O que representa a Pele

Conceição Trucom

Protege nossa individualidade – Exala nosso aroma!

É a membrana que nos contém, nos separa do outro e do mundo externo

A superfície total da pele pode chegar aos 2,5 metros quadrados. Extremamente sensorial e tátil, representa a sensibilidade e capacidade de troca saudável com o Universo: O que eu permito receber e “deixo entrar”? O que eu não permito entrar ou receber? O que eu permito sair? O que aprisiono dentro de mim?

Através da pele, respiramos e eliminamos inúmeras substâncias que saem na forma de líquido (suor). Parte deste suor é aquoso e contém vários sais dissolvidos, motivo do seu sabor, geralmente salgado. Existe uma parte que é gordurosa e cumpre a função de formar um filme oleoso para evitar que o corpo desidrate facilmente; e também é responsável por nosso aroma pessoal, sendo que o que ingerimos, bebemos e pensamos irá afetar este “aroma”, tornando-o agradável e atrativo ou não.

E mais: a pele, quando corretamente estimulada, é capaz de desencadear a produção de substâncias extremamente saudáveis e curativas como é o caso da vitamina D que cuida dos ossos e previne câncer e da serotonina, um neurotransmissor associado a problemas de sono, humor e memória. Que louco: pele tem muito que ver com a qualidade dos ossos, sono, memória e humor!

Com sua extrema sensibilidade, extreitamente ligada ao sistema nervoso central, ela é capaz de registrar impressões e impulsos os mais diversos, sutis, que pouca importância lhe damos. É como se a pele tivesse olhos, ouvidos, pulmões, coração, rins, nariz e língua.

Bem, a transpiração cumpre dois papéis principais: regular a temperatura corporal e eliminar nossas toxinas via pele, não esquecendo da enorme extensão (2,5 m?2) deste portal de desintoxicação. Ou melhor, precisamos deixar a pele fazer aquilo que lhe cabe: inspirar e expirar!

Devemos dar muita importância ao “banho nosso de cada dia”, pois é a partir dele que liberamos a pele para cumprir bem a sua função. Cuidando da temperatura da água e dos produtos que usamos, porque eles poderão “exagerar” na extração da nossa película oleosa e ainda deixar resíduos químicos que irão penetrar na pele desprotegida (agredida) e nos intoxicar; principalmente se a água estiver muito quente, quando então os poros ficam demasiadamente abertos.

Existem momentos, como numa sauna, quando aceleramos a limpeza da pele e pulmões, quando a transpiração nos causa enorme prazer e relaxamento. Perceba que durante uma sauna (ou ofurô) não devemos usar sabonetes, mas somente ervas, aromas, relaxar e “deixar sair”.

Através da pele, poderemos viver os maiores estímulos de prazer e carinho, como também de dor. O contato da pele é direto, palpável e, geralmente, depende somente da nossa vontade.

Metafisicamente, problemas de pele revelam medo e ansiedade, impaciência e intolerância. A pessoa sente-se ameaçada diante das trocas, da intimidade e, muito deste fenômeno se deve a uma necessidade emergente de se desfazer de “lixos” do passado. A pessoa sente a necessidade de colocar um escudo entre o seu mundo interno e todo o externo; pois o seu interno é “feio” ou “abandonado” e ela não deseja que os outros saibam.

E aí temos um forte sinal dos tempos modernos, quando abundam as doenças de pele. Se tocar e se permitir tocar é algo cada vez mais adiável, evitável, indesejável. E não adianta se auto impor a intimidade com o outro, ela precisa começar por nós, conosco. E para isso precisamos de atenção, tempo e disposição para o deixar sair.

Enquanto isso não acontece a PELE grita. Não só pelas fortes agressões dos produtos de higiene pessoal, excessivamente industrializados e selvagemente comercializados, como pelo pouquíssimo, ou NENHUM espaço que ela tem para RESPIRAR.

A maioria das substâncias aplicadas sobre a pele inibe a respiração cutânea ou a intoxica pelo conteúdo de ingredientes tóxicos. Assim, atenção e prioridade para aquelas fórmulas que são mais neutras, naturais e fitoterápicas, pois a presença de corantes e muitos aditivos químicos nestes produtos é pura agressão. Neste sentido a cosmética Ayurvédica é a ideal – minha eleita nas receitas da Aromaterapia -, pois suas fórmulas usam somente óleos vegetais, ervas e argilas.

Evite usar roupas muito justas e feitas com tecidos sintéticos, pois eles perturbam o controle térmico natural, a circulação sanguínea subcutânea, a transpiração e o equilíbrio eletrostático. Atenção na qualidade e frequência de uso de tinturas e cremes para o cabelo, sabonetes muito alcalinos ou perfumados sinteticamente, cremes e óleos de beleza não fitoterápicos, desodorantes, anti-perspirantes e roupas lavadas com excesso de produtos químicos.

Cuidados de bom senso:

1)  praticar uma dieta rica (50% mínimo) em alimentos crus, frescos, integrais, com elevado teor de fibras e substâncias antioxidantes, logicamente isentos de agrotóxicos;

2) praticar diariamente, em jejum e ao longo do dia, os sucos da “alimen­tação desintoxicante”;

3)  fazer uso de chás relaxantes e adstringentes. Consumir diariamente cerca de 8 copos de líquidos entre sucos, chá e água;

4)  escovar a pele diariamente com uma escova de cerdas macias, ao acordar ou antes do banho;

5)  automassagear-se diariamente e permitir-se receber massagens es­poradicamente, usando produtos naturais e fitoterápicos que não agridam a pele;

6) tomar banho diariamente com a água o mais fria possível, e evitar o uso de sabonetes muito alcalinos;

7) procurar tomar um banho de cachoeira, rio ou mar 1 vez por mês; e de vez em quando, tomar uma boa sauna ou um banho de ofurô.