Infantilizante, discurso de venda cheio de trololó hipster atropela o senso de ridículo.
Por Sérgio Rodrigues – Folha de São Paulo – caderno B2 cotidiano – 31.08.2017
O TEXTO fofo pode estar impresso na caixa de leite, tentando nos convencer de que o líquido ali contido jorrou das tetas de duas vacas simpatíssimas, Mimosa e Malhada, que o seu Zé da Nena ordenha com amor toda manhã em seu sítio de Bichinhos.
Crédulo e confiante na credulidade do leitor, o texto fofo ignora a incongruência entre a cena pastoril e seu suporte industrial, adornado com selo do Ministério da Agricultura e letras miúdas falando em estabilizantes hostis à pureza láctea de Mimosa e Malhada, como o trifosfato de sódio.
Hipster é uma palavra inglesa usada para descrever um grupo de pessoas com estilo próprio
e que habitualmente inventa moda, determinando novas tendências alternativas.
Também se encontra o texto fofo em embalagens de suco industrializado, a nos garantir que sorveremos o sumo de frutas colhidas por seu Pádua e dona Carlota em seu pomar de Itapecerica da Serra, depois da curva do rio, ali onde cantam mais alto os sabiás.
Esses exemplos podem sugerir que o texto fofo só brota no mercado de alimentos, mas isso não é verdade. O que comemos e bebemos tem sido embalado em imensa fofura textual. Mas nada impede um xampu, por exemplo, de se expressar assim (e agora não faço uma caricatura, mas copio palavra por palavra): “Relaxa, darling: com nosso tratamento que não cresce pelo, mas cabelo (hehe), sua linda cabeleira será o antes e depois.”
Sim, alguns textos fofos são tão mal escritos que jogam no ralo a planejada fofice, mas isso não é uma regra. Sua única obrigação é ser, com perdão da tautologia, fofo. Tentar convencer o consumidor de que aquele produto de massa vendido para multidões sem rosto foi feito com carinho só para ele e por gente como ele, que tem seu jeito e fala sua língua.
É claro que no fundo nunca foi outro o desafio do papo de vendedor em todos os tempos e do discurso publidtário de um século para cá.
O potencial comprador deve ser abordado como gente – de preferência “gente como agente” – e não como alvo a ser abatido. É preciso criar um clima, um vínculo emocional. Ou, como está na moda dizer hoje, uma narrativa.
Isso foi ficando mais difidl à medida que se agigantavam os mercados. No último quarto do século 20 chegamos àquela situação absurda em que, como apontou o escritor americano David Foster Wallace em seu famoso ensaio sobre a ironia:
“Produtos alegadamente capazes de distinguir os indivíduos da multidão
são vendidos para imensas multidões de indivíduos”.
O texto fofo é uma resposta desesperada a essa contradição. O que o torna diferente dos velhos pregões de venda são os altíssimos teores de cara de pau exigidos pelas juras de autenticidade, maneirice e paz entre os seres humanos que compõem seu trololó hipster. Quem acreditaria nesse caô?
Uma criança, claro. Uma criança que ainda acredita no Coelhinho da Páscoa acreditaria. Eis por que o texto fofo é sobretudo, desafiando a verossimilhança e o senso de ridículo, profundamente infantil e infantilizante. “Relaxa, darling!”
Quem ainda não se convenceu de que há na floresta da comunicação um novo animal chamado texto fofo deve consultar o site do banco digital para jovens que o Bradesco lançou há três meses, chamado Next. Lá se leem coisas assim: “Um jeito lindão e fácil de ver como tá seu dinheiro. Sem surpresinha.” “Junta a grana da galera sem perrengue.” “Você merece todo o nosso <3”. Não é fofo, gente?
Pitaco Conceição Trucom: após muitos estudos e pesquisas, acabo de lançar o meu novo filhote sobre o SAL DA VIDA. Para escrevê-lo tivemos que estudar muito sobre a Crise do IODO, que com certeza deveria estar presente na alimentação e suplementação da Saúde Humana: física, emocional, psicológica e até espiritual. Alegam que o IODO é para evitar o bócio. Mas, aos meus 62 anos de idade, jamais conheci alguém com bócio…
O fato é que o IODO é muito importante para aspectos da saúde humana que acontecem aos montes à nossa volta, e mais, é crescente: câncer de mama, próstata, diabetes, desequilíbrios da tireoide, doenças neurológicas como Alzheimer e Parkinson, e finalmente o CRETINISMO. O cretinismo é diagnosticado quando o QI (coeficiente de inteligência) é menor que 90…
Através dos meus estudos, podemos saber que colocar iodo no sal é uma grande ilusão porque flúor (das estações de tratamento e em nossas pastas de dentes), bromo (na maioria dos produtos de panificação do nosso dia-a-dia) e os percloratos (agentes de propulsão de foguetes e anti-chamas em nosso mobiliário e vestuário), deslocam o pouco iodo que acessamos via sal ou alguns alimentos… Uma longa história que você precisa saber mais, porém…
Lendo este texto pensei nisso sabe? Realmente estamos inseridos numa grande Crise de Iodo… Quem é mais cretino nesta história? Os espertinhos que escrevem os TEXTOS FOFOS ou as pessoas que acreditam nos TEXTOS FOFOS.
ACORDA BRASIL!
Leia mais, informe-se mais, transforme sua alimentação para ganho de
LUCIDEZ – COERÊNCIA – PODER PENSANTE
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