Conceição Trucom
Quantos quilos a mulher deve ganhar durante a gravidez? Que alimentação seria a ideal? Que cuidados com o seu corpo seriam fundamentais?
Antes de qualquer coisa, toda mulher que deseja engravidar e está com excesso de gordura corporal deve ser encorajada a emagrecer segundo uma dieta saudável e consciente.
As mulheres que fumam, ingerem bebidas alcoólicas em excesso ou usam qualquer outro tipo de droga devem parar. Na verdade, o ideal seria que os pais (mãe e pai) decidissem interromper tais hábitos nocivos no momento de planejar a concepção da criança, pois seus efeitos maléficos podem afetar a qualidade genética de óvulos e espermatozóides.
Mas, qual o peso ideal da mamãe ao final da gestação? Essa é uma questão que todas as gestantes têm curiosidade em saber. Na primeira metade do século 20, devido aos problemas de pressão arterial gerados pelo excesso de peso materno, as recomendações eram de não ganhar mais de 9 kg. Porém, ao se constatar bebês nascendo com baixo peso e suas conseqüentes complicações, a previsão de ganho de peso na gravidez foi liberada. Em 1990, o U.S. Institute of Medicine (IOM) publicou importante trabalho que recomendava o ganho de peso de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) materno na pré-gestação.
Calcule o seu IMC = Peso (kg) : (Altura x Altura)
Exemplo: Peso 60 kg e Altura 1,67 cm >>> IMC = 60 : 1,67 x 1,67 = 21,51
IMC antes início
gravidez |
Ganho de peso
recomendado |
IMC < 20 (baixo peso)
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12,5 até 18 kg
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IMC 20 a 26 (normal)
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11,5 até 16 kg
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IMC 26 a 30 (acima do peso)
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7 a 11,5 kg
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IMC > 30 (obesa)
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Pelo menos 6 kg
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Importante: Trata-se apenas de uma referência básica e deve-se ressaltar que existem vários outros fatores que podem influir no peso da criança ao nascer, como o fumo, o uso de drogas e um acompanhamento pré-natal inadequado.
Os efeitos do álcool e cigarro na gravidez
Cigarro e álcool têm que passar a léguas de distância de uma mulher grávida. Ambas são substâncias altamente tóxicas e fazem mal à mãe e ao bebê.
O álcool pode provocar a síndrome alcoólica fetal que, além de resultar na má formação de alguns órgãos vitais pode provocar lesões irreversíveis no sistema nervoso do feto.
Quanto ao cigarro, os filhos de mulheres fumantes nascem abaixo do peso, com menor estatura e tendem a apresentar problemas respiratórios futuros. É válido ressaltar que as crianças cujas mães fumaram durante a gravidez podem até recuperar o peso, mas a estatura costuma permanecer abaixo do normal.
A alimentação consciente da gestante
Durante a gravidez, as necessidades energéticas e corporais de alimentação diferem daquelas de uma não-gestante. Ao engravidar, o organismo começa um ajuste para providenciar meio-ambiente adequado para dar suporte à vida, ao crescimento do feto e para a amamentação depois do nascimento da criança.
As necessidades energéticas e nutricionais devem ser aumentadas para suprir a demanda adicional da mãe e do feto em crescimento. Suprir estas demandas dá segurança à gravidez, à saúde da mãe durante e após a gravidez e à saúde da criança ao nascer.
Durante a gravidez, a demanda energética total é de aproximadamente 80.000 calorias. Então, o aumento de consumo calórico durante a gravidez deve ser uma média de 300 calorias/dia para aquelas grávidas com peso normal no início da gestação.
Ou seja, é muito importante manter um aumento de peso adequado durante a gestação, incrementando a ingestão de alimentos de elevado valor nutricional e vital como as sementes germinadas, dobrando o consumo de folhas (ácido fólico), frutas e raízes, ricas em minerais entre eles o ferro.
Conforme na tabela acima, o número total de quilos ganhos na gravidez varia de pessoa para pessoa, mas o esperado para a maioria das mulheres sadias é de aproximadamente 11 a 13 kg. Entretanto, o ganho real de peso deve começar no segundo trimestre da gestação, quando o aumento no consumo de proteínas e cálcio deve vir principalmente dos alimentos mencionados acima.
O aumento de ácido fólico será garantido com o maior consumo de folhas (idealmente frescas e de cultura orgânica) e do ferro normalmente é suplementado por complementos vitamínicos que também contêm: zinco, cobre, cálcio e vitaminas B6, C e D. Esses suplementos são iniciados logo na primeira visita pré-natal ao médico. Mulheres vegetarianas devem suplementar maior quantidade de vitaminas D e B12.
Os primeiros três meses de gravidez
O desenvolvimento do feto passa a ser influenciado principalmente a partir do 17º dia após a concepção. Mas como a maioria das mulheres não sabe que é gestante neste período, o ideal é que a dieta seja adequada sempre.
Nas primeiras dez semanas o aumento de peso é pequeno, basicamente produzido pelo aumento do útero e volume do sangue da mãe. Nessa ocasião o feto pesa aproximadamente cinco gramas, um moranguinho.
Alimentando-se corretamente a mãe aumentará um total de um a dois quilos no fim do primeiro trimestre e sua barriga ainda será muito discreta.
Ao final destes primeiros três meses o embrião que era do tamanho de um grão de arroz terá cerca de dez centímetros e pesará cerca de cinco gramas. O mais importante dessa fase é que o bebê já tem todos os órgãos essenciais formados e seu coraçãozinho já pode ser ouvido.
O segundo trimestre da gravidez
A partir da 13ª semana a gestante começa a engordar cerca de 450 gramas/semana, até completar o final da gestação.
No quarto mês já dá para saber o sexo do bebê e é quando se dá início à fase social da gravidez, quando já não dá mais para a barriga da futura mamãe ser confundida com gordura e as pessoas já interagem com a mulher como uma grávida. Todos os órgãos do bebê já estão formados e a natureza agora está totalmente voltada para o seu amadurecimento e crescimento.
Portanto, são necessários cuidados EXTRAS com a alimentação que deve incluir doses adequadas de cálcio, ferro, sementes germinadas, raízes, frutas, alimentos frescos, crus e integrais (fibras), assim como complementos vitamínicos receitados pelo médico, quando necessários.
As consultas pré-natais prosseguem como desde o início da gestação. A grande novidade desta fase fica por conta do ultra-som, por meio do qual o médico poderá dizer qual o sexo do bebê.
É hora também de começar a colocar bastante atenção nos exercícios corporais e respiratórios que vão ser bastante úteis na hora do parto. Um médico ou um especialista em educação física poderão dar as dicas a esse respeito.
No mais, a mãe deve procurar manter o equilíbrio emocional, as consultas em dia e os cuidados com o ganho de peso. Esses cuidados essenciais ajudam a garantir um parto tranqüilo, o nascimento de um bebê saudável e, um pós parto de recuperação mais rápida.
Os últimos três meses de gravidez – a contagem regressiva!
Para quando é? É menino ou menina? O bebê se mexe muito? Muito enjôo? Consegue dormir bem?
Pois é, a posição para dormir começa a incomodar bastante.
O cuidado passa a ser redobrado com as emoções fortes, esforço físico, alimentação e com a saúde em geral.
É mais que chegada à hora da mamãe conversar com o bebê. Ele já escuta a voz da mãe e, ao nascer, a identificação entre eles será imediata. Nada mais natural, uma vez que passaram nove meses unidos e integrados. O papel de grávida, que foi desempenhado por nove meses, em algumas horas vai ser transferido para o de mãe, que vai durar por longos anos. O show da vida não pode parar.
Durante a amamentação
É comum ouvir das mulheres que estão amamentando que a fome aumenta e existe uma “crença” de que, como o gasto calórico aumenta nesse período, é permitida a ingestão de muitas calorias e não engordar. Essa informação é incorreta, pois a amamentação consome, em média, 500 calorias a mais por dia, o que corresponde a apenas 100 gramas de chocolate, por exemplo. Portanto, enquanto estiver amamentando, a mãe deve prosseguir com os cuidados com a alimentação que, repetindo, deve favorecer os alimentos de elevado valor nutricional e vital: sementes germinadas, raízes, frutas e vegetais frescos, crus e integrais.
Leia também: Amamentação – ação mental de amar
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