O cultivo da semente de Linhaça no Brasil

Conceição Trucom

A semente de linhaça, ainda pouco conhecida pelos brasileiros, está ganhando espaços pela sua importância na medicina preventiva.

De cultura milenar, quando o objetivo era somente a obtenção da fibra do linho, extraída do caule desta planta, entretanto, nos países do hemisfério norte, o aproveitamento de suas sementes para consumo alimentar vem ganhando expressão fazem somente algumas décadas.

Nos tempos atuais, quando o foco é a produção de sementes de elevado interesse no uso alimentar e terapêutico para seres vivos, existe uma busca por variedades de linhaça cujas plantas tenham galhos menores e mais sementes do que as demais variedades cultivadas para a obtenção prioritária das fibras de linho.

Existe também uma procura pelas variedades que sejam mais ricas em ácidos graxos essenciais (ômega-3) e lignanas (fitoestrógenos), que são os principais responsáveis por suas propriedades nutracêuticas.

Mas eu particularmente estou atenta à sua capacidade de formar mucilagens rápida e intensamente, propriedades que sinalizam sua funcionalidade como sequestrante de metais pesados, adstringência no tratamento cardiovascular, desintoxicante (emagrecedor e modulador da diabetes) e problemas de pele (internas e externas).

No hemisfério sul o plantio da linhaça ocorre nos meses de outono (abril a junho) e a colheita se dá nos meses de primavera e verão (novembro a dezembro).

No Brasil, a cultura convencional é a da linhaça marrom, pela adaptação ao clima, ao solo e às técnicas de manuseio. Quando não orgânica, ela consome baixa carga de insumos agrícolas (máximo 150 kg/hectare) em relação às culturas do trigo (cerca de 800 kg/hectare) e da soja (cerca de 300 kg/hectare) (1).

Em países com grande produção de linhaça, as variedades para consumo humano são diferentes das variedades para uso na produção da fibra do linho (2).

No Brasil, em função da produção reduzida, tal separação não é possível. De qualquer forma, todas as variedades que se destinam ao consumo humano, e à produção de rações animais, foram desenvolvidas com métodos tradicionais de cultivo, não fazendo uso de sementes ou variedades geneticamente modificadas.

Até 2005, existia no Brasil somente o plantio da variedade de cor marrom avermelhada. Contudo, no final de 2006 ocorreu a primeira colheita, de 100 toneladas, da variedade dourada (de cor marrom-claro dourado), que até então era importada do Canadá.

Desde então tem-se verificado uma boa adaptação da variedade dourada ao solo e clima das serras gaúchas, com discreta vantagem na redução do ciclo em praticamente 15 dias. O resultado é que hoje, pelo menos aqui em São Paulo capital, praticamente não temos diferença de custo/kg destas duas variedades.

Segundo o relatório de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção agrícola municipal, no Rio Grande do Sul foram produzidas 16.159 toneladas desta semente, com um rendimento de 974 kg/ha. Com a linhaça dourada representando quase 15% desta produção.

Com estes dados ficou registrado um aumento produtivo de 63,7% em relação a 2009, porém um aumento de ganho de 49,9%. E segundo o Alecson Thomas da CISBRA temos conseguido um aumento de áreas de produção nos últimos 4 anos (2010 a 2014) de aproximadamente 20% ao ano, mas isto é muito relativo à OFERTA e PROCURA no mercado. Temos que garantir que não falte produto para o mercado interno, que tenhamos preços acessíveis ao nosso consumidor, mas também temos que manter um preço justo ao produtor, para que a cultura traga uma rentabilidade interessante, incentivando o produtor ao plantio. O aumento de áreas, está diretamente ligado ao incentivo das empresas de interesse nesta semente, conforme levantamento de estoques, demandas no ano, qualidade, importação, câmbio (dólar). O Brasil ainda importa Linhaça do Canadá, USA, China e Argentina, que segundo o Alecson Thomas tais importações são de grande importância para o balizamento de preços da Linhaça Nacional.

No segmento de alimentação humana, as expectativas são promissoras: acredita-se que o consumo de semente de linhaça no Brasil aumente cerca de 10% ao ano, o que certamente levará a um valor/kg mais convidativo para um consumo mais regular e diário.

Hoje, estima-se que somente 5% dos brasileiros saibam dos benefícios da linhaça para a manutenção da saúde, mas um dos propósitos desta obra é justamente fazer esta consciência seguir crescendo em consumo e fidelidade. Em países de grande produção, como os EUA e o Canadá, calcula-se que a demanda por esse alimento seja de dez a vinte vezes maior que no Brasil.

Linhaça marrom ou dourada?

Em abundância no Brasil, as sementes de cor marrom já foram acusadas de maior toxicidade e menor funcionalidade nutricional. Isso ocorre talvez por serem menos estudadas que as douradas, variedade que é consumida e pesquisada há mais tempo pelos maiores produtores mundiais do hemisfério norte (Canadá – maior produtor mundial – e EUA).

Então, é importante acabar com essa “lenda”: as variedades de linhaça marrom e dourada são praticamente idênticas nas suas propriedades nutricionais e terapêuticas, com discreta vantagem para a variedade marrom quanto ao teor de ômega-3.

As diferenças entre ambas são mínimas e geralmente são resultantes de diferentes condições de cultivo. A cor da casca da semente é determinada somente pela quantidade de pigmentação que ela contém, e que pode ser modificada através de práticas normais de cultivo.

Para o consumidor, a decisão de escolha entre as variedades marrom ou dourada deve se pautar somente pelo preço, validade e aparência visual, uma vez que suas propriedades são equivalentes. Mas, como o ciclo produtivo da linhaça dourada aqui no Brasil resultou em redução de 15 dias, acredito esta variedade vai ganhar cada ano mais espaço.

Cápsulas?

E importante lembrar que muito melhor que consumir as cápsulas de óleo isolado de linhaça, é o hábito frequente da semente integral, previamente germindada. Ou seja, a quantidade de semente do consumo diário é previamente deixada de molho em água filtrada por 8 horas (hidratação) + 8 horas (germinação) e triturada somente na hora do preparo e consumo do suco, vitamina ou refeição. Desta forma, os seus nutrientes juntos – em alquimia – são mais poderosos que suas frações isoladas.

Um outro fenômeno importante é que o ômega-3 da linhaça para se transformar em EPA e DHA, que são os ômega-3 mais importantes para o metabolismo humano, é fundamental que isto aconteça em meio a proteínas e gorduras de origem vegetal…

Sugestão de consumo diário:

    • Para adultos em processo de cura: de 2 até 4 colheres (sopa)/dia.
    • Para adultos manutenção: 2 colheres (sopa)/dia.
    • Para crianças até 12 anos: 1 colher (sobremesa)/dia.
    • Para crianças pequenas: 1 mão (da criança)/dia.

Assista ao Vídeo: tempo de florada da Linhaça

Fontes: A importância da Linhaça na saúdeConceição Trucom – editora Alaúde.

(1) Produção nacional: Indústria & Comércio de óleos vegetais SCHAEFFER Ltda. – [email protected]

(2) Produção mundial: www.flaxcouncil.com.ca

1 de outubro de 2019

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