Dr. Max Otto Bruker *
“Também sou alérgica” são palavras que os médicos ouvem com frequência. Fica a impressão de que quase todas as pessoas sofrem de alguma alergia. Fato: as estatísticas mostram que houve um considerável aumento das doenças alérgicas nas últimas décadas.
Nos anos 60, entre 100 habitantes na Alemanha, um era alérgico. Hoje 10% dos adultos e 20% das crianças apresentam sintomas de alergia. Entretanto, muitos problemas patológicos, considerados como alergia, são problemas causados por outros fatores.
Alergia não é um diagnóstico suficiente
A maioria acha que o diagnóstico “alergia” indica a causa da doença. Isso é um erro grave. A pior consequência deste conceito errôneo é que o doente passa a acreditar que sua doença seja incurável. Ele acredita que a alergia é a causa de sua doença; que ele tem o azar de ser alérgico: “Alergia é algo que a gente tem, por isso não tem, cura“. A alergia é vista como algo imutável, pessoal, com que é preciso se conformar.
Alergia não é congénita, mas adquirida
Entretanto, a alergia não é congenita, não é uma característica infeliz que não pode ser mudada. A reação alérgica é adquirida. O paciente alérgico era sadio antes de aparecer a alergia e, portanto, pode ser curado.
Alergia É UM SINTOMA
A rigor, a alergia não é a causa de uma doença, apenas é a prova de que alguém adoeceu: a alergia não é causa de uma doença, mas uma doença que tem causas que precisam ser pesquisadas, iniciando-se pelos hábitos alimentares.
Alergia é palavra da moda
A palavra alergia vem do grego e significa apenas “reação diferente” (al = diferente + ergien = reagir). O alérgico reage de maneira diferente do esperado, do “normal”. Na linguagem “médica conhecemos denominações como hiperergia, reação intensa ou acima do normal. A palavra alergia diz apenas que a pessoa tem urna reação diferente da normal. Este conceito elástico se tornou padrão para um modismo.
Eu, Conceição Trucom, diria que a alergia pode ser considerada como um sintoma de estresse por elevado nível de intoxicação (vários níveis de consciência) ou consumo/uso exagerado de algo ‘estressante’, ‘intoxicante’.
Pense em alguém com uma agenda LOTADA de tarefas, dias, meses e até anos seguidos. Não há tréguas, descanso, férias, respiros, alívios. Assim, chegará um dia em que mais 1 tarefa (simples que seja, como um ácaro que sempre esteve no ar que o cerca) será suficiente para causar uma crise nervosa, um surto ou colapso.
Portanto, desintoxicar-se é preciso…E, fato, várias alergias se dissolvem pelo simples hábito da desintoxicação diária: interromper o consumo-prática do que provoca o quadro alérgico JUNTAMENTE com a alimentação desintoxicante.
A alergia tem causas
Quando uma pessoa reage de maneira diferente, isto deve ter alguma causa. Entretanto, estamos diante de um novo problema. A medicina acadêmica quase não pesquisa as causas. Geralmente o tratamento se resume no alívio dos sintomas e não se preocupa em eliminar as causas da doença.
Quando o paciente pergunta ao médico por que ficou doente, ele deseja saber a causa de sua doença. Entretanto, como o próprio médico desconhece estas causas, ele faz um diagnóstico. Por exemplo: “distúrbios circulatórios”, ou “problemas da tiróide”, ou “problema do fígado”, ou “distúrbios hormonais”, etc. Mas não explica as causas de tudo isso.
Assim, habilmente ele foge de citar as causas, porque não aprendeu a pesquisá-las. Na universidade não é ensinado que as doenças do aparelho locomotor, isto é, as doenças reumáticas, são doenças causadas pela alimentação moderna. As causas são consideradas como desconhecidas. As vezes, são rotuladas como doenças geriátricas ou doenças degenerativas, como se fosse possível provocar doenças pelo uso das articulações ou pela idade. O mesmo acontece com os inúmeros problemas metabólicos como a obesidade, o diabete, os cálculos biliares e renais, os distúrbios hepáticos, as doenças vasculares e, finalmente, as alergias.
Ninguém aponta os alimentos industrializados, destituídos de elementos vitais – farinhas, óleos e açúcares refinados – como causa dessas doenças. No imenso grupo dos distúrbios funcionais, dos distúrbios vegetativos e dos distúrbios emocionais, da depressão, das doenças psicossomáticas, também não se dá suficiente atenção a causas reais como o estilo de vida, a educação, a postura religiosa e espiritual. Nestas doenças, existe uma incapacidade para vencer os múltiplos problemas da vida. Estes fatores também contribuem para o aparecimento de todas as doenças – inclusive a alergia.
Se estas interdependências não são reconhecidas – como de fato acontece – pseudocausas são apontadas ERRONEAMENTE como causas.
Daí em diante será uma ilusão a forma de tratamento e cura…
Pseudocausas da alergia
Simplesmente, uma substância é tomada como causa. Por exemplo: na rinite alérgica são os diversos pólens; na asma é o pó ou mofo caseiro ou pêlos de cavalo. Os testes apontam milhares de substâncias como alérgenos, isto é, agentes capazes de produzir alergia. Visto assim, o problema é reduzido a um denominador simples. Precisamos apenas identificar a substância que produz alergia no doente e evitá-la. Teoricamente o problema parece solucionado. Porém, na realidade o problema é bem outro.
Não existem propriamente alergias
Existe somente alergia a uma determinada substância. O agente que produz alergia é chamado alérgeno ou antígeno. O corpo sadio desenvolve anticorpos específicos contra esses antígenos a fim de eliminar o ‘veneno’. Com isso, o efeito dos antígenos é neutralizado. Sem neutralização pela reação antígeno/anti-corpo, aparece a alergia. A alergia pode ser encarada como consequência de uma reação antígeno/anticorpo falha ou inexistente.
Isto significa que a alergia não é causada pelo antígeno, mas sim pela ausência de reação antígeno/anticorpo.
O exemplo da rinite alérgica ou febre do feno
Para dar um exemplo, vamos analisar uma alergia bem conhecida: a rinite alérgica. Em princípio, este exemplo é válido para todos os fenómenos alérgicos.
Ao nascer, a criança ainda não tem rinite alérgica, isto é, a reação antígeno/anticorpo está invicta. Isto pode perdurar por anos ou décadas. Há pessoas que não contraem rinite alérgica embora estejam em contato com o mesmo pólen que numa certa idade começa a produzir rinite alérgica em outras pessoas.
Se alguém vai contrair rinite alérgica – ou qualquer outra alergia – depende exclusivamente da capacidade do organismo de criar ou não anticorpos contra a invasão dos antigenos.
A incapacidade de criar anticorpos significa doença. Como na vida é praticamente impossível escapar aos inúmeros antigenos, a prevenção (ou cura) de uma alergia não pode consistir em evitar os antigenos. É necessário eliminar as causas da ausência de reação antígeno/anticorpo.
Para tanto, é preciso conhecer essas causas.
A importância da alimentação
A reação antígeno/anticorpo é um processo que se dá durante o metabolismo da proteína. O distúrbio da formação de anticorpos é causado por um distúrbio no metabolismo da proteína. Este distúrbio é, por sua vez, consequência de alimentação errada. Em primeiro lugar, é a proteína animal que sobrecarrega o metabolismo.
Neste último século, aumentou constantemente o consumo de proteína animal. Não foi apenas o consumo de carne que aumentou, mas também o consumo de outros tipos de proteína animal como leite, queijo, ricota, ovos, embutidos e peixe. Todos contribuem para o exagerado consumo de proteína animal. Este festival de proteína dos povos ditos ‘civilizados’ não provocou apenas um aumento das alergias mas também um batalhão de doenças reumáticas e um aumento de doenças cardiovasculares. Quanto a estas, o Prof. Lothar Wendt conseguiu provar a relação com a proteína animal.
No super consumo de proteína animal ocorre depósito de substância (polimucosa-carídeos) na membrana basal dos capilares. Isso provoca um engrossamento da parede dos capilares através da qual se dá o intercâmbio de substâncias entre o sangue e os tecidos.
As consequências são múltiplas: aumenta o colesterol e a pressão sanguínea. As alterações escleróticas dos vasos podem levar ao infarte.
Leia também: Alergia – um novo enfoque – Parte 2
Alergia – um novo enfoque – Parte 3
Tomar leite é saudável? Parte 1
* Texto extraído do livro Doenças do Homem Civilizado – Dr. Max Otto Bruker – editora TAPS.
Dr. Max Otto Bruker (1909 – 2001) foi um médico alemão, corajoso e pacifista, que durante 45 anos atuou como Diretor Clínico em diversos hospitais, promovendo uma medicina natural e ajudando inúmeros doentes através dos livros que o tornaram conhecido. Fundou em Lahnstein, em 1989, a entidade filantrópica GGB, Gesellschaft fur Gesundheitsberatung, que assegura a continuidade de sua obra.
Reprodução permitida desde que solicitada autorização da TAPs – www.facebook.com/editora.taps
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