Daniel Francisco de Assis – pai da Olívia
Faz mais de 7 anos que minha alimentação mudou muito e uma das coisas que mais modificou foi a combinação de alimentos, hoje já bem difundida pelas principais escolas de alimentação crua e viva no Brasil.
A combinação de alimentos visa melhorar a absorção dos nutrientes através de um correto balanço entre alimentos ácidos, neutros e básicos. Mas como o crudivorismo é super restritivo em relação à alimentação tradicional, isto pode ser bom por um lado e complicante por outro.
O lado bom é que para os adultos e idosos, principalmente os sedentários, esta alimentação melhora muito a saúde e qualidade de vida. Estudos mostraram que ratos e macacos que passaram por uma dieta restrita em termos calóricos, viveram mais e melhor que os que se alimentaram de uma forma sem restrição calórica.
Um dos aspectos mais complicante é que para crianças, atletas e gestantes, uma alimentação restritiva precisa de acompanhamento por profissional competente ou pode ter consequências desastrosas no desenvolvimento da criança.
Sendo assim, a Alimentação Crua e Viva por mais mágica que possa ser, para crianças, deve ser levada muito a sério. Aliás, toda vez que desejamos fazer algo bem feito, conosco ou nossas crianças, precisa ser com responsabilidade e consciência certo?
Crianças crudívoras x onívoras (que ingerem refinados e proteína animal)
Percebi ao longo destes 7 anos de caminhada que as crianças crudívoras e veganas, normalmente, são mais magras que as crianças “tradicionais”. A estatura, massa muscular e peso das crianças que vivem da alimentação crudívora, apresentam números menores, comparado com as crianças onívoras.
Por outro lado, as crianças crudívoras, normalmente são mais estáveis emocionalmente, alegres, espertas, maior nível de consciência corporal e mais “vivas”.
Estes são bons motivos para muitos pais desejarem que seus filhos se alimentem de uma forma mais crudívora.
Este foi meu caso com Olívia. Conhecendo os cuidados que uma alimentação vegana exige, achei que combinar alimentos seria uma complicação a mais. Sendo assim, respeito certas regras básicas de combinações, mas deixo-a escolher o que quer combinar.
Sabendo de todos os problemas envolvidos na indústria da carne, optei por eliminar os produtos de origem animal, mas, como a vitamina B12 é essencial, achamos melhor oferecer peixe 2 vezes/semana. Nenhuma outra fonte de produto animal foi introduzida até o momento. Olívia está com 19 meses (maio 2009) e ainda tem fonte extra de B12 via leite materno.
Olívia está bem de peso e altura, tamanho de crânio e sua curva de crescimento mostra que está abaixo da média, mas acima do mínimo aceitável. Sua esperteza, saúde, alegria, energia, força, equlíbrio está acima da média.
Suas duas primas de idades parecidas já ficaram doentes várias vezes e já tomaram antibióticos. Olívia nunca viu um remédio na sua vida e a única coisa que sabe de doença foi nariz escorrendo por duas vezes desde que nasceu. No hospital em que nasceu não dão vacinas a não ser que os pais peçam. Por orientação dos médicos decidimos esperar ela atingir uma idade mais avaçada.
Olívia sempre deixou claro que seu barato são as frutas. O peixe ela prova e come, mas não se importa ou procura tanto como as frutas. Para frutas oleaginosas ela é uma ratinha, aponta com o dedinho sempre para os potes. Por ela comeria amêndoa todos os dias. Deixamos claro, e buscamos induzi-la a provar outros tipos de sementes e frutas para não ficar presa a um tipo de nutriente apenas. A variedade neste tipo de alimentação é fundamental.
Cardápio da Olivia
Café da manhã – Leite materno, frutas, leite de nozes.
Almoço: Saladas de tomate com abacate e brotos germinados.
Lanche – mamadeira de leite de hemp (uma semente de uma variedade comestível de maconha)
Obs.: Existem 135 tipos da planta maconha, e somente 1 tipo produz o THC, que é o composto químico responsável pelo efeito alucinógeno da maconha que conhecemos. Claro que não é essa que dou para Olívia. Na Alemanha e Holanda existe a produção da semente para uso alimentar, pois as últimas pesquisas mostram que o leite de hemp, guarda grande semelhança nutricional com o leite materno. Rico em todas as proteínas essenciais, ômegas 3, 6 e 9, mais cálcio e todos os nutrientes do leite materno. A hemp é a única semente que não precisa germinar, pois não contém fitatos e, suas enzimas estão ativas como se tivesse germinada.
À noite, às vezes, ela come raízes cozidas para aportar mais calorias e, outras vezes ela pede frutas.
Come algumas frutas secas que eu faço no desidratador e também come biscoitos ao longo do dia feitos de sementes de girassol, gergelim, linhaça, semente de abóbora e cenoura. Ela ama este tipo de biscoito além de ser uma excelente fonte de proteínas, minerais e vitaminas.
Ela também gosta muito de uma fruta que foi encontrada nas montanhas do Himalaia que tem todas as proteínas essenciais, é considerada no momento a fruta mais protéica do mundo, se chama Gold Berry. Tudo isto se encontra nas lojas de produtos naturais na Espanha, mas estou começando a encontrar em São Paulo (capital).
Outras receitas que ela gosta são os cremes de vegetais batidos com abacate, além de tomate em fatias.
Enfim, a energia que colocamos na alimentação de Olívia é meio fora do comum e, concordo que seria impossível se eu tivesse um trabalho convencional e alguns ingredientes aqui relatados por seu elevado custo, não seriam possíveis. Porém, plenamente substituíveis.
Mas, o problema não está aí e sim que nos afastamos tanto de uma alimentação saudável que alimentar-se bem, fresco e orgânico virou condição de rico, quando 50 anos atrás era justamente o contrário. As cozinheiras que treino aceitam esta alimentação muito mais fácil que os seus patrões, pois elas vieram do interior e estão acostumadas a comer frutas da estação, orgânicas e no pé, onde a energia vital é 100%.
Temos que reverter este quadro, temos que plantar mais árvores frutíferas, transformar nossos jardins em jardins de plantas comestíveis e não simplesmente decorar por decorar. Ervas frescas já fazem de uma salada algo mais que um prato para perder peso.
Temos que entender que somos o que comemos.
Muitos pais me perguntam: mas esta dieta funciona para minha filha recém-nascida?
Respondo: potinho de vegetais cozidos nascem em árvores? Já viu algum macaco fritando ovo?
Estamos faz tanto tempo fazendo errado que passamos a acreditar que o errado é o certo: inversão de valores.
E, ter uma criança que não fica doente, que tem uma super vitalidade não é um capricho.
As crianças querem nos ensinar, mas insistimos que elas comam da forma como comemos.
Saber escutar uma criança é uma escola de crudivorismo do
melhor nível que pude ter nestes 7 anos de Alimentação Viva.
Leia mais: Revista Especial KIDs 1 – 2 – 3
* Daniel Francisco de Assis é formado em engenharia ambiental, escritor e palestrante sobre alimentação crudívora, após formação em alimentação viva e trabalhar por 7 anos em vários spas europeus. Conheça seu site.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações, citada a autoria e a fonte www.docelimao.com.br
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