Conceição Trucom
Qualquer pessoa, mesmo que já tenha passado dos 50 anos pode ter uma memória tão boa quanto de um jovem. Basta pôr a cuca para funcionar. Os nossos 100 bilhões de neurônios se ligam uns aos outros como os plugs às tomadas. São essas conexões que formam a memória.
É importante estar renovando seus neurônios
E se alguém dissesse que um sexagenário é capaz de se lembrar das coisas tão bem quanto um garoto que estuda para o vestibular? Quem ingressa no clube da terceira idade pode ter ótima memória. O neurofisiologista Avelino Leonardo da Silva, da Unesp, na cidade de Assis, comparou a capacidade de recordar de dois grupos:
1. no primeiro grupo jovens recém ingressados na universidade.
2. no outro grupo indivíduos com mais de 55 anos, todos com curso superior.
Na prática, o resultado foi um empate, mas Silva considerou vitória para os mais velhos. “Não há uma grande perda de neurônios com o passar da tempo”, conta. “Ocorre que eles podem se tornar inativos por falta de aprendizado e treino.”
Os jovens e os adultos maduros receberam o mesmo desafio. O pesquisador disse 15 palavras em voz alta. Fez isso cinco vezes. Depois, entregou um texto aos participantes. Eles tinham de encontrar os vocábulos lidos pelo médico num tempo determinado. A média de acertos dos dois grupos foi igual.
Numa outra experiência, Silva repetiu esse método. Só que, dessa vez, os voluntários eram crianças da 4ª série do primeiro grau e adultos com mais de 55 anos sem o segundo grau completo. Mais uma vez, deu empate.
Os indivíduos mais velhos com maior nível de ensino tiveram um desempenho 30% melhor que os que freqüentaram a escola por menos tempo. “Isso mostra a importância do aprendizado para o desenvolvimento da memória imediata”. Memória imediata é aquela que faz você se lembrar do que ouviu há pouco tempo.
A importância da Ginástica Cerebral
Para manter a mente ativa, ela deve ser exercitada constantemente. “A falta de exercícios físicos atrofia os músculos da mesma maneira que não treinar o cérebro acaba prejudicando a memória”, compara o neurologista Paulo Bertolucci, da Universidade Federal de São Paulo.
E a leitura é um dos trunfos para manter a memória afiada. “As pessoas nem imaginam que, lendo, trabalham os sistemas visual e verbal”, explica o neurologista Ivan Izquierdo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em outras palavras, um bom livro pode ajudá-lo a se recordar não só de tudo o que ouve, como de tudo o que vê por aí. Atividades mais simples como planejar as compras e arrumar os móveis da casa também ajudam a guardar as lembranças.
Se o indivíduo não se interessa por ler ou aprender, deve tomar cuidado. Alimentar o cérebro com novas informações é uma das melhores maneiras de manter os neurônios conectados. Ou suas ligações e lembranças se perdem.
Lembranças efêmeras e duradouras
É possível classificar as lembranças conforme o momento em que foram captadas. A memória de curta duração persiste por pouco tempo. Ela acontece quando o indivíduo se recorda da primeira parte da frase que está ouvindo. Já a memória de longa duração retém fatos que se formam devagar, como o que se aprende na sala de aula.
Ao contrário do que se pensava antigamente, a equipe do professor Ivan Izquierdo, descobriu que esses dois tipos de memória têm a ver com as mesmas células nervosas, apesar de os mecanismos serem diferentes. “O cérebro cria uma memória que dura apenas seis horas e outra para a vida inteira”, conta o pesquisador.
Sem a prática regular de exercícios físicos, o sangue passa a circular mais lentamente. Assim o cérebro recebe menos oxigênio e isso, a médio ou longo prazo, vai prejudicar as memórias.
Lembranças oxigenadas
De uma coisa você deve se lembrar: é preciso cuidar do corpo inteiro para garantir uma boa memorização a vida toda. Sozinho, o cérebro consome um quarto da energia disponível no organismo. Se faltar combustível ou seja, oxigênio, as lembranças podem sumir. Para garantir essa oxigenação, faça exercícios. “Caminhe pelo menos três vezes por semana, durante 50 minutos”, indica o fisiologista Gilberto Xavier, da USP.
Já o estresse provoca um efeito inverso ao da atividade física e leva à perda das recordações. “Ele prejudica as conexões por onde transitam as informações entre os neurônios”, diz Izquierdo. O pesquisador injetou em milhares de ratinhos doses altas de adrenalina, hormônio liberado em grande quantidade durante situações de estresse. O excesso dessa substância nos roedores provocou alterações no hipocampo, a área do cérebro responsável pela formação da memória.
Outro perigo é a depressão. “Ela causa a perda das lembranças, pois diminui a atenção do sistema nervoso”; completa Izquierdo. E a atenção, saiba, é uma espécie de fixador das lembranças. Desse modo, chegar aos 60, 70 ou 80 com uma mente ativa depende somente de você.
E atenção: a meditação é um exercício de atenção, de estar alerta e presente.
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