O que é a Ansiedade?

Conceição Trucom 

Ansiedade, angústia, medo, insegurança, timidez são todos parentes próximos, frutos de uma mesma árvore. Embora a ansiedade contenha atributos orgânicos (é uma consequência normal do funcionamento do organismo), ela é uma decorrência do funcionamento das mentes.

A ansiedade se revela por uma pressa, uma ânsia para o movimento, uma inquietação interior, uma aflição, para que aquilo que estiver acontecendo acabe logo.

Também pode aparecer como um desejo exagerado para que algo aconteça, como se esse algo fosse muito bom, gostoso e agradável. A mente ansiosa, de uma forma mentirosa, promete que quando acabarmos aquilo que nos gera ansiedade, tudo ficará tranquilo, ficaremos sossegados, viveremos a glória ou não correremos mais perigo.

A realidade é diferente, pois a ansiedade vicia e, quanto mais pressa temos, mais falta sentimos dela. A mente ansiosa se habitua com a pressa e passa a precisar dela. E nós, reles mortais, ficamos aprisionados a ela, sempre ansiosos, querendo acabar, chegar lá e percebendo (impacientes e impotentes) que sempre há mais para se fazer.

Ansiedade e instinto de morte

A ansiedade é o desejo de acabar, de terminar, de cessar a sensação física e psíquica do contacto com a vida, com a realidade. Este desejo acaba sendo o representante do instinto de morte, a única maneira de acabar com esta sensação. A pressa de acabar desemboca no desejo de terminar a própria vida. Trágico, mas quando a ansiedade é exagerada, esta constatação é absolutamente verdadeira.

Segundo o Dr. Jorge Carvajal, disseminador da Bioenergética: Cada vez mais as pessoas sofrem de ansiedade. A ansiedade é um sentimento de vazio, que às vezes se torna um oco no estômago, uma sensação de falta de ar. É um vazio existencial que surge quando buscamos fora em vez de buscarmos dentro. Surge quando buscamos nos acontecimentos externos, quando buscamos muleta, apoios externos, quando não temos a solidez da busca interior. Se não aceitarmos a solidão e não nos tornarmos nossa própria companhia, sentiremos esse vazio e tentaremos preenchê-lo com coisas e posses. Porém, como não pode ser preenchido de coisas, cada vez mais o vazio aumenta.

Mas podemos usá-la para Ser uma Ressurreição

Ainda segundo o Dr. Jorge: Não podemos fazer passar a angústia da ansiedade comendo chocolate ou com mais calorias, ou buscando um príncipe fora. Só passa a angústia quando entras em teu interior, te aceitas como és e te reconcilias contigo mesmo. Esta angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos ‘o que’ somos, de modo que ficamos no ‘deveria ser’, e não somos nem uma coisa nem outra. 

Como diminuir a ansiedade com a respiração e a meditação

Primeiro é preciso entender que a ansiedade é uma dinâmica normal, digamos existencial, instintiva, enquanto não é exagerada.

A ansiedade corresponde a excitação elétrica dos neurônios e a necessidade de descarregá-la. Ela normalmente é desencadeada quando a pessoa entra em contacto com situações novas e desconhecidas, ou quando a situação contém alto valor afetivo ou de sobrevivência.

Para poder combater (neutralizar) a ansiedade em exagero ou desequilíbrio, o primeiro passo é identificá-la. O corpo fica tenso, existe uma necessidade de se movimentar fisicamente (mexer pés ou mãos, uma inquietação em geral), a respiração fica mais acelerada, a expiração ineficiente e o pensamento fica agitado (muitas idéias passam pela cabeça de forma acelerada). Algumas vezes a cabeça fica confusa e não se sabe direito o que se quer.

Uma vez identificado este estado, a primeira providência é se focar na respiração. A freqüência respiratória precisa ser diminuída. Inspirar lentamente e encher os pulmões em mais ou menos 75%. Em seguida deve-se expirar e tirar todo o ar do pulmão (inclusive com a ajuda das mãos no diafragma), também de forma lenta. Todo o gás carbônico da expiração precisa sair para aos poucos o sangue voltar a ficar levemente alcalino, que é uma condição ideal do metabolismo.

A respiração tem a capacidade de controlar a vida: o corpo e a mente. Na verdade a respiração é a maior fonte de nutrição e harmonização das nossas emoções. Este tipo de exercício deve ser feito por pelo menos 10 minutos e deve-se tentar manter a cabeça vazia. Os pensamentos precisam sair da mente junto com o ar expirado. Os yogues e as filosofias orientais já sabem deste recurso poderoso há mais de 3000 anos.

A ansiedade é desencadeada por pré-ocupações e, lá no fundo, uma falta de fé. Uma incerteza que desperta o pessimismo e a sensação de que algo muito ruim vai acontecer. E que é preciso fazer algo para se evitar o pior, para só assim atingir as metas e objetivos. Esta é a hora de parar: quanto maior a pressa para atingir determinado objetivo, maior a ansiedade. Não se pode ter pressa para atingir objetivos. É como dizem os ditados populares: “o apressado come cru” ou “devagar se vai ao longe”. A prosperidade e sabedoria do universo tem seu tempo de maturação.

É lógico que não devemos abrir mão de nossos objetivos, mas é preciso saber que ele deve ser atingido quando possível e necessário no plano do real e não na cabeça. O que nos protege é a nossa ação e não as nossas idéias, portanto as idéias servem para nos orientar e não para nos acelerar ou dar vereditos mortais.

Portanto: esvazie a cabeça quando estiver ansiosa e confie. De forma lenta, mudando o ritmo da respiração você chegará num ponto de proteção. Abra mão mentalmente de sua meta e objetivo por um tempo. Só até recuperar o equilíbrio. “Mente acelerada é mente desequilibrada” (Isaac Efraim).

Se depois de cuidar da respiração e de esvaziar a cabeça você não melhorar totalmente, vá para a meditação, ela te ajudará ainda mais.

A saída é o centramento

A ansiedade nos coloca na periferia de uma roda que ao girar continuamente, passa por eternos altos e baixos, instabilidades e inseguranças. Uma hora sentimos alegria, alívio e positivismo. Depois vêm momentos de angústia, sensações corporais desagradáveis (dor na boca do estômago, suores, tremores, vazios na cabeça, enfim …) e o pessimismo.

Para sairmos destes altos e baixos, tão desgastantes e improdutivos, a grande saída é o centramento. Ao nos centrarmos, através da respiração e da prática da meditação, passamos a nos auto-conhecer, reconhecer nossas verdades internas, os reais valores da alma, e deixamos de estar na periferia da roda.

Centrados no eixo de nós mesmos, as instabilidades deixam de existir e ter sentido ou espaço. Estando equilibrados em nosso eixo, a roda segue girando em meio aos desafios da vida, mas sem os autos e baixos que existem quando estamos desconectados de nós mesmas e dos valores conscienciais.

Só a prática da meditação pode nos levar para esta valiosa conquista. Usando a técnica meditativa mais adequada a cada tipo de ser e momento evolutivo, percebermos a ansiedade e nos recolhermos em silêncio para o nosso centramento.

Saiba mais lendo: Meditação do Coração & Norteamento

24 de setembro de 2019

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