Publicado no Medical News Today em 11 de setembro de 2018 *
Cientistas liderados pelo Dr. Ming-Hui Zou – diretor Centro Medicina Molecular e Translacional, Georgia State University, Atlanta (EUA)
Tradução especial para Doce Limão por Fernando Trucco **
Uma nova pesquisa descobriu que o jejum promove a síntese de uma molécula que pode atrasar o envelhecimento de nossas artérias. A descoberta pode ajudar a prevenir doenças crônicas relacionadas à idade, como câncer, doenças cardiovasculares e doenças degenerativas como o Alzheimer.
Os cientistas descobriram uma nova função para uma molécula produzida durante o jejum: ela pode manter nosso sistema vascular flexível e jovem.
A busca pela eterna juventude tem preocupado a imaginação humana desde os tempos da Grécia Antiga.
De fato, uma rápida olhada na mitologia grega mostra que a juventude era mais valorizada do que a imortalidade, já que alguns mitos contam a história de quão fútil é a última, se não for acompanhada pela primeira.
A este respeito, a medicina moderna recentemente está chegando perto dos anseios da mitologia antiga. Inovações científicas emergentes nos encorajam a esperar que o mito da eterna juventude logo se torne uma realidade.
Em um estudo recente, os pesquisadores conseguiram reverter sinais de envelhecimento, como queda de cabelo e rugas em camundongos; e, talvez de forma mais impressionante, outra equipe de pesquisadores conseguiu rejuvenescer células humanas envelhecidas.
Agora, um novo estudo contribui para a evidência de que o envelhecimento pode realmente ser revertido. Cientistas liderados pelo Dr. Ming-Hui Zou – diretor do Centro de Medicina Molecular e Translacional da Georgia State University, em Atlanta – mostraram que o jejum, ou a restrição da ingestão de calorias, pode produzir uma molécula que retarda o envelhecimento vascular. Os resultados foram publicados na revista Molecular Cell.
Como uma molécula cetônica mantém as células jovens
O Dr. Zou explica a motivação para este estudo, dizendo: “A parte mais importante do envelhecimento é o vascular. Quando as pessoas envelhecem, os vasos que alimentam diferentes órgãos são os mais sensíveis e sujeitos a danos pelo envelhecimento, tornando o estudo do envelhecimento vascular muito importante”.
Assim, os cientistas se concentraram no envelhecimento vascular, nas mudanças que ocorrem com a senescência e nas formas de preveni-las.
Especificamente, os pesquisadores analisaram a ligação entre a restrição calórica e o envelhecimento vascular. O Dr. Zou usou modelos de aterosclerose em ratos, estudou suas aortas postmorten e realizou uma série de experimentos com cultura de células. Eles também induziram fome nos roedores e realizaram testes semelhantes.
Eles observaram que, como esperado, os camundongos famintos produziam a molécula beta-hidroxibutirato. Surpreendentemente, no entanto, esta molécula também impediu o envelhecimento vascular.
O beta-hidroxibutirato é uma cetona, isto é, uma molécula produzida pelo fígado e usada como fonte de energia quando a glicose não está disponível.
O organismo produz cetonas durante o jejum ou durante a inanição, em dietas com baixo consumo de carboidratos, e após exercícios prolongados.
Curiosamente, a pesquisa também revelou que o beta-hidroxibutirato promove a divisão e multiplicação das células que revestem o interior dos vasos sanguíneos. A divisão celular é um marcador de juventude celular.
“Nós descobrimos que o beta-hidroxibutirato pode retardar o envelhecimento vascular.
Isso realmente fornece uma ligação química entre a restrição calórica
e o jejum e o efeito antienvelhecimento”. Dr. Ming-Hui Zou
“Este composto pode retardar o envelhecimento vascular através das células endoteliais“, explica o Dr. Zou, “que revestem a superfície interior dos vasos sanguíneos e vasos linfáticos. Ele pode prevenir um tipo de envelhecimento celular chamado senescência ou envelhecimento celular”.
Uma droga alvo para deter o envelhecimento e a doença crônica
O estudo também revelou que o composto desencadeia outra reação que mantém o DNA dessas células endoteliais jovens e sem danos.
Mais especificamente, quando o beta-hidroxibutirato se liga à proteína de união RNA ribonucleoproteína nuclear A1 heterogênea, aumenta a atividade de um fator de transcripção de células-tronco chamado fator transcripcional de união Octâmero (Oct4).
Por sua vez, o Oct4 “aumenta Lamin B1, um fator-chave contra a senescência induzida por danos no DNA”, que mantém os vasos sanguíneos jovens.
“Este fator de células-tronco (Oct4)”, diz o Dr. Zou, “pode ser um alvo farmacêutico ou farmacológico para retardar ou prevenir o envelhecimento”.
“Então, se o sistema vascular se torna mais jovem,
é menos provável que tenha doença cardiovascular,
doença de Alzheimer e câncer, porque todas essas doenças
estão relacionadas à idade”. Dr. Ming-Hui Zou
“Achamos que esta é uma descoberta muito importante, e estamos trabalhando para encontrar uma nova substância química que possa imitar o efeito da função deste corpo cetônico”, acrescenta o Dr. Zou.
“É difícil convencer as pessoas a não comerem nas próximas 24 horas para aumentar a concentração desse composto […], e nem todo mundo pode fazer isso, mas se pudermos encontrar algo que possa imitar esse efeito e as pessoas ainda possam comer, tornaria a vida mais agradável e ajudaria a combater doenças.”
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(*) Fonte: Medical News Today
(**) Tradução: Fernando Trucco especialmente para o Doce Limão – Professional Translations. Reprodução permitida desde que indicada a fonte e o tradutor.
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