Recebo na minha casa todas as edições da Revista Integrativa da ClinoOnco*. Um presente eterno que ficou, quando conheci a Sandra num Mega Evento que participei, o 9º Encontro Holístico Brasileiro, POA/RS, Março 2014. E, a edição de dezembro 2016 veio BEM dedicada às crianças, à boa infância, cuja abertura, escrita com caneta mágica pela Sandra Rodrigues, já deu o tom e aqui reproduzo na íntegra.
Por Sandra Rodrigues
Diretora Assistencial e Administrativo
Editorial da Revista Integrativa da CliniOnco
“DAS MUITAS COISAS DO MEU TEMPO DE CRIANÇA
GUARDO VIVO NA LEMBRANÇA O ACONCHEGO DO MEU LAR
NO FIM DA TARDE QUANDO TUDO SE AQUIETAVA
A FAMÍLIA SE AJEITAVA LÁ NO ALPENDRE A CONVERSAR (…)
MEUS PAIS NÃO TINHAM NEM ESCOLA, NEM DINHEIRO
TODO DIA, O ANO INTEIRO TRABALHAVAM SEM PARAR
FALTAVA TUDO MAS A GENTE NEM LIGAVA
O IMPORTANTE NÃO FALTAVA SEU SORRISO, SEU OLHAR” (…)
Letras da canção Utopia do Padre Zezinho
A Modernidade tem seu preço. Ela foi chegando com a cara da felicidade, prometendo encantamentos. Já não precisaríamos mais nos preocupar em sair de casa para brincar com nossos filhos. Não precisaríamos gastar nosso precioso tempo em criar, construir a liberdade e a felicidade. Ela trouxe uma parceira de peso, bem compactada, bem elaborada, bem pensadas, muito “educativa”. As babás, os avós, ganharam reforço ou… perderam seus espaços.
Eis a inovação, a tecnologia na palma da mão! Cheia de magia, chegou chegando! Basta um toque e um novo mundo se faz. Ela transformou nossos conceitos…E para completar agora ganha reforço, uniu-se à insegurança e a falta de tempo dos pais e, de mãos dados roubaram nossos filhos, usurparam-lhes a espontaneidade e a liberdade de correr pelas ruas, de criar seus próprios brinquedos, de vibrar com as descobertas das coisas simples como a metamorfose de uma lagarta e ver nascer uma borboleta.
Enquanto seus cérebros são estimulados ao máximo para acompanhar as novidades que vem na velocidade de um furacão, seus corpinhos padecem. Não mais se exige deles movimentos amplos como pular corda, brincar de esconde-esconde, subir em árvores, brincar na chuva e descalço, descompromissado embarrar-se da cabeça aos pés.
Não sentimos mais a necessidade de prepararmos uma mesa com vários lugares, com as travessas e panelas distribuídas sobre ela onde é possível sentir o cheiro saboroso dos alimentos. A sala de jantar mudou-se para a sala de estar em frente ao um telão que traz virtualmente as novidades do mundo. Então, como sentir o sabor daquele alimento preparado, com tanto carinho e dedicação por nossas cozinheiras? Como identificar a seleção cuidadosa dos nutrientes se o cérebro está focado em outra informação e não consegue sequer distinguir de qual alimento é o sabor que passa pelas papilas gustativas? Isso se não oferecermos para nossos filhos os fast food, comidinhas congeladas e de preparo rápido, porque o tempo é restrito e é preciso correr para a próxima atividade.
Todo este contexto imposto pela sociedade moderna, consumista e pouco sustentável aponta suas flechas para o universo infantil, sujeito às regras, hábitos e costumes adotados pelos adultos.
Nossos filhos estão sofrendo de doenças da modernidade: obesidade, desnutrição funcional, má postura, problemas de visão e audição, enfraquecimento ósseo, ansiedade, depressão ou pior, são diagnosticados como hiperativos e para controla-lo se impõem a medicalização. Talvez o que eles precisem é que as “grades” se desfaçam e possam libertar o turbilhão de energia e criatividade represada pelas circunstâncias.
Então, nós adultos temos que assumir a responsabilidade em mudar este panorama. Cabe a nós, o movimento de transformação, de proporcionar à criança, o que é próprio da criança. Somos nós que precisamos mudar hábitos e estilo de vida e oferecer aos nossos filhos a chance de um desenvolvimento e crescimento saudável e sustentável. Estas reflexões justificam o porquê de escolhermos a Infância como tema da matéria principal desta edição. Nossa intenção é instigar e desacomodar. É forçar para que saiamos de nossa zona de conforto e pensemos nas futuras gerações para que elas não venham a sofrer com as consequências de nossos desleixos.
Abordamos também nesta revista, uma doença de grande impacto na vida da criança e da família, o câncer pediátrico, que apesar de não ter como causa direta o estilo de vida e influencias ambientais, necessita ser bastante difundida pois a identificação precoce dos sintomas é o passo mais importante para atingir elevados percentuais de cura deste tipo de doença.
Esta edição, por se tratar da última do ano de 2016, ficou extensa mas sentimos a necessidade de compartilhar com vocês, informações que consideramos relevantes seja através de artigos, depoimentos e relatos de acontecimentos. São conteúdos que merecem a dedicação de um tempinho para serem lidos. Nos esmeramos para dividir com cada um de vocês em especial, o nosso trabalho feito com carinho e dedicação.
Finalizo este editorial desejando a todos muita PAZ, AMOR E LUZ em seus corações e que 2017 seja pleno.
Abraços afetuosos.
Assista Entrevista com Carin Primavesi: curando déficit de atenção com alimentação
Para saber: Conceição Trucom no 9º Encontro Holístico Brasileiro
E este vídeo, meio longo, mas que vale à pena: Os filhos escolhem os pais. Muito impactante e não deixe de ler as questões e respostas colocadas no rodapé do vídeo.
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