OSHO
Adaptado por Conceição Trucom
Uma aluna me perguntou: se nascemos para ser felizes, mas porque não somos?
Meu entendimento-resposta é hoje: Porque os modelos que nos são colocados de felicidade, desde que nascemos, são meros modelos dos nossos pais, parentes, sociedade, cultura, religião, etc. Pessoas distantes desta felicidade, condicionadas, padronizadas pela densidade da terra. Nascemos e somos sugados pelo mundo das ilusões.
Este mundo, irreal, não corresponde, de forma alguma, às nossas verdades e valores internos. A sociedade e grupo familiar não consideram o indivíduo em sua essência e singularidade. Os modelos sociais são selvagens e massacrantes, e são os chamados condicionamentos.
Condicionamento é algo forçado de fora sobre você contra a sua vontade, contra a sua consciência. O condicionamento tem o objetivo de destruí-lo, manipulá-lo, torná-lo previsível, moldável e criar uma sociedade controlável.
A sociedade tem muito medo da sua realidade. A Igreja tem medo, o Estado tem medo, todos têm medo de sua pessoa essencial, de seu Ser essencial, pois o Ser essencial é rebelde, é inteligente, é livre. O livre sábio não age segundo regrinhas aprisionantes, manipuladoras e de co-dependência.
O Ser essencial não pode ser facilmente reduzido à escravidão, e também não pode ser explorado. Ninguém pode usar o Ser essencial como um meio, pois Ele é um fim em si mesmo.
Daí, toda a sociedade tentar, de TODAS as maneiras possíveis, desconectá-lo de seu âmago essencial. Isso cria uma personalidade falsa e plástica a seu redor e o força a se identificar com ela. Durante muito tempo sofremos e perdemos MUITA energia quando tentamos ser hipócritas conosco mesmo.
A sensação é de vazio, fracasso, impotência. Enlouquecemos porque a nossa bússola simplesmente não consegue encontrar o sentido da “felicidade”. Chama-se a esta grande “tabela” de condicionamentos de “educação”, mas isso não é educação, é “deseducação”. Isso é destrutivo e violento.
A sociedade, a família INCONSCIENTEMENTE é muito violenta com o indivíduo. Ela não acredita no indivíduo, é contra o indivíduo. Para seus próprios propósitos, ela tenta, de todas as maneiras, destruir você. A pergunta oculta, o pânico, o desamor é: Se você se libertar como vamos fazer contato?
A sociedade precisa de engenheiros, médicos, filhos vitoriosos, brilhantes, importantes, espertos, esbeltos, conquistadores,… Ela não está preparada para lidar com seres humanos serenos, pacíficos, simplistas, honestos sem relatividade, saudáveis emocionalmente. Quando surge alguém assim tratam de distanciá-lo, NÃO ENTENDÊ-LO.
Até o momento, fracassamos em criar uma sociedade que precise de seres humanos livres, simples seres humanos: NORMAIS.
A sociedade está interessada nos ANORMAIS. Que você seja mais habilidoso, mais produtivo, mais competitivo, mais consumista, mais super ocupado e menos criativo ou questionador como Sócrates – assassinado pelos políticos de sua época – o era. Ela deseja que você funcione como uma máquina da SOBREVIVÊNCIA, eficientemente, mas não deseja que você se torne desperto, livre.
É um milagre, de vez em quando, algumas pessoas serem capazes de escapar desta enorme prisão. A prisão é muito grande, é muito difícil escapar dela. E mesmo ao escapar de uma prisão, você entrará em outra, pois toda a Terra se tornou uma prisão. De hindu você pode se tornar cristão, ou de cristão pode se tornar hindu, mas está simplesmente trocando de prisão. De indiano você pode se tornar alemão, ou de italiano se tornar chinês, mas está simplesmente trocando de prisões… prisões políticas, religiosas, sociais.
Talvez, por alguns dias, a nova prisão pareça com a liberdade, mas somente devido a ser uma novidade. Fora isso, ela não é liberdade. Uma sociedade livre é ainda uma idéia que precisa ser materializada.
Tudo tem modelo, inclusive e principalmente quanto aos relacionamentos. Todos necessitam casar, ter casa, ter filhos, ter empregos, e na época certa, e da forma certa, e com os modelos certos para ser competitivo, para ser invejado, para ser elogiado, para ser apreciado, etc.
Tudo foi despejado em seu biocomputador. E a sociedade pune aqueles que são relutantes, resistentes a esses condicionamentos, e com medalhas de ouro, prêmios, recompensa aqueles que estão muito ávidos a serem escravos, a servirem aos interesses do sistema.
Toda a sociedade, milhões de pessoas à sua volta estão condicionando-o, conscientemente ou não. Elas foram condicionadas. Elas podem não estar cientes de que são destrutivas e violentas e que estão se auto destruindo. Elas podem pensar que estão sendo de ajuda a você devido à compaixão, pois amam a humanidade. Elas foram condicionadas tão profundamente que não estão cientes do que fazem às suas crianças e vidas.
Somos mesmo seres sociais? Minha opinião é: enquanto não estamos prontos para estarmos sós, não estamos prontos para estar em grupo. Só estando só saberemos quem somos realmente. Ter medo de estar só é o mesmo que afirmar: não sou livre, dependo do outro para ser feliz. DANOU-SE!
Como sair dos condicionamentos?
1) Ir lá dentro de você e descobrir quem é você realmente. Qual a sua natureza, suas qualidades, seus dons, seus desafios. Para esta viagem interna é necessário se dar espaço DIÁRIO de silêncio, MEDITAÇÃO, introspecção. Espaços de autoconhecimento e esclarecimento. Ler, estudar, aprender, meditar, pois ignorar e ignorar-se é pura escravidão.
2) Estar 100% alerta e desperto. Meditar sobre suas atitudes, sonhos e desejos e perceber quanto deles pertencem aos modelos de nossos pais, parentes e sociedade, e quanto deles realmente ECOAM em seu coração, no seu canto de paz.
3) Uma vez detectado, sair dos condicionamentos e entrar na sintonia do Ser essencial e descobrir o que é Ser feliz para Ele. Neste espaço você irá fazer tudo, relacionar-se, sobreviver com o seu serviço (significa trabalhar com prazer e alegria), viajar, etc. porque suas escolhas serão conscientes e alinhadas com quem você é realmente.
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