é autor do livro Açúcar: Amigo ou Vilão?, lançado em 2004, resultado da sua tese de doutorado e anos de pesquisa sobre o tema, associados à sua experiência clinica.

Fukuda chama a atenção para esse crescente uso do açúcar que vem acompanhado do aumento de doenças de diversos tipos. “Esse aumento aconteceu depois da Segunda Guerra. Naquela ocasião não existiam doenças como diabetes, pressão alta. Elas estão diretamente relacionadas com o consumo de açúcar. Se houver uma diminuição no consumo, isso vai beneficiar em muito a população”. Ele pondera que o problema é que em vez de diminuir o uso tem aumentado; por ser um produto barato e deixar os alimentos mais saborosos, a indústria tem usado cada vez mais.

Como médico otorrino, ele notava a frequência do aparecimento de casos de labirintite e começou a perceber que o fato poderia ter relação com o consumo do açúcar. “O açúcar é o maior estimulante da produção de insulina – hormônio produzido pelo pâncreas. O excesso de insulina produzido pelo consumo de açúcar leva à labirintite”, afirma Fukuda, que chegou a esta constatação depois de observar diversos casos em seu consultório e realizar uma pesquisa com 100 pessoas para sua tese. Ele verificou que no universo das pessoas com labirintite, 80% tinham insulina alta. “Mais recentemente, pesquisadores de outras áreas têm verificado que o excesso de insulina leva também a problemas de pressão alta e obesidade. A pessoa engorda, adquire diabetes, fica com o colesterol alto e pode até ter derrame”.

Em sua pesquisa, o médico fez a curva glicêmica e curva de insulina de cinco horas, constatando, além da insulina alta, que metade apresentava alteração na curva glicêmica. “Essas pessoas com labirintite enfrentavam sérios problemas, ficando inseguras devido à tontura, com medo de sair de casa e ter novas crises; o remédio muitas vezes só faz efeito na hora”, esclarece. “O tratamento, nesses casos, é suprimir o açúcar e tirar principalmente alimentos industrializados, especialmente refrigerantes, sorvetes, bolos, biscoitos, bebidas alcoólicas como cerveja, conhaque e licor, além do leite condensado, que é açúcar com um pouco de leite“.

A retirada do açúcar da alimentação desses pacientes fez efeito, acabando com os sintomas da doença. “Não adianta tratarmos somente os sintomas com medicamentos, é preciso ir à causa. Retirando o açúcar você vai na raiz do problema”, avalia Fukuda.

“Muitos ficaram contentes porque emagreceram, outros porque o colesterol baixou; pessoas que tinham labirintite há anos deixaram de ter e não precisam mais tomar quilos de remédio; havia pessoas que estavam a caminho da diabetes e se livraram do risco.”

PREVENÇÃO

O médico otorrino explica que resolveu escrever o livro para prevenir pessoas que enfrentam esse problema da labirintite e não encontram solução e, para aqueles que têm ou correm risco ter diabetes, doenças cardíacas, obesidade etc. “Retirar o açúcar da dieta beneficia o corpo todo”, recomenda, aconselhando a substituição por adoçantes. “Pode ser usado aspartame, estévia, ciclamato, sacarina. Apesar de questionarem o uso desses produtos, não há comprovação científica de que eles causem problemas”.

Fukuda avisa que as crianças são as maiores vítimas desse abuso. “O problema costuma aparecer com 30, 40 anos de idade – é o que está acontecendo nos dias de hoje. Antes a diabetes tipo II aparecia com 70 anos. Agora aparece precocemente”. Ele diz que o pâncreas, que produz insulina, depois de três a quatro décadas de sobrecarga, não aguenta. O efeito é cumulativo e o organismo não está preparado.

O médico explica que a insulina faz com que o açúcar que está na circulação sanguínea seja rapidamente levado para dentro das células. Se já tiver grande quantidade de energia nas células, essa energia vai ser depositada no corpo como gordura; além disso, o aumento de insulina provoca desequilíbrio metabólico. “O excesso afeta o trato digestivo, o pâncreas, o cérebro, os neurônios”.

Mesmo para quem não tem sintomas de doenças provocadas pelo açúcar, Fukuda recomenda diminuir o consumo. “Depois que a pessoa ficar diabética é mais problemático. Fazendo uma analogia com o cigarro, é melhor deixar de fumar antes de ter câncer de pulmão”.

ESFORÇO PARA MANTER EQUILÍBRIO

Imagine o que acontece se alguém coloca 21 quilos de roupa de uma só vez em uma máquina de lavar com capacidade para 7 quilos? Ela quebra. Essa é a comparação que faz a médica endocrinologista Anete Hannud Abdo, 52 anos, em relação ao processo realizado pelo organismo quando ingere alimentos para obter energia. “Como toda máquina, ele tem uma capacidade máxima que deve ser respeitada”, comenta.

Anete, que atua no Projeto de Atendimento ao Obeso (PRATO) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, diz que o açúcar é uma fonte de energia para o nosso organismo, mas o excesso é prejudicial. “Se fizermos as contas da quantidade de glicose que existe no volume total de sangue circulando em nosso corpo (cerca de 6 litros), temos um resultado surpreendentes equivalente aproximadamente a uma colher de chá de açúcar!”

Segundo a médica, nosso corpo procura manter esta quantidade constante, com mínimas variações nos estados de jejum e após as refeições. “Imagine o esforço que nosso organismo precisa fazer para manter a taxa de glicemia dentro da faixa normal quando ingerimos um pedaço de bolo”. A endocrinologista explica que o excesso na ingestão de açúcar é prejudicial porque provoca uma elevação rápida da glicose no sangue e a manutenção da taxa dessa glicose dentro dos limites normais é importante para o funcionamento adequado do nosso metabolismo.

“Nosso organismo lança mão de estratégias para ajudar a manter as taxas de glicose no sangue sob um controle rígido”, afirma. “O aumento da taxa de glicose no sangue faz o pâncreas produzir e liberar na circulação mais insulina, um hormônio que facilita a passagem da glicose do sangue para as células dos vários tecidos do corpo, trazendo de volta ao normal a quantidade de glicose contida no sangue. A glicose pode ser estocada na forma de glicogênio nos músculos e no fígado, porém em quantidades limitadas. Quando a ingestão de açúcar é muito grande e ultrapassa a capacidade de estocagem de glicose nos músculos e fígado, a glicose é transformada em gordura para ser armazenada no tecido adiposo, favorecendo a obesidade”.

Esse aumento do tecido adiposo provoca no organismo uma resistência à ação da insulina, o que leva à necessidade de uma quantidade cada vez maior de insulina para realizar o transporte da mesma quantidade de glicose. Anete esclarece que enquanto o pâncreas consegue produzir a quantidade de insulina necessária para efetuar esse processo, as taxas de glicose no sangue se mantêm dentro do normal, mas a produção de um excesso de insulina traz consequências para o organismo, como o aumento da pressão arterial. “Quando a resistência à insulina for tão acentuada que ultrapassa a capacidade máxima de produção de insulina pelo pâncreas, acumula-se glicose no sangue, surgindo então o diabetes”.

Comentando os problemas provocados pelo consumo excessivo de açúcar, a médica cita estudo publicado em 2007 no American Journal of Public Health, com 91.249 mulheres seguidas por oito anos, que demonstrou que aquelas que consumiam um ou mais copos de refrigerante/por dia tinham duas vezes mais chance de desenvolver diabetes do que aquelas que consumiam menos de um copo/mês. O consumo de refrigerante normal também esteve ligado à diminuição do consumo de leite, cálcio, frutas e fibras, aumento do consumo de calorias e ganho de peso. “Ao que parece, as pessoas não fazem a compensação das calorias do refrigerante diminuindo esses valores da refeição. Levanta-se a possibilidade de que os refrigerantes aumentam a fome, diminuem a saciedade ou simplesmente calibram o organismo para um gosto doce muito acentuado”, avalia.

Anete diz que dietas altamente glicêmicas podem aumentar o apetite e reduzir a saciedade. “Quanto mais açúcar ingerimos, mais insulina precisamos fabricar para metabolizá-lo. Evidências sugerem que altos níveis de insulina parecem interferir com a sinalização da leptina (hormônio fabricado pelo tecido adiposo, que avisa o cérebro sobre a quantidade de gordura estocada): quando os níveis de insulina estão muito altos, o cérebro não fica sabendo quanta gordura está estocada, e o resultado final é uma maior ingestão de alimentos. Em outras palavras, quanto mais doce comemos, mais temos vontade de comer”.

AÇÚCAR SÓ ENGORDA

“Em termos nutricionais, o açúcar é o que chamamos de caloria vazia: só tem carboidrato, não tem nutrientes”, alerta o médico especialista em nutrologia Eric Slywitch, responsável pelo departamento de medicina e nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira. Ele explica que quando a pessoa utiliza o açúcar branco, está ingerindo calorias que vão acrescentar valores na sua dieta, mas sem ter uma contraparte nutricional. “Não traz nada de benefício para o corpo; pelo teor calórico, se come demais, engorda”.

Slywitch diz que não é possível saber se as doenças enfrentadas pelas pessoas que estão acima do peso ocorrem pela obesidade ou por causa do açúcar. “O que sabemos é que quando o açúcar puro é ingerido ele entra rápido no sangue, faz com que haja aumento da glicemia e o trabalho que o pâncreas precisa fazer para colocar açúcar na célula é maior, o que aumenta o risco de diabetes”. Por isso, como profissional ele recomenda que as pessoas mudem seus hábitos em relação ao consumo de açúcar, mudando também o paladar.

PROBLEMA MAIOR ESTÁ NO ABUSO

O corpo humano não estava acostumado à ingestão da quantidade de açúcar que é consumido atualmente e essa sobrecarga tem gerado o desequilíbrio que dá origem a tantas doenças. “Durante milhões de anos, nossos antepassados consumiam algo em torno de 8 gramas de frutose/dia (tipo de açúcar proveniente de frutas e do mel) e cerca de 300 gramas de glicose, provenientes principalmente de alimentos ricos em amido; nosso organismo se acostumou a processar essa quantidade diária”, informa o medico ortornolecular Cyro Masci. “Atualmente nossos pâncreas têm que produzir em um único dia, diariamente, a quantidade de insulina que nossos ancestrais possivelmente produziam durante uma vida inteira”.

Masci comenta que essas mudanças têm afetado diretamente o organismo, provocando muitos males. “Desde a Idade da Pedra o ser humano vivia basicamente dos animais que conseguia caçar e dos vegetais que conseguia coletar. Os carboidratos constituíam mais ou menos 45% da alimentação, contra os mais de 50% da atualidade”, afirma. “As fontes de açúcar também eram diferentes, tinham origem basicamente nas frutas e talvez um pouco de mel, que faziam os níveis de glicose e de insulina subirem lentamente. Bem diferente do açúcar e da farinha refinados, que são rapidamente absorvidos e geram picos de glicose e insulina no sangue”.

Uma das principais diferenças, segundo o médico, é que nossos ancestrais usavam uma alimentação mais natural, tendo o mel como adoçante; a cana de açúcar, que antes era consumida como fruta, passou a ser esmagada por máquinas e seu caldo passa por um processo químico que permite a fabricação do açúcar refinado. “O açúcar era um artigo de luxo dos nobres, que em troca dessa delícia passaram a conhecer doenças como a obesidade, a cárie dentária e a gota”.

DESEQUILÍBRIO

Masci afirma que em seu consultório encontra muitas pessoas que têm suas funções orgânicas prejudicadas pelo uso abusivo do açúcar. O médico ortornolecular esclarece que a ingestão excessiva de açúcar pode estar relacionada a dois fatores: ansiedade e mudanças na flora bacteriana do intestino. “Sabe-se que mudanças na flora intestinal podem acabar permitindo o crescimento exagerado de certas bactérias que se alimentam preferencialmente de açúcar. Essas bactérias têm a capacidade de inibir nossa produção cerebral de serotonina, um neuro-químico muito importante no controle do humor e da ansiedade. Assim, com menor produção de serotonina, a pessoa acaba ficando mais ansiosa, além de aumentar a tendência à depressão, e acaba ingerindo mais e mais açúcar. Açúcar habitua, chega a ser um vício”.

ATEROSCLEROSE E INFARTO

“O açúcar (glicose) em excesso no organismo resulta em vários danos cardíacos”. Quem faz o alerta é o cardiologista Heno Ferreira Lopes, 49 anos, médico do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paula. Ele destaca que o consumo de açúcar aumentou de forma expressiva nos últimos anos, principalmente pelo consumo de refrigerantes como substituto da água. “Em relação ao coração e aos vasos, o açúcar em excesso está associado com a aterosclerose (entupimento do vaso) e consequentemente com maior chance de angina (dor no peito), infarto do miocárdio (morte do músculo do coração)”.

Lopes explica que o ser humano ingere para a sua sobrevivência três principais grupos de alimentos – proteínas, carboidratos e gorduras – e que a ingestão desses alimentos pode resultar em alterações no corpo humano, tais como o aumento do batimento cardíaco, que é uma consequência da ativação de uma parte específica do sistema nervoso chamada simpático. “O consumo de carboidratos (açúcar) resulta na ativação do sistema nervoso simpático. O fato é que a ativação do sistema nervoso simpático está relacionada com doenças cardiovasculares”.

Dos três grupos de alimentos mencionados acima, segundo Lopes, apenas as proteínas não causam aumento da atividade simpática quando ingeridas. “A ingestão do açúcar, por aumentar a atividade do sistema nervoso simpático, pode provocar mudanças no organismo como sensação de aumento dos batimentos cardíacos, excitação e até um grau de euforia. Em alguns indivíduos, a ingestão de açúcar desencadeia a produção de grande quantidade de insulina e gera a sensação de sonolência, cansaço, desânimo”.

O médico comenta que o açúcar pode ser substituído pelos adoçantes artificiais, principalmente nos pacientes com diabetes e obesos. “Porém, os adoçantes não são isentos de culpa. A titulo de exemplo, existe adoçante que contém o sódio na sua fórmula e o sódio é considerado como um dos vilões no desenvolvimento da hipertensão, principalmente naqueles indivíduos com predisposição para tal. Também há estudo associando o consumo de adoçante com câncer. O ideal para qualquer ser humano é consumir alimentos in natura, ou seja, sem adição de açúcar ou de adoçantes”.

CÂNCER

Mas, afinal, o que é esse pó branco, que alguns chamam de ouro branco, que causa tanta polêmica, dá euforia, alguns dizem que até vicia, oferece prazer e pode prejudicar nossa saúde? A química Conceição Trucom explica que o açúcar refinado é resultado de um processamento físico-químico que extrai da garapa a sacarose purificada e anidra, usando e adicionando produtos químicos como clarificantes, anti-umectantes e agentes de moagem. “Eles são aditivos químicos, sintéticos, muitas vezes cancerígenos e danosos à saúde”, avalia a cientista.

Conceição lembra que até cerca de 300 anos a humanidade não usava aditivos doces na dieta. “O mel era usado eventualmente, mas como remédio”, diz. “Esse processo histórico prova que o açúcar é desnecessário como alimento”. Só nos últimos séculos o açúcar passou a ser produzido em larga escala, aumentando seu consumo e sendo cada vez mais purificado, até se transformar no pó branco que conhecemos. “Somos uma civilização consumidora de milhares de toneladas diárias de açúcar. O Brasil é um dos maiores produtores de açúcar do mundo; o brasileiro consome cerca de 200 g de açúcar por dia. Por extensão são cerca de 6 kg ao mês ou 72 kg por ano. Portanto, a cada 13 anos a pessoa consome 1 tonelada de açúcar. Então um cidadão brasileiro de 40 anos já fez passar pelo seu pâncreas algo como 3 toneladas de açúcar”.

A química avisa que o açúcar refinado deve ser considerado um produto quimicamente ativo, porque resulta de um processo de purificação. “Do xarope inicial, além de evaporado, são retiradas fibras, proteínas, sais minerais, enzimas, vitaminas, etc. O produto final é sacarose concentrada a mais de 90%, um carboidrato de elevado poder calórico e de liberação de glicose no sangue”.

Ela informa que quando consumimos um produto extremamente concentrado, como o açúcar, é exigido do organismo uma compensação química: são sequestrados cálcio, ferro e magnésio do metabolismo e das reservas. “Indiretamente, o açúcar ‘rouba’ do organismo depósitos destes minerais e esta carência de cálcio, magnésio e ferro aumenta quanto maior a ingestão de açúcar. Podemos afirmar então que o açúcar é descalcificante, desmineralizante, desvitaminizante, uindigesto, ou seja, um forte agente de desarmonizacão metabólica”.

Ela alerta para o fato de quem consome muito açúcar tornar-se um dependente orgânico que quanto mais está intoxicado, mais deseja açúcar; fica mais sedentário, sem força física, emocional e mental. “Grandes consumidores de açúcar geralmente tendem à fraqueza, à  anemia e acreditam que não podem fazer nada sem consumir um pouco de doce.

O doce é o sabor mais primitivo do ser humano; portanto, quando desejamos sustentar uma atitude infantil de não crescer, a primeira vontade que nos surge é entupir-se deste sabor. Mas a diferença é que esse sabor sempre foi retirado de forma saudável da natureza, e não de um produto vazio de nutrientes e rico em aditivos e resíduos de um processo físico-químico. “Devem considerar o açúcar como um não alimento, como na classificação do livro do Dr. Soleil – Você sabe se desintoxicar? – um alimento biocídico (bio = vida + cídico = que mata)”.

Leia também este artigo que fala da influência do açúcar na gestação e saúde do recém nascido: Açúcar x Mulheres

* Viviane Pereira é jornalista da Revista Vegetarianos – ano 2 – número 13

Serviço:
Anele Hannud Abdo • [email protected]
Conceição Trucom • https://www. docelimao.com.br/site
Cyro Masci • www.masci.com.br
Erik Slywitch • [email protected]
Fernando Carvalho • [email protected]
Heno Lopes • [email protected]
Yotaka Fukuda • [email protected]

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações, citada a autoria e a fonte https://www.docelimao.com.br/site

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