Livre-se dos Agrotóxicos

Conceição Trucom

Chegando o verão e o consumo de frutas e saladas aumenta. Momento ideal para praticar a Alimentação Desintoxicante – antes, durante e após as festas de virada do ano – que está toda baseada no consumo de vegetais  crus, frescos e idealmente cultivados de forma orgânica.

Tal cultura trata do solo, da qualidade nutricional do alimento, do agricultor e do ecosistema. E, nada mais sábio como cuidar da nossa saúde e ao mesmo tempo do planeta, pois consumir diariamente alimentos contaminados por agrotóxicos, pode causar inúmeras doenças (agudas e crônicas) e inegavelmente prejudicar todos que amamos e ao planeta.

Os agrotóxicos começaram a ser usados em escala mundial após a 2ª grande guerra. Vários deles serviram de arma química nas guerras da Coréia e do Vietnã, como o Agente Laranja, desfolhante que dizimou milhares de soldados e civis.

Os países que tinham a agricultura como principal base de sustentação econômica – na África, na Ásia e na América Latina – sofreram fortes pressões de orgãos financiadores internacionais, para adquirir e usar essas substâncias químicas. A alegação era que os agrotóxicos garantiriam a produção de alimentos para combater a fome. Com o inofensivo nome de ‘defensivos agrícolas’, eles eram incluídos compulsoriamente, junto com adubos e fertilizantes químicos, nos financiamentos agrícolas. No Brasil sua utilização, em larga escala, teve início na década de 70.

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Gasta, anualmente, cerca de 2,5 bilhões de dólares nessas compras. Infelizmente, pouco se faz para controlar os impactos sobre a saúde dos que produzem e dos que consomem os alimentos impregnados por essas substâncias. O DDT (inseticida organoclorado) foi banido em vários países, a partir da década de 70, quando estudos revelaram que os resíduos clorados persistiam ao longo de toda a cadeia alimentar. Estudos demonstraram também a contaminação do leite materno. No Brasil, somente em 1992, após intensas pressões sociais, foram banidas todas as fórmulas à base de cloro (como BHC, Aldrin, Lindano etc). Várias outras substâncias, como o Amitraz, foram proibidas.

A Lei de Agrotóxicos, n° 7802, aprovada em 1989, proíbe o registro de produtos que possam provocar câncer, defeitos gestacionais (teratogênese) e nas células (mutagênese). Mas produtos como o Amitraz, e outros que já haviam sido proibidos, continuam sendo comercializados ilegalmente. Já os perigosos fungicidas – Maneb, Zineb e Dithane -, embora proibidos em vários países, são muito usados, no Brasil, em culturas de tomate e pimentão. Os dois primeiros podem provocar doença de Parkinson. O Dithane pode causar câncer, mutação e malformações no feto.

O Gramoxone (mata-mato), cujo princípio ativo é o Paraquat, é proibido em diversos países. No Brasil, é largamente usado no combate a ervas daninhas. A contaminação pode provocar fibrose pulmonar, lesões no fígado e intoxicação em crianças.

O uso descontrolado, a propaganda massiva, o medo de perda de produtividade da safra, a cultura do ‘fruto bonito é aquele que as pessoas gostam de comprar’, a não utilização de equipamentos de proteção e o pouco conhecimento dos riscos, são alguns dos responsáveis pela intoxicação dos trabalhadores rurais. Nos nossos principais pólos de produção hortifrutigranjeira (Região Serrana e Médio Paraíba) existem casos de intoxicação por pesticidas.

Os riscos não se limitam ao homem do campo. Os resíduos das aplicações atingem os mananciais de água e o solo. Além disso, os alimentos comercializados nas cidades podem apresentar resíduos tóxicos.

Alimentos Contaminados:

Produtos como carne, leite, cereais e hortaliças não são avaliados sistematicamente para detecção de resíduos tóxicos. Entre 1997 e 1998, o Instituto Biológico de São Paulo encontrou resíduos tóxicos em cerca de 27% das frutas disponíveis no comércio. Dessas, 20% tinham resíduos de produtos proibidos. O mesmo estudo, para as hortaliças, mostrou que 44% das amostras estavam contaminadas, sendo que 6% delas, com resíduos de produtos proibidos.

A limpeza de frutas e hortaliças, além de eliminar microorganismos, reduz mas não elimina a contaminação por produtos tóxicos. As frutas devem ser lavadas com água corrente e sabão de coco e descascadas. As hortaliças, além de lavadas, devem ser imersas em água com limão por 20 minutos. Quanto mais bonita a fruta ou hortaliça, mais se deve desconfiar do uso abusivo de agrotóxicos.

O que é a Agricultura Orgânica?

O conceito de agricultura orgânica surge com o inglês Sir Albert Howard, entre os anos de 1925 e 1930, que trabalhou e pesquisou na Índia durante muitos anos. Howard ressaltava a importância da utilização da matéria orgânica e da manutenção da vida biológica do solo. Resumidamente, agricultura orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a alimentação animal, compostos sinteticamente.

Sempre que possível baseia-se no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças. Busca manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza.

Um pouco da história segundo Eduardo Ehlers, debaixo do grande guarda-chuva que é o conceito de agricultura alternativa, insere-se a vertente da agricultura orgânica. Debaixo do mesmo guarda-chuva encontramos as chamadas agricultura natural, biodinâmica e biológica.

No início dos anos 30 alguns cientistas alertaram sobre os equívocos do modelo convencional de produção agrícola (uso de insumos químicos, alta mecanização das lavouras, entre outras práticas) não seria este o modelo que garantiria o futuro das terras férteis. Após a 2ª Guerra Mundial, os produtos químicos tornaram-se mais conhecidos, conseqüentemente os agrotóxicos começaram a ser utilizados na agricultura convencional. No entanto, até os anos 70, os defensores da agricultura sustentável eram ridicularizados. A partir dos anos 60, começam a surgir indícios de que a agricultura convencional apresenta sérios problemas energéticos e econômicos e causa um crescente dano ambiental. Neste período várias publicações e manifestações despertaram o interesse da opinião pública. Na década de 80 o movimento cresce, e na de 90 explode. Cada vez mais surgem produtores orgânicos até chegarmos ao quadro atual, no qual os orgânicos estão presentes nas gôndolas das grandes redes de supermercados de todo o país.

Em São Paulo, a Associação de Agricultura Orgânica (AAO) possui 5 feiras semanais, onde você pode comprar direto dos produtores. Para saber sobre Feiras Orgânicas em todo o Brasil


Observações importantes e Dicas para minimizar o efeito dos agrotóxicos dos alimentos da cultura convencional:

1. Para pessoas com doenças de baixa imunidade como o câncer e a AIDs, além das que se encontram em estado de convalescença, recomenda-se o consumo massivo de alimentos de cultura orgânica, evitando ao máximo os alimentos da cultura convencional, muito cozidos ou industrializados.

2. Tomate, berinjela e pepino: Escolher os mais franzinos, com ‘defeitos’ e mais maduros, pois com o passar do tempo os venenos vão se dissipando. Não sendo de cultura orgânica, evitar consumo diário. 

3. Banana, mamão e laranja: Evitar o mamão papaia e frutas muito graúdas e bonitas. Livre-se das cascas, após lavá-las muito bem, uma vez que os agrotóxicos destas frutas estão mais na superfície. Para tirar proveito das cascas e sementes usar somente frutas de cultura orgânica.

4. Cenoura e beterraba (raízes em geral): Lavar com uma escova macia e sabão de coco, limpando bem qualquer resíduo de terra.

Fontes: www.aao.org.br e Sindipetro

Leia também: O Ser Ecológico

O Ser Ecológico vai à feira I – As Frutas

Hidropônicos ou Orgânicos? Parte 1

25 de setembro de 2019

0 respostas em "Livre-se dos Agrotóxicos"

Deixe sua mensagem

Aviso legal

AS INFORMAÇÕES E SUGESTÕES CONTIDAS NESTE SITE TÊM CARÁTER MERAMENTE INFORMATIVO. ELAS NÃO SUBSTITUEM O ACONSELHAMENTO E ACOMPANHAMENTO DE MÉDICOS, NUTRICIONISTAS, PSICÓLOGOS, FISIOTERAPEUTAS E OUTROS PROFISSIONAIS.

Contato

[email protected] - CNPJ: 23.834.685/0002-58
RUA MACHADO BITTENCOURT, 205 - SÃO PAULO - CEP 04044-000

Site seguro

top
COPYRIGHT © 2019 DOCE LIMÃO. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.