Por Conceição Trucom
A meditação não é algo novo, nós viemos ao mundo com ela. A meditação é natural, é o próprio ser, a própria vida. A meditação é um alimento tão natural e vital como a respiração.
A conquista de uma vida mais plena, equilibrada, harmoniosa e lúcida, passa pela naturalidade e qualidade de como respiramos e meditamos.
Nós a tornamos difícil por lutarmos contra algo que achamos está nos impedindo de ser livres, ou por buscarmos algo que, presumimos nos dará mais liberdade.
Na realidade, a liberdade está em simplesmente relaxarmos (aceitarmos) aquilo que somos, vivendo a cada momento intensamente, como se não houvesse outro momento.
As pessoas estão lutando para se livrarem de alguma coisa. Uma esposa que só reclama, um marido controlador, um pai dominador, um chefe repressor, uma sociedade corrupta e violenta.
Minha luta tem sido, desde a infância, um esforço para me libertar dos condicionamentos sociais, através de muito trabalho terapêutico. Esta luta, apesar de me tornar cada vez mais consciente do meu ser, não me tornou livre. Esta luta é simplesmente uma reação contra algo que eu acho não me permite ser livre.
A liberdade da meditação não é tampouco uma busca para encontrar libertação de algo. Todos temos sonhos de estar em alguma situação que permita simplesmente relaxar e ser nós mesmos? Livres da competição e da tensão da vida cotidiana?
Minhas experiências demonstraram que a liberdade pela qual estamos buscando não depende de algo fora de nós mesmos. Então, qual é a liberdade que aspiramos?
SIMPLESMENTE LIBERDADE, VIVENDO NO AQUI E AGORA, momento a momento, nem vivendo na memória e opressão do passado, nem em fantasias do futuro.
Alimentando-se – simplesmente coma, esteja presente, saboreie, celebre com todos os sentidos. Caminhando, simplesmente caminhe, esteja ali, admire tudo o que está acontecendo neste caminhar. Não vá à frente, não pule para cá e para lá. A mente sempre vai para a frente ou para trás. Fique com você a cada momento.
Então, o que fazer a respeito dessa tagarelice e desse dispersar fora de controle, que nos separa e nos priva de momentos preciosos da vida? Inúmeras vezes repito: “Meditar”.
Não podemos parar a mente tagarela diretamente, mas através da meditação, o tagarelar pode diminuir e finalmente desaparecer.
Com a meditação a mente torna-se um instrumento útil, ao invés de escravizar-nos com sua constante inquietação. Frequentemente ficamos confusos pela profusão de técnicas de meditação. Mas são apenas recursos técnicos para nos ajudar na conquista do estado meditativo.
O fundamental é usar de técnicas adequadas às nossas condições sócio culturais e natureza psico-emocional. As técnicas da meditação ativa foram desenvolvidas para o ocidente, que contém toda uma forma de viver, pensar e reagir diferente do oriental.
Assim, inicialmente usa-se de diversos trabalhos corporais como dança ou exercícios corporais, que irão provocar um movimento energético que desintoxica e relaxa o corpo, para finalmente dar espaço à meditação, ao silêncio, à observação, ao testemunhar.
Testemunhar simplesmente. Significa uma observação neutra, sem preconceitos. Um grande segredo da meditação. Se vêm pensamentos, observe, testemunhe, não julgue, não critique. E volte para o presente.
É na verdade tão simples que durante algum tempo não percebemos o ponto. Todos achamos, com certeza, que sabemos o que é observação. Observamos coisas ao nosso redor durante todo o tempo.
Vemos TV, outras pessoas, notamos como estão vestidas, calçadas, sua aparência e cheiro, mas geralmente não vemos a nós mesmos. Quando o fazemos é sob uma ótica de crítica constrangedora. Percebemos algo sobre nós mesmos que não gostamos e, então, começamos a nos preocupar sobre o que os outros pensarão. Essas tagarelices internas nos fazem sentir infelizes e culpados. Isso não é o testemunhar.
Através da meditação você descobrirá o que é testemunhar, porque ele começará a acontecer de maneira espontânea. Através da lucidez que a meditação traz, vem a possibilidade de transformar pensamentos e atitudes, padrões e preconceitos internos, cristalizados há muito tempo em nós.
Texto OSHO – Adaptado por Conceição Trucom.
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