Conceição Trucom
A parte posterior do cérebro recebe todas as informações externas e as registra, enquanto que a parte frontal do cérebro é a responsável por expressar o que foi aprendido.
Um dos propósitos dos Exercícios Cerebrais é estimular esta necessária integração das partes do cérebro, pois quando a integração entre o frontal e o posterior está ineficiente, haverá dificuldade em expressar o que sentimos, o que nos leva a uma sensação de fracasso, culpa e medo.
É preciso reconhecer também que temos duas maneiras básicas de pensar. A sociedade favorece uma delas, que é o pensamento lógico e; costuma negligenciar a outra forma que é a intuitiva ou analógica, que classifico como espontânea. Conforme podemos visualizar na tabela a seguir, existem claras distinções entre estas duas vias do pensamento, e é a integração entre elas que nos capacita e dá sentido ao mundo que precisamos estar e viver.
A questão é que cada via de pensamento tem objetivos diferentes, mas devem sempre estar prontas para cada situação ou desafio da vida:
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- A via lógica é ideal quando o problema pode ser dividido em partes, tem uma solução conhecida e que exige somente que se sigam determinados passos para chegar ao ponto. É mental e concreta.
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- A via intuitiva ou analógica é ideal quando é necessário explorar, criar, inovar e lidar com o novo. É leve, divertida e desconhecida.
Não é que a intuição ocorre em um lugar e o pensamento lógico acontece em outro. É que a intuição e o pensamento lógico são modos diferentes de funcionamento do cérebro como um todo – Guy Claxton.
Ambos os modos de pensar têm altos e baixos (liga e desliga), mas cabe a cada um de nós tê-los ativos, fortalecidos e com pontes de ligação para selecionar o modo mais apropriado para cada momento e ambiente da vida, inclusive de um estar sustentando o outro nas horas onde ambos são necessários.
Pensar Lógico Hemisfério Esquerdo |
Pensar Intuitivo |
Consciência cognitiva |
Inconsciência cognitiva |
Explícito e articulado |
Inteligência inconsciente |
Linguagem e símbolos |
Leva tempo – ousa esperar pelo click |
Objetivo é a certeza |
Objetivo é “divagar” com o problema |
É como eu penso |
Percepção além da avaliação inicial |
A consciência dos fatos é essencial |
Ação sem consciência clara |
Objetivo |
Flexível e adaptável |
Opera na velocidade da linguagem |
Desenvolve novos conhecimentos |
Lento e metódico – lida com dados conhecidos |
Não-verbal – rápido, pode lidar com padrões inconscientes e complexos |
Metodológico |
Estável com o tempo |
Soluções práticas e conhecidas |
Lida com padrões complexos de identificação das soluções |
Hábitos conservadores |
Originalidade |
Avalia as idéias |
Gera idéias |
Fonte: adaptada de O poder do riso – Mariana Funes – Editora Ground
Podemos afirmar que o pensar lógico se refere às atitudes que satisfazem aos impulsos básicos de medo e fome, quando precisamos saber o que fazer diante de um desafio e, o mais concreto, é fazer uso dos aprendizados que já foram realizados e armazenados em nosso consciente.
Mas, no impulso exploratório, tão comum nas crianças, é o pensamento intuitivo que nos faz estabelecer conexões e desenvolver novos padrões. É nesta via que conseguimos desenvolver a consciência da nossa compreensão inconsciente. É nesta via que vamos além, transformamos, superamos e crescemos.
Nossa cultura super valoriza o lógico e concreto, motivo pelo qual inconscientemente sufocamos ou desvalorizamos os ímpetos para explorar, experimentar, inovar e sair do conhecido ou das zonas de conforto.
A palavra-chave para construirmos pontes de acesso fluido entre estas duas vias de pensamento é a ludicidade, o riso, a espontaneidade, o positivismo e o bom-humor.
Um pensamento não transcende o lógico se não passar pelo lúdico, pelo riso. Aliás, o riso já sinaliza a chegada no pensamento intuitivo. A capacidade de rir, brincar e se divertir é a certeza de que iniciamos uma nova conexão criativa: subitamente percebemos aquele contexto sob uma nova ótica.
Existe uma forte conexão entre o riso e a liberdade de pensamento e expressão. O exercício do rir concentra e direciona nossa atenção para o modo analógico e livre de pensar. Numa sociedade onde o pensamento lógico é o de maior valorização, é fácil entender porque controlamos o riso através de regras implícitas de adequação.
Mas, é o riso que aumenta a consciência sensorial (uso mais pleno e consciente dos 5 sentidos), como também nos ajuda a desenvolver as inteligências afetiva e emocional, pertinentes ao hemisfério direito.
Em resumo, o riso é o caminho mais rápido para o pensamento efetivo (integrado) e viver em ambientes mais positivos, construtivos, lúdicos e com espaço para o riso e o brincar é tudo o que um cérebro precisa para construir ramificações, novas aptidões e inteligências.
Os exercícios cerebrais realizados neste ambiente podem:
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- No hemisfério esquerdo – fortalecer o pensamento lógico e a percepção da realidade.
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- No hemisfério direito – fortalecer a libertação de correias e âncoras, para fazer uso de uma capacidade humana, a de ir além do concreto, do lógico.
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- Entre os hemisférios – no corpo caloso – deixar fluir e permitir que as duas vias do pensamento atuem de forma cúmplice e integrada.
Este texto faz parte do livro Mente e Cérebro poderosos – Editora Pensamento-Cultrix.
Ref: O poder do riso – Mariana Funes – Editora Ground
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