Conceição Trucom
O amendoim (em tupi mandu’wi significa enterrado) é a semente, a parte comestível da Arachis hypogaea L., planta da famíia Fabaceae. As sementes encontram-se dentro de uma vagem acoplada à raiz da planta. Tão popular nas festas juninas e doces brasileiros, muitas pessoas não conhecem um pé de amendoim, que é uma erva, com caule pequeno medindo entre 30-50 cm de altura. As flores amareladas são pequenas, que depois de fecundadas inclinam-se para o solo e a vagem se desenvolve subterraneamente, ou seja, enterrada.
Além de amendoim, a Arachis hypogaea recebe outros nomes regionais como: alcagoita (sul de Portugal), aráquide, caranga, carango (Moçambique), jiguba, jinguba, mandubi, manobi, amendubi, amendo mepinda (Angola), mancarra (Cabo Verde e Guiné-Bissau). Em alemão é conhecido por Erdnuss, em espanhol por cacahuete, em francês por arachide e arachis e em inglês por peanut.
O amendoim é uma planta originária da América do Sul: Brasil e países fronteiriços como Paraguai, Bolívia e norte da Argentina. A difusão do amendoim se deu pelos indígenas ao migrarem para as diversas regiões da América Latina, América Central e México. No século XVIII chegou na Europa. No século XIX difundiu-se do Brasil para a África e do Peru para as Filipinas, China, Japão e Índia.
O amendoim tem uma grande importância econômica, principalmente na indústria alimentícia. Torrados chegam a conter de 25 a 28% de proteínas e de 45 a 50% de lipídios, sendo uma fonte de proteína e caloria concentrada e barata, se comparada aos laticínios e demais sementes. Lembrando que por ser um alimento de origem vegetal sua proteína é incompleta, e por ser um alimento biogênico seu consumo não deve ser quantitativo, mas qualitativo. Ou seja, a indicação é a ingestão de pequenas quantidades/dia, sempre integrada com outros alimentos integrais.
A fração lipídica do amendoim é pobre em ômega 3, embora rica em monoinsaturados e ômega 6,
Pesquisas recentes revelaram ser o amendoim uma fonte significativa agentes antioxidantes:
- Resveratrol – um agente antioxidante, famoso pela sua presença nas uvas escuras e no vinho tinto. Tem reconhecido poder de retardar o envelhecimento das células.
- Vitamina E – um dos antioxidantes mais estudados, tem forte efeito contra a degeneração o envelhecimento das células. Trinta gramas de amendoim fornece cerca de 25% da recomendação diária.
- Sitosterol – já testado e aprovado pela comunidade cientifica européia e norte-americana como coadjuvante na prevenção do câncer.
No Brasil
O amendoim é um produto cultivado em todo o Brasil e sua produção aumentou expressivamente nos últimos anos (300 mil t em 2005). Os pólos produtivos estão no estado de São Paulo e no cerrado, de onde parte da produção é exportada ou destinada à indústria nacional de alimentos.
Na região nordeste, os principais produtores são Bahia, Sergipe, Ceará e Paraíba, com produção típica de agricultura familiar, com pouco uso de insumos ou mecanização. No entanto, o consumo nesta região (basicamente do grão in natura) é alto e apenas uma pequena parte desta demanda é atendida pela produção local.
Garantia de Qualidade
Se o amendoim for contaminado por um fungo conhecido como Aspergilo flavus, poderá produzir uma substância chamada aflatoxina; hepatotóxica, causadora de problemas hepáticos (tumores) em humanos e outros animais.
Lembrar que embora o fungo possa ser debelado pela temperatura do cozimento, a aflatoxina segue ativa mesmo após tratamento térmico…
Tal contaminação por fungo e aflatoxina ocorre basicamente na etapa de pré-colheita ou condições inadequadas de estocagem. O amendoim produzido no Nordeste é o que inspira mais atenção, devido à maior chance de ocorrência de períodos de estiagem no final do ciclo da cultura. O trabalho desenvolvido pela Embrapa, na busca por seleção de cultivares mais adaptadas às condições de clima e solo desta região produtora, de plantas com ciclo precoce e, mais resistentes a doenças e à seca; tem alcançado bons resultados, mas o alerta vale para todos os produtos agrícolas desta região.
Este é o motivo pelo qual não é indicado o consumo único ou muito frequente do amendoim, colocando em evidência a necessidade de selecionar fornecedores com selo de qualidade, procedência e a forma mais segura do seu consumo que é pré-germinado.
As populações mais vulneráveis a este problema endêmico são os africanos e americanos pela mania nacional de consumir manteiga de amendoim (amendocrem).
O resgate do amendoim como um alimento nutritivo e com garantia de qualidade é um dos principais objetivos do Pró-Amendoim um programa de auto-regulamentação lançado em 2001 pela ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados). O programa atua no sentido de melhorar e monitorar (de maneira sistemática e metódica) a qualidade do produto in natura e industrializado. Em 2002 a ABICAB lançou um Selo de Qualidade, credenciando o consumo do amendoim e afins por 9 empresas associadas ao Pró-Amendoim.
Os consumidores de amendoim germinado precisam fazer questão do produto Tipo 1, fornecido somente pela empresa YOKI. E, mesmo assim, precisa verificar a data da embalagem e validade, como a aparência dos grãos que devem estar bem pigmentados, brilhantes, sem trincas ou partidos, com pele bem preservada, sem qualquer sinal de danos na aparência.
Tenho consumido muito o amendoim cavalo (também chamado de rosa) nas minhas germinações. Confira na foto acima…
Ele tem apresentado muitas vantagens como: super fácil de tirar a pele, dificilmente está contaminado e germina muito rapidamente, ou seja, com 8 horas de água + 4 horas de ar já temos ele pronto para consumo.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citada a autora e fonte.
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