Pais declaram guerra aos aditivos

Conceição Trucom

As principais características do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na infância são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Além destas características básicas do transtorno, em mais de 50% dos casos, as crianças apresentam transtornos do aprendizado, do humor e de ansiedade.

Em pesquisa recente feita pela Universidade de Southampton, na Inglaterra, e publicada na revista científica Lancet, concluiu que corantes à base de benzoato e conservantes encontrados em alimentos infantis e refrigerantes podem estar relacionados à hiperatividade e distúrbios de concentração em crianças.

Os especialistas, sempre na defesa dos interesses comerciais, frisaram que são necessários estudos mais profundos para confirmar a prevalência da hiperatividade relacionada aos corantes e conservantes alimentares. Das crianças analisadas, 36 tinham hiperatividade e alergias, 75 eram apenas hiperativas, 79 tinham apenas alergias e 87 não apresentaram nenhum sintoma. De acordo com os pais das crianças hiperativas, o distúrbio diminuiu depois que eles deixaram de consumir alimentos com tais substâncias. A hiperatividade subiu quando corantes e conservantes voltaram à alimentação das crianças. Os pesquisadores concluíram que apesar de muitos outros fatores estarem envolvidos nessa questão, a ingestão de aditivos deveria ser evitada pelas crianças.

No outono de 2002, foi publicado o primeiro estudo patrocinado pelo governo da Grã-Bretanha para encontrar a relação existente entre corantes e conservantes artificiais e problemas de comportamento. Durante duas semanas, 277 crianças com três anos de idade beberam suco de fruta acrescido de 20 ml de corantes artificiais (E102, E110, E122, E124) e um conservante artificial (E211). Em seguida as crianças tomaram suco de frutas sem corantes e conservantes durante mais duas semanas. Os pais controlaram as crianças durante todo o mês e preencheram um questionário detalhado sobre o comportamento dos filhos. As respostas mostraram que:

    • – Os corantes e o conservante artificiais aumentaram muito a hiperatividade;

    • – A remoção das substâncias provocou uma melhora significativa do comportamento;

    • – Todas as crianças se beneficiaram da remoção, não apenas aquelas que já apresentavam hiperatividade.

Os pesquisadores do Centro Britânico de Asma e Alergia, na ilha de Wight, salientam os benefícios sociais e a redução de custos que poderiam ser conseguidos pela remoção de corantes e aditivos alimentares que, em alguns países, já estão proibidos.

Corantes e condimentos artificiais não têm outro objetivo além de tornar alimentos — sem gosto e com aspecto pouco apetitoso — mais saborosos e atraentes, principalmente para crianças. Esses alimentos geralmente não têm valor nutritivo, contêm muita gordura, sal ou açúcar e são basicamente as sobremesas, doces, salgadinhos, milk-shakes, cereais matinais e diversas guloseimas. Food Magazin, 1.11.02 / Greenhealthwatch, 2002 nº 23

No colégio Aidan, em Harrogate, Yorkshire (Grã-Bretanha), incentivaram as crianças a voltar a comer alimentos nutritivos. Demitiram a empresa que fornecia alimentação industrializada, eliminaram as máquinas automáticas para a venda de alimentos e contrataram um cozinheiro profissional. Agora todos os alimentos são frescos, crus ou cozidos no próprio dia. Nas refeições oferecem saladas, sopas caseiras e frutas frescas. Existe uma cantina aberta o dia inteiro, oferecendo café e lanches caseiros, que atraem inclusive alunos de outras escolas. Finalmente, existe um clube servindo o café da manhã com cereais preparados na hora, croassant caseiro, café e suco de laranja espremido na hora. Tudo ao preço normal de lanches escolares — é possível! Outras escolas estão seguindo o exemplo. Food Magazin, 1.1.03 / Greenhealthwatch, 2002 nº 23 

O membros do grupo Parents Jury  foram questionados se haviam notado ou suspeitado dos efeitos dos aditivos alimentares em seus filhos. Eis algumas respostas:

“Como mãe que passou por isso recentemente, eu gostaria de prender os fabricantes de alimentos durante uma hora em um aposento cheio de crianças afetadas por corantes. Eu quase tive um colapso nervoso por causa de corantes alimentícios que afetaram meus filhos.”

“Meu filho reagiu a um corante alimentício — antocianina — presente em quase todas as marcas de sucos de frutas vermelhas. Ele teve uma erupção de pele na forma de pintas em quase todo o corpo, braços e pernas. Além disso, é praticamente impossível comprar paracetamol infantil que não esteja repleto de adoçantes e corantes artificiais.”

“A primeira vez que meu filho reagiu à Tartrazina ele começou a tremer e a bater a cabeça contra a parede — ele não conseguia parar de se mexer, mas tinha plena consciência do que estava acontecendo e ficou muito assustado por causa disso. Foi terrível, tanto para ele quanto para quem estava observando.”

“Minha filha de quatro anos, que já é muito ativa, se torna hiperativa e agressiva após chupar algumas balas ou tomar um suco colorido. O efeito, imediato e fácil de notar, pode levar até 24 horas para passar. Ela se comporta quase como maníaca.”

O Dr. Vernon Coleman, conhecido autor de inúmeros livros sobre a preservação e recuperação da saúde escreve: “Hoje recebi a carta de uma leitora cujo filho foi diagnosticado como sofrendo de hiperatividade e a quem o médico havia receitado Ritalina (ver link na webgrafia). Infeliz com o diagnóstico e ainda mais infeliz com a receita, a leitora decidiu experimentar algo simples. Removeu todos os aditivos químicos da alimentação do filho. Em menos de quinze dias, o comportamento dele havia mudado, o problema havia desaparecido, todos os professores (que entusiasticamente apóiam a Ritalina) haviam notado a mudança e telefonaram para a mãe para lhe dar os parabéns. Quando a mãe lhes contou a verdade, simplesmente não acreditaram.” Doctor Vernon Coleman’sHealth Letters

A Foods Standard Agency (FSA), agência do governo britânica de controle de alimentos, solicitou a realização de um estudo sobre os corantes alimentares artificiais e a hiperatividade. A pesquisa foi concluída em setembro de 2007.

O estudo foi realizado com 300 crianças, separadas em três grupos. Cada grupo recebeu um tipo de bebida: um placebo, sem nenhum aditivo; uma com aditivos dentro da média diária de consumo e outra com grande quantidade de corantes e outros aditivos. Antes do consumo das bebidas, o nível de hiperatividade das crianças foi medido, a fim de que fosse comparado com a mesma medida após o consumo. Como resultado, as crianças que beberam o líquido com alto teor de aditivos e corantes começaram a agirimpulsivamente e demonstraram diminuição da concentração. Os corantes utilizados para a realização da pesquisa foram E102 (amarelo tartrazina), E104 (amarelo quinolina), E110 (amarelo crepúsculo), E122 (azorrubina), E124 (ponceau 4R) e E129 (vermelho 40).

E mais: Uma pesquisa recente na Grã-Bretanha mostrou que crianças hiperativas apresentam alta concentração de chumbo no sangue. Pesquisadores da Secretaria de Saúde de South e West Devon tomaram amostras de sangue de 69 crianças com problemas de comportamento e compararam à concentração de chumbo nas amostras de sangue de 136 crianças sem problemas. As crianças com problemas apresentaram concentrações de chumbo bastante superiores aos controles. Os pesquisadores recomendaram a triagem rotineira das crianças hiperativas, para possibilitar reduzir a concentração de chumbo no sangue, quando isso se mostrar necessário — uma medida simples e barata.

Mas, de onde vem este chumbo? Podem ser várias causas como residir próximo a indústrias que usam matérias primas à base de chumbo, de alimentos provenientes de culturas que usaram herbicidas e agrotóxicos proibidos, contato com tintas tipo zarcão (antioxidantes), etc.

Concluindo

É a mais pura verdade que má nutrição e mau comportamento infanto-juvenil podem estar intimamente ligados.

Quem come e se vicia em produtos industrializados vai pelo caminho contrário da vida: não ganha energia, não se alimenta direito, consome suas reservas orgânicas e ainda acumula dentro de si perigosas substâncias químicas.

Uma digestão pesada perturba as células, os sistemas vitais e a mente. O acúmulo de toxinas, se for por muito tempo e diário, vai nublando a clareza necessária para enxergarmos direito o caminho, as decisões diante dos desafios inerentes à vida.

E, existem crianças/pessoas que são mais vulneráveis, quando manifestam reações muito mais destrutivas às drogas que o restante da população. São diferenças fisiológicas, algumas vezes de origem genética.

Nestes indivíduos duas colheres de sopa (30 ml) de cerveja causam deterioração dramática em sua personalidade e muitos apresentam graves reações ao açúcar, trigo, leite e laticínios. Aditivos sintéticos? Nem pensar.

E, além dos problemas comportamentais, foi constatado também uma incidência muito elevada de pele: eczema, acne e psoríase. As manifestações se iniciam na infância e, caso não sejam observadas ou tratadas, a gravidade destas manifestações físicas e psicológicas tende a aumentar com a idade.

O que você pode fazer

Quanto mais industrializado o produto, mais aditivos químicos ele terá. Quanto mais distante o local de sua produção, como os alimentos importados; mais conservantes terá pelas regras de segurança internacionais. Por isso, o ideal é que você prepare os alimentos frescos em casa. Como nem sempre é possível, seguem algumas dicas para diminuir o consumo de aditivos químicos:

•    Leia o rótulo e escolha os produtos com menos aditivos. Esta informação está na lista de ingredientes, que é apresentada em ordem decrescente de concentração no produto.
•    Prefira alimentos simples, menos industrializados e procure prepará-los em vez de utilizar produtos produzidos industrialmente.
•    Evite o consumo de embutidos: salsicha, lingüiça, mortadela; mesmo os ditos vegetarianos à base de soja etc.
•    Não coma alimentos fortemente aromatizados e reaprenda a apreciar o sabor e textura dos alimentos ao natural.
•    Evite produtos com cores muito vivas, que revelam a presença de corantes.
•    Evite açúcares e edulcorantes (adoçantes).
* Fonte: a biblioteca da TAPs abriga inúmeras publicações entre livros e revistas.

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