Como lidar com a cólica dos bebês

Conceição Trucom 

Todos, mas principalmente as mamães, ficam desesperadas quando seus bebês choram compulsivamente e não há nada que os faça acalmar. Não é fome, pois ele mamou faz pouco tempo e não aceita o peito. Não é fralda suja, nem falta de atenção ou afeto. Mamãe, isso pode ser cólica, algo normal e esperado quando eles são recém-nascidos.

As cólicas são comuns em bebês desde o nascimento, principalmente depois dos 7-15 dias, seguindo até os 3-4 meses de vida, com quadros mais isolados a partir dos 6 meses. Claro que cada bebê tem sua singularidade e seu tempo. Existem bebês que praticamente não têm cólicas e outros que, segundo os pais, não tem santo que dê conta.

Mas, independente do tempo de duração e da intensidade, as cólicas normalmente ocorrem no mesmo horário do dia, em geral final de tarde e começo da noite. O primeiro sintoma é um choro estridente, pois se trata de uma sensação nova para o bebê, ao sentir dor e incômodo: ele fica inquieto, rostinho vermelho, faz caretas, se contorce e encolhe as perninhas até a barriguinha.

Possíveis Causas 

Embora não haja ainda um diagnóstico de consenso, é bem previsível que a cólica aconteça por imaturidade do sistema digestivo do bebê. Essa imaturidade faz com que as paredes intestinais se contraiam e relaxem sem controle (ritmo) e isso pode resultar em dor, gases e levar à cólica.

Saiba também que a flora intestinal do bebê inicia sua formação no dia em que nasce, a partir da ingestão do colostro. E, será tão mais quantitativa e qualitativa quanto mais o bebê tiver acesso a estas primeiras e demais mamadas no peito da mãe. Mas, a formação ‘completa’ desta flora (população plena e eficiente) irá levar um bom tempo (alguns anos), embora seja nos primeiros 3-4 meses a formação básica.

Em paralelo, ao nascer, todo o sistema digestivo do bebê está sendo testado, pois ao se alimentar, a cada mamada, a digestão acontece, o que poderá certamente provocar as famosas cólicas, embora cada bebê terá respostas muito individuais. Existem bebês que são glutões e ansiosos, outros são calmos e dorminhocos, outros curiosos e distraídos na hora da alimentação. E, quanto mais comilão, ou quanto mais a mãe forçar a toma de toda a mamadeira, maior a chance de refluxos, cólicas…

Até os seis meses de vida, o sistema digestivo do bebê está preparado somente para receber o leite materno. Mas, mesmo esse alimento natural pode causar cólicas, porque faz os intestinos do bebê funcionarem para digeri-lo. E, os movimentos peristálticos dos intestinos também precisam de um tempo para amadurecer e se coordenar.

Se o bebê receber outro tipo de alimentação nesse período, as cólicas podem ser piores, pois a digestão será mais difícil, implicando em maior trabalho dos intestinos (ainda imaturos). A fermentação do leite e de outros alimentos, como açúcar e adoçantes, causará gases e desencadeará mais cólicas.

Mesmo depois desta fase maluca das cólicas, o primeiro suco de frutas pode dar cólica, a primeira fruta raspadinha também, a primeira vez de cada alimento novo sempre poderá provocar uma cólica. Ou seja, respeitada as devidas proporções, é natural ter cólicas durante os primeiros meses de vida. E, esse é o motivo pelo qual não se deve fazer uso de recursos ‘artificiais’ como luftal, funchicória e chás. Os primeiros porque são drogas artificiais, sintéticas, que não irão resolver a causa (e talvez viciar numa dependência destas drogas para resolver qualquer cólica) e o chá porque pode provocar ainda mais cólica já que o intestino do bebê está imaturo para digerir fitoativos.

O máximo que eles podem provocar seria um efeito calmante, que faz o bebê dormir, mas não resolve a cólica.  Não estimulam a maturação do que precisa de desenvolvimento e ainda podem causar efeitos colaterais como constipação, refluxo e estados alterados de consciência.

Outras possíveis explicações para as cólicas são:

– O sistema nervoso do bebê ainda não amadureceu e fica sensível demais aos naturais desconfortos digestivos.

– O bebê sente dor porque tem dificuldade de expelir os gases. Estes gases inevitavelmente comprimem a massa fecal e a empedra, gerando constipação (o bebê defeca na forma de bolinhas), mais gases e mais dores… 

– A tensão ou o estresse do ambiente pode deixar o bebê tenso e agitado, acentuando a cólica. Pode verificar que as cólicas geralmente ocorrem ao fim do dia quando todos estão mais cansados. Se a mamãe fica nervosa, o bebê sente essa ansiedade e insegurança, por isso a mamãe tem que tentar ficar o mais tranqüila possível e passar segurança para o seu bebê com muito amor e carinho.

Na hora de amamentar

O bebê pode engolir ar quando amamenta ou se alimenta. Engolir ar aumenta as dores por gases. A amamentação na posição verticalizada ajuda muito, pois com o ajuste perfeito da boquinha do bebê na aréola da mãe ele irá engolir menos ar e a sua deglutição não será alterada. A digestão dele também ocorre de maneira mais natural.

A respiração do bebê fica mais liberada, ajudando em todo o processo orgânico, neural e digestivo.

Além da posição correta para sua alimentação é importante colocar o bebê para arrotar, mas não ficar balançando o pobrezinho, porque esse chacoalho emulsiona os gases e torna mais difícil a sua liberação.

Fazer compressas mornas na barriga do bebê como colocar uma fralda aquecida ou almofada terapêutica (linhaça e camomila), fazer ginástica com as perninhas do bebê como se ele estivesse “pedalando” e massagear a barriga do bebê com as mãos aquecidas com movimentos circulares durante 2 minutos, todos de 4 a 5 vezes/dia ajudam o bebê a não ter cólicas ou aliviar a dor na hora das crises. E, essas são formas de acelerar a maturação, ou seja, trabalhar na causa e ter bons resultados também na redução dos efeitos…

Para evitar o estresse, procure manter o ambiente calmo e quieto enquanto alimenta o bebê ou nos horários mais freqüentes da cólica e descubra formas de confortá-lo, cada bebê se sente seguro e amado do seu jeito.

Alimentação da gestante e da mamãe

Não é cientificamente provado que a alimentação da mamãe durante a gestação, assim como durante o tempo que oferece o peito, pode dar cólica no bebê que amamenta. Mas há muitos relatos de mães sobre isso. No meu caso, que caprichei na minha alimentação durante a primeira gestação, Diego praticamente não teve cólicas. Já com o meu segundo filho, o Guilherme, que acabei comendo mais massas, tive um trabalhão…ninguém conseguia dormir, inclusive ele, até bem tarde da noite.

Mas, confio D+ na minha ginecologista e obstetra Dra. Carla Crealti. Ela garante que se a mamãe não comer alimentos que contenham lactose durante estes meses de amamentação, o bebê não terá cólicas. Segundo ela: testado e aprovado. Então, durante os últimos dias da gestação já começar a cortar: leite, queijos, iogurtes e tudo que tenha leite ou laticínios. Tudo por uma boa causa. Depois disso? Aproveita para cortar este tipo de alimento de sua vida e, do bebê…

Portanto, fique atenta. E, se perceber que quando come algum tipo de alimento seu bebê tem cólica, evite esse alimento pelo menos até os 3-4 meses de vida do bebê. Os agressores mais comuns são laticínios, chocolate, cafeína, melão, pepino, pimentão e alimentos condimentados.

O que fazer?

Na hora da crise o calor ajuda na liberação dos gases que provocam a cólica. Colocar o bebê barriga com barriga com você com as perninhas encolhidas (posição que facilita a liberação dos gases), de barriga no seu antebraço, uma almofadinha aquecida na barriga do pequeno e/ou massagear a barriguinha (do tórax para a pelve) ajudam na eliminação da dor.

Como os homens têm a temperatura do corpo um pouco mais elevada que as mulheres pode ser que as cólicas se resolvam mais rápido quando o bebê é colocado na barriga ou no antebraço do papai ou quando é o papai que faz as massagens.

Para aliviar as cólicas a doula Albermari Sobreira (1) orienta as mamães para dar um banho (terapêutico) com chá de camomila no bebê, deixando ele relaxar, conversando com ele. Pode até colocar uma música bem suave ou até cantar para ele.

A shantala ou qualquer massagem feita pela mãe, o toque de amor e interação entre os dois também é maravilhoso.

O mais importante de tudo é que a mãe esteja sempre calma, pois ele é como uma esponjinha, que absorve tudo o que a mãe sente. Se a mãe estiver tranqüila, seu bebê terá maior probabilidade de se sentir mais amparado e tranquilo e todo o seu processo transcorrerá de maneira mais suave.

O bebê deve ficar o máximo que puder em contato com a mãe, mamando e se deleitando.

Evitar de levar o bebê em lugares agitados, o ideal é que ele fique sempre em casa, com os barulhos naturais de seu lar. Quando o bebê é exposto a locais com muitas vozes, sons diferentes, ele perde a referência do seu mundinho e entra em estresse. É comum ouvirmos as mães dizerem que foram a uma festa e seu bebê dormiu o tempo todo, mas quando chegou em casa ele chorou a noite toda com cólica.

O mundo dele é o peito da mãe, seu cheiro, sua voz, seu ritmo cardíaco. Se ele receber tudo isso, com muito amor, tranquilidade e paciência, provavelmente, passará pelos desconfortos habituais de maneira muito singela.

A mãe e o bebê são uma só pessoa, sintonizados numa mesma frequência. Se a mãe acreditar na seu potencial, na sua intuição, ela conseguirá entender todas as necessidades mais sutis do bebê, interagir com ele e aos poucos adaptá-lo ao mundo.

O fundamental então, para que um bebê não tenha muitas cólicas é darmos todo o suporte a mãe, para que ela possa estar bem, tranquila emocionalmente, segura e totalmente pronta para essa tão linda e misteriosa nova jornada que se iniciou no germinar e agora caminha para o florescer.

Fontes: Albermari Sobreira – doula no Hospital Amparo Maternal e consultora de gestantes  e amamentação – Seu Face: https://www.facebook.com/albermari.sobreiraramires

Bruno Rodrigues – Guia do Bebê

BabyCenter.com

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações, citada a autora e a fonte www.docelimao.com.br

4 de outubro de 2019

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