Conceição Trucom
Quem já conhece o meu trabalho, seja através dos livros ou textos, sabe que sou bastante refratária ao consumo de açúcar de forma inconsciente.
Já sabe também que, valorizo sobremaneira o consumo dos alimentos vegetais e integrais (jamais refinados), pois é a melhor forma de acessarmos toda a sua alquimia, seu Ser e Viço.
Do açúcar mascavo ao branco, todas são versões refinadas, não saudáveis, pobres nutricionalmente, portanto fonte de energia vazia. Assim, ao longo do seu consumo exagerado e usual, tais tipos de açúcar irão favorecer e desencadear doenças.
Mas não estou afirmando com isso, que devemos cortar o sabor doce de nossas vidas. Segundo as medicinas antigas – a Tradicional Chinesa e a Ayurvédica-, os sabores são ferramentas importantíssimas na preservação da saúde e no tratamento de doenças.
O sabor doce, desde a infância, tão ligado ao prazer e às memórias afetivas, mexe bastante com os circuitos cerebrais, portanto com nosso emocional e inteligências.
Mas, é este mesmo sabor que desperta e harmoniza o baço (o grande almoxarifado do corpo humano), o estômago (o que digere e separa as unidades básicas de nutrição), a boca, os lábios e a salivação (que dão sustentação ao prazer e à consciência), e finalmente; o sabor doce é o responsável principal pelos processos de transformação.
Portanto, não podemos jamais abrir mão deste agradável sabor.
O que sim pretendo, em todo o meu trabalho de conscientização, é que este doce seja saboreado com responsabilidade e consciência.
Não pretendo saber do doce somente pela compulsão do prazer ou para suprir (entupir, esconder e abafar) as necessidades de transformação.
Minha proposta tem sido consumir o doce assim:
1) Com moderação e equilíbrio. Nenhum exagero é saudável ou sábio.
2) A partir de fontes mais saudáveis, naturais e integrais: carboidratos complexos!
Bons exemplos são as frutas frescas, os cereais integrais que bem mastigados são doces, as ervas doces, entre elas a estévia e o funcho, o mel e o melado de frutas (cana, caju, beterraba, etc.).
Mas tem um exemplo que é especial: as FRUTAS SECAS!
Desidratando, ou seja, evaporando a umidade natural das frutas frescas, que gira em torno dos 60-80%, teremos a banana passa, uva passa, ameixa, figo, tâmara, damasco, maçã, abacaxi, caqui, mamão … DIVINA DOÇURA!
Bem, vamos aos segredos por trás destas delícias, ricas em frutose – o açúcar das frutas -, sais minerais, vitaminas, fibras e enzimas.
Elas podem ser desidratadas ao natural, sob o efeito do calor solar, que não ultrapassa os 45ºC. Em caixas especificamente desenhadas, elas permanecem sob ventilação natural; expostas ao sol por horas, dependendo do tipo de fruta, seu corte, época do ano e grau de insolação de cada local.
Ou, sob o calor de estufas elétricas (fuja das estufas a óleo), em temperaturas que não podem ultrapassar os 66ºC. Essa é a temperatura média de uma das estufas do Instituto de Tecnologia de Alimentos, o Ital (Campinas/SP). As frutas frescas, manuseadas segundo cada tipo e fornecedor, são arrumadas em bandejas sobrepostas, por onde circula o ar quente. Permanecem nessa condição por horas, e ao final a fruta fresca se transforma em fruta seca ou fruta passa.
“Do início ao fim, tudo é controlado com rigor para preservar os nutrientes”, explica o engenheiro de alimentos José Maurício Aguirre, especialista em tecnologia de secagem do Ital. Um exemplo: a banana recém colhida tem cerca de 70% de água e ao final da desidratação fica com cerca de 15% de umidade. E olho nas embalagens, pois a umidade das frutas secas não pode ser superor a 25%, pois neste caso, além do fabricante ganhar mais vendendo água, a possibilidade de crescerem fungos aumenta vertiginosamente.
Na secagem solar não ocorre perda das substâncias nutritivas, pois vai embora somente a água. Ao contrário, ocorre um enriquecimento, pela impregnação de energia solar (prana) que a fruta recebe durante sua secagem.
Na secagem por estufa a perda maior é da vitamina C, que se degrada termicamente a partir dos 45ºC. Mas, fora isso, a perda nutricional é praticamente nula, se o fabricante evitar aditivos sintéticos, secagem com estufas a óleo (pois haverá contaminação com os gases do óleo usado) e descontroles da temperatura de secagem.
Obviamente, a desidratação concentra o teor de açúcar e todos os demais nutrientes, consequentemente, as calorias. Ou seja, uma banana fresca tem o mesmo valor calórico de uma banana seca.
Assim, valem alguns alertas:
1. É mais fácil extrapolar no consumo das frutas secas, conseqüentemente nas calorias e no açúcar. Portanto, moderação é preciso, já que o açúcar está concentrado.
2. É importante mastigá-las muito bem, para dar tempo da salivação acelerar sua re-hidratação, que será finalizada no estômago.
3. Portanto, a ingestão de frutas secas exige um aumento no consumo de água, o que é muito benéfico.
4. No caso das frutas secas industrializadas existem conservantes (químicos ou orgânicos naturais), que evitam a oxidação das frutas, o crescimento de fungos, e até auxiliam no seu tempo de secagem (geram fissuras nas cascas para a água evaporar mais rápido). Importante checar se os limites impostos pela legislação para a adição dessas substâncias estão sendo respeitados. Os conservantes químicos são: bicarbonato de sódio, cloreto de sódio, hidróxido de sódio e o anidrido sulfuroso. A legislação estipula o máximo de 0,1 grama/quilo de fruta produzida, que é tolerável e num processo de produção em alta escala é necessário, para evitar a contaminação por insetos e fungos..
5. Para quem rejeita a ingestão de conservantes químicos, mesmo que em quantidades ínfimas, o ideal são as frutas secas desidratadas com técnicas naturais, preparadas em estufa solar ou com conservantes orgânicos, como o ácido cítrico (suco de limão) e o ácido ascórbico, a popular vitamina C. Para quem é fã do limão, nem precisa comentários.
6. Olho nos rótulos e locais de compra.
Uma certeza: as frutas secas são uma rica fonte de frutose, que é um açúcar mais lento (menos glicêmico) e ainda na sua forma integral, ou seja, toda a alquimia da fruta está ali concentrada, principalmente se for via secagem solar. Caso não o seja, lavar as frutas deixando-as uns 5 minutos em hidratação (com água filtrada) e depois lavá-las em água corrente.
Consumir as frutas secas, como um “adoçante” natural, seja no preparo de sucos desintoxicantes, docinhos de aniversário com germinados, bolos onde o açúcar branco é compensado com elas, garante um sabor doce suave e agradável, assim como a reposição das energias, sais minerais, fibras e elevado poder desintoxicante.
Outro ponto a favor das frutas secas é o seu prazo de validade. Se bem armazenadas, longe da umidade e em temperatura ambiente, podem durar de seis meses a um ano. Por isso, fáceis de levar na bolsa para consumir a qualquer hora.
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- Abacaxi-passa – rico em fibras e carboidratos
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- Ameixa seca – rica em cálcio, potássio e vitamina A
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- Banana passa – rica em potássio e vitamina A
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- Damasco seco – rico em fibras, vitamina A e carboidratos
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- Figo seco – rico em cálcio e potássio
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- Maçã seca – rica em potássio
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- Mamão-passa – rico em cálcio
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- Pêssego seco – rico em fibras e vitamina A
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- Tâmara seca – rica em fósforo
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- Uva-passa – rica em potássioFontes: NUT WIN 2006 e FRUTOTECH / ITAL
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- Uva-passa – rica em potássioFontes: NUT WIN 2006 e FRUTOTECH / ITAL
Confira também: Curso de desidratação solar de alimentos no Trigueirinho/Figueira/MG e suas extensões São Carlos/SP e Granja Viana/SP – [email protected].
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