Por Gilberto Bassetto Jr.*
Flatulência é um processo natural de geração de gases no intestino em decorrência do processo digestivo. Isso inclui o processo de fermentação promovido por microrganismos constituintes da nossa microbiota. Quando escolhemos alimentos de boa qualidade e na quantidade adequada para nossa constituição, temos uma geração de volume mínimo de gases, cujo odor apresenta-se até mesmo imperceptível e a temperatura próxima da temperatura corpórea.
Porém, quando comemos: a) comidas inadequadas para nossa natureza, como alimentos super processados, b) quando não sabemos combinar e ingerimos alimentos incompatíveis entre si, ou c) em grande quantidade (excessos); processos fermentativos alterados e intensos decorrem dessa má (dificuldade de) digestão. Isso provoca mudanças substanciais na produção de gases, que podem ter os seguintes aspectos isolados ou em conjunto:
– Aumento do volume de produção de gases,
– Aumento significativo do odor, tornando-se cada vez mais fétidos e,
– Aumento da temperatura: gases mais aquecidos, quentes.
Isso pode provocar distensões e incômodos abdominais e representam, para a Medicina Tradicional Indiana (Ayurveda), a formação e distribuição de toxinas no corpo, cujo acúmulo gera as doenças.
Para a Ayurveda, os alimentos possuem diferentes proporções de 6 sabores a saberes: doce, azedo, salgado, picante, amargo e adstringente. Cada um deles promove efeitos fisiológicos específicos no organismo, sendo, portanto, necessários à nossa integridade física, mental e emocional.
Porém, quando presentes em excesso, podem acentuar determinadas características ou provocar desequilíbrios na nossa homeostase. Quando por exemplo comemos excesso de sabores picantes, amargos ou adstringentes, podemos favorecer o aumento de formação de gases no intestino, pois esses sabores em excesso produzem esse tipo de ação.
O sabor adstringente em excesso promove secura no intestino e maior produção de gases. Esse sabor encontra-se presente nas leguminosas (feijões, lentilhas, ervilhas, etc.) e por isso, sua preparação e consumo devem ser bem criteriosos para evitar a formação indesejável de gases e a consequente formação de toxinas.
Para isso, o Ayurveda recomenda os seguintes tipos de processamento (samskaras) quando preparamos leguminosas:
-
- Demolhar em água por um mínimo de 8 horas (toda a noite), descartando a água de molho,
- Cozimento com especiarias carminativas (previnem ou tratam flatulência), como alho, louro, cominho, coentro, erva-doce, etc. e,
- Fermentações especiais (opcional, mas desejável).
Além disso, a Ayurveda apresenta as seguintes recomendações:
– Não consumir leguminosas com alimentos incompatíveis como frutas: exemplo do costume brasileiro de comer arroz, feijão e banana,
– Ingerir porções mínimas desses alimentos,
– Não consumir leguminosas no jantar ou período noturno, onde nosso poder digestivo está reduzido e, portanto, nossa capacidade de evitar a formação de fases também.
Considerando essas valiosas observações e formas de se preparar as leguminosas, elas são importantes aliadas na promoção e construção da saúde, fornecendo excelentíssimos aportes nutricionais quando bem empregadas dentro de uma alimentação pautada em produtos de origem prioritariamente vegetais, frescos, integrais e orgânicos.
Que nosso alimento seja nosso sucesso!
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(*) Gilberto Bassetto Jr. – Químico, Educador, Eco-chef e Terapeuta Ayurvédico. Seu face AQUI.
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