Mais um ESTUDO * ‘degustação’ do nosso próximo curso online 10% HUMANO. Esse estudo nos FAZ um mega ALERTA, motivo para ler a saber mais! Conceição Trucom.
Tradução exclusiva para o Doce Limão por Fernando Trucco **
Realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Stanford, estudo aponta preocupações sobre as dietas com baixo teor de fibras, caso típico das sociedades industrializadas. Num crescente de ausência de fibras, podem produzir deficiências internas que serão repassadas para as gerações seguintes.
O estudo, realizado com camundongos, indica que dietas com baixo teor de fibra não só empobrecem a necessária complexidade dos ecossistemas microbianos que residem em cada intestino dos mamíferos, mas também podem causar uma perda irreversível da diversidade dentro desses ecossistemas em apenas três ou quatro gerações.
Uma vez que uma população inteira tem experimentado a extinção de espécies bacterianas-chaves, simplesmente “comer corretamente” pode já não ser suficiente para restaurar estas espécies perdidas.
Aqueles que vivem em sociedades industriais avançadas já podem estar indo por esse caminho.
A proliferação de alimentos de conveniência, livres de fibras e altamente processados, vem acontecendo desde quase meados do século 20. Isso resultou em um consumo médio per capita de fibras – por estas sociedades industrializadas – de cerca de 15 gramas/dia.
Isso é tão pouco, como um décimo (10%) do consumo dos caçadores-coletores e das populações agrárias rurais, cujas condições de vida e ingesta dietética presumivelmente se assemelham mais aos hábitos de nossos antepassados ??humanos comuns, disse Justin Sonnenburg, PhD, professor associado de microbiologia e imunologia e autor sênior do estudo, que será publicado também na revista Nature.
Dietas pobres no teor de fibras
Praticamente todos os especialistas em saúde concordam que as dietas pobres em fibras estão abaixo do ideal. Preocupante, e a principal razão para isso é que a fibra (o que não pode ser digerido por enzimas humanas), é a principal fonte de alimento para as bactérias comensais que colonizam nossos intestinos, disse Sonnenburg.
Milhares de espécies bacterianas distintas habitam um intestino grosso saudável. “Teríamos dificuldade de viver sem elas”. “Elas nos defendem de agentes patogênicos, treinam nosso sistema imunológico e até mesmo orientam o desenvolvimento de nossos tecidos.”
E a indicação clara dos estudos científicos – mais recentes e bem antigos – é que a biodiversidade de nossa microbiota é o que a torna mais eficiente e poderosa para a manutenção da saúde plural. Mas, esta biodiversidade é diretamente proporcional à diversidade de alimentos de origem vegetal que consumimos. Bem dito, ideal que sejam frescos e maduros e integrais e da estação, ou seja, já sabemos: o alimento PREFERIDO da nossa microbiota, nossos ‘amigos ocultos’: MUITA FIBRA!!! Conceição Trucom
Nós adquirimos esses passageiros microscópicos ao longo de nossas vidas e uma das fontes mais importantes de nossas populações bacterianas intestinais é a nossa família imediata, especialmente as nossas mães durante o parto e a infância.
Estudos realizados com a fauna microbiana dos seres humanos demonstraram que a diversidade de espécies de bactérias que habitam o intestino de caçadores-coletores e populações agrárias rurais, ultrapassa muitas vezes o encontrado nas pessoas que vivem em sociedades industrializadas modernas, disse Sonnenburg.
Na verdade, esses estudos indicam a completa ausência de numerosas espécies de bactérias em populações industrializadas, as que são compartilhadas por muitos povos antigos e populações rurais, apesar de que estes grupos estão dispersos através de vastas extensões geográficas que variam desde África até América do Sul e Papua Nova Guiné.
Teor alto X baixo de fibra dietética
“Inúmeros fatores, incluindo o uso generalizado de antibióticos, as frequentes cesarianas e a amamentação deficitária têm sido propostos para explicar o esgotamento bacteriano que observamos nas populações industrializadas”, disse a autora principal do estudo, Erica Sonnenburg, PhD, cientista de pesquisa sênior da Universidade de Stanford (ela e Justin Sonnenburg são casados). “Nós nos perguntamos se a enorme diferença da ingesta de fibra alimentar entre as populações tradicionais e modernas poderia, por si só, ser a causa disto.”
Os pesquisadores de Stanford empregaram ratos jovens de laboratório especialmente criados em ambientes assépticos, de modo que, ao contrário dos ratos comuns (e seres humanos comuns), os seus intestinos não tinham qualquer habitante microbiano. Depois de inserir nas vísceras dos ratos micróbios de um doador humano, os cientistas os dividiram em dois grupos. Um grupo foi alimentado com uma dieta rica em fibras de origem vegetal. A dieta do segundo grupo continha valores equivalentes referente a primeira em termos de proteínas, gorduras e calorias, porém praticamente isenta de fibra.
Durante a experimentação que se seguiu, os pesquisadores analisaram amostras de fezes dos animais. Os perfis bacterianos dos dois grupos foram inicialmente indistinguíveis, mas logo divergiram. “Dentro de um par de semanas, vimos uma grande mudança”, disse Justin Sonnenburg. “Os ratos do grupo de baixo consumo de fibra hospedavam menos espécies bacterianas no intestino.” Mais da metade dessas espécies bacterianas tinha diminuído em mais de 75%, e muitas espécies pareciam ter desaparecido completamente.
Depois de sete semanas, os ratos que tinham consumido uma dieta pobre em fibras tornaram a ter uma dieta rica em fibras, durante quatro semanas. O perfil bacteriano dos ratos foi recuperado parcialmente – provavelmente devido a um aumento na abundância de algumas bactérias que haviam diminuído a níveis indetectáveis ??durante o período de baixa ingesta de fibras. Ainda assim, esta restauração foi apenas parcial:
Um terço das espécies originais nunca se recuperou completamente
apesar do retorno a uma dieta rica em fibras.
E tais mudanças NÃO foram observadas nos ratinhos de controle, aqueles continuamente alimentados com uma dieta rica em fibras.
Efeitos geracionais
A verdadeira surpresa veio depois que os ratos tinham sido criados e mantidos em dietas de baixo teor de fibras por algumas gerações. No experimento estes ratos foram expostos a micróbios apenas através do contato com os pais. O ecossistema intestinal-bacteriano de cada geração sucessiva declinou em diversidade. Na quarta geração o esgotamento tinha chegado a um ponto em que quase três quartos das especies bacterianas residentes presentes nos bisavós tinham desparecido.
Mesmo depois que estes ratos foram colocados de volta em uma dieta rica em fibras, mais de dois terços das espécies de bactérias identificadas nas vísceras da primeira geração foram irrecuperáveis, indicando a extinção dessas espécies na quarta geração.
Por outro lado, uma medida um pouco mais agressiva realizada foi “o transplante fecal”, o qual resultou na recuperação destas espécies perdidas. A inserção do conteúdo fecal da quarta geração de ratos alimentados com dieta alta em fibras para os intestinos de ratos de baixa fibra de quarta geração, e colocando-os numa dieta rica em fibras, conseguiram restaurar completamente seus perfis bacterianos após duas semanas. Dentro dos 10 dias do processo, a composição e a diversidade das bactérias nos intestinos deste grupo foram indistinguíveis dos ratinhos de controle.
Estes resultados representam grandes implicações para os seres humanos, disse Erica Sonnenburg. “Há muito poucos ecossistemas onde a baixa diversidade de espécies é uma coisa boa. Não há nenhuma razão para pensar que nosso intestino é uma exceção”, disse ela.
Possíveis correções
“O consumo extremamente baixo de fibras nos países industrializados ocorreu há relativamente pouco tempo”, observou Justin Sonnenburg. “Será possível que ao longo das próximas gerações vamos perder ainda mais espécies em nosso intestino? E quais serão as consequências para a nossa saúde?”
Ajustes simples em nossas práticas culturais – por exemplo, não lavar as mãos depois da jardinagem ou de acariciar nossos cães – poderiam ser um passo na direção correta. Limitar o uso excessivo de antibióticos certamente também, disse ela. Medidas mais extremas, tais como transplantes fecais em massa, exigiria testes em larga escala para se certificar de que são necessários e seguros.
(*) Fonte: Stanford University Medical Center. “Low-fiber diet may cause irreversible depletion of gut bacteria over generations.” Science Daily, 13 January 2016.
(**) Fernando Trucco, Professional Translations. Reprodução permitida, desde que citada a fonte e o tradutor.
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