Patrícia Monteiro Guerra e Adriana Magalhães Rosa *
Fitodermatite é uma inflamação da pele (dermatite), causada pelo contato do limão e outros vegetais (fito) com a exposição da luz solar (foto = luz).
O contato pode ocorrer por manuseio ocupacional (barmen, garçons, cozinheiras, etc.) ou recreativo (lazer) à luz solar.
Essa resposta inflamatória é uma reação fototóxica aos compostos químicos, fotossensibilizantes presentes em frutas cítricas e vegetais como: limão, tangerina, laranja, lima, figo, manga e verduras como o aipo, coentro, cenoura, erva-doce, salsa e nabo.
O sumo da casca do limão é uma causa freqüente e muito comum em garçons que se expõem ao sol nos bares ao ar livre, após a preparação de sucos ou bebidas com uso do limão e outros cítricos.
Devido a reação, que acontece sobre a pele, de substâncias sensíveis aos fótons da luz solar, acontece uma irritação tóxica que desencadeia uma inflamação (dermatite), além de estímulo à produção de melanina (manchas).
A erupção geralmente se inicia um dia após o contato e a exposição à luz solar. Começa com máculas eritematosas de contornos irregulares e formas bizarras, que evoluem para lesões hiper-pigmentadas, principalmente nas áreas expostas, como face, tórax, mãos e pernas.
Ocasionalmente ocorre a formação de bolhas, que podem sofrer infecção secundária. Pode haver uma sensação de ardor nas fases iniciais.
Acomete principalmente pessoas de pele parda ou negra em todas as idades. Podem desenvolver apenas pigmentação escura maculosa, sem eritema ou lesões bolhosas. As lesões ocorrem comumente nos meses de verão nas latitudes setentrionais ou durante todo o ano nos climas tropicais.
A evolução da fitofotodermatite é aguda, autodelimitada, com regressão espontânea total da hiper-pigmentação em 4 a 6 semanas, sem deixar cicatriz. Pode haver recidiva em caso de re-exposição após novo manuseio.
O tratamento praticamente não influência a evolução natural das manchas. São desnecessários exames complementares, pois é firmado facilmente se o padrão for reconhecido e a história detalhada for obtida. Assim, um tratamento especial é desnecessário nas formas apenas pigmentadas. Pode ser útil o uso de fotorreceptores, de uso tópico como: cremes de corticóides associados ou não a antibióticos, principalmente quando houver bolhas na fase aguda.
• O que fazer quando a pele fica manchada?
Geralmente, as áreas mais afetadas pelas manchas são mãos, braços e lábios. O tamanho das manchas varia de acordo com a quantidade de suco residual na pele e exposta ao sol. Em casos mais graves, podem surgir manchas avermelhadas, bolhas, ardência e coceiras.
O uso de filtro solar ajuda a proteger a pele se passado antes do manuseio e, se sempre que houver contato com essas frutas, lavar bem o local com água e sabão pode amenizar o problema.
Uma vez formadas as manchas por fito-foto-melanose, não há muito que fazer. Elas só vão desaparecer de forma espontânea e gradativa em 4 a 6 semanas. O importante é não voltar a manusear estes alimentos se vai se expor ao sol.
Independentemente do tipo de mancha, o ideal é procurar um dermatologista, que fará o diagnóstico e indicará os tratamentos mais adequados para o problema. Em pessoas jovens, manchas como as sardas podem desaparecer sozinhas.
• As manchas podem evoluir para um câncer de pele?
Se as manchas desenvolverem aparência estranha, elas podem ser um alerta de que o sol causou danos à pele e podem evidenciar um câncer se a região manchada estiver áspera, com ferimentos e sangrando. As pintas, que podem evoluir para um câncer, também podem aumentar de tamanho ou mudar sua forma se forem expostas ao sol. No caso de alteração de tamanho, textura, cor ou forma de uma mancha, recomenda-se procurar um médico para um diagnóstico preciso.
Concluindo: a fito-foto-dermatite não causa câncer, mas tem um aspecto positivo de “denunciar” a presença de um pré-câncer, um câncer ou problema de pele.
FOTOSSENSIBILIZADORES E FOTOPROTETORES
Numerosos medicamentos sistêmicos podem aumentar suscetibilidade à radiação UV. Aumento dos danos induzidos pelo UV pode acontecer com o uso de antibióticos orais, anti-hipertensivos, psoralenos, agentes imunossupressores, anti-inflamatórios não-esteroides e numerosos outros agentes. Além disto, vários medicamentos tópicos e substâncias químicas industriais podem aumentar a sensibilidade à luz solar. Estes incluem psoralenos tópicos e outros agentes fotossensibilizadores, como o azul de metileno. Existem dois tipo de fotossensibilização induzida por drogas: a fototoxicidade e a fotoalergia. Substâncias fototóxicas são capazes de interagir com a radiação e modificar sua estrutura, causando lesões nas células. As substâncias que causam fotoalergia podem desencadear uma resposta imunológica quando expostas ao sol. Até mesmo um protetor solar pode desencadear uma resposta alérgica, causando eczemas e/ou urticárias. A tabela abaixo assinala algumas drogas capazes de aumentar a sensibilidade à radiação UV.
FOTOSSENSIBILIDADE INDUZIDA POR DROGAS
– FOTOTOXICIDADE (ERITEMA): FUROSEMIDA (diurético), TETRACICLINAS (antibióticos), VINBLASTINA (quimioterápico) e PSORALENOS (presente em frutas como limão e tangerina);
– FOTOALERGIA (ECZEMA, URTICÁRIA): TIAZIDAS (diuréticos), FRAGRÂNCIAS (almíscar) e PROTETOR SOLAR à base de PABA (ácido para-amino benzoico).
Leia também: Cuidados com o Limão: Manuseio
Referências Bibliográficas: LOWY, Gabriela; ALONSO, Fausto J. Forin; CESTARI, Silmara C.P; CESTARI, Tânia Ferreira; OLIVIRA, Zilda Najjar P. Atlas de Dermatologia Pediátrica. Editora Medsi, 2000. *FITZPATRICK, Thomas B;JOHNSON, Richard Allen; WOLFF, Klaus;SUURMOND, Dick. Dermatologia Atlas e Texto. Mc Grawltill. 4ª Ed. *FERREIRA, A. Walter; ÀVILA, Sandra L.M. Diagnóstico Laboratorial das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes.Guanabara Koogan. 2ª Ed. Pesquisadora: Adriana Magalhães
* Patrícia Monteiro Guerra é discente do Curso de Fisioterapia do Unileste/MG – 5º Período e Adriana Magalhães Rosa é pesquisadora.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações, citada autoria e a fonte: www.docelimao.com.br
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