Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, EUA *
Em 2 de junho de 2017
Tradução especial para Doce Limão por Fernando Trucco **
Estudos recentes têm fornecido a primeira evidência experimental de que comer tardiamente versus as refeições realizadas durante o dia, podem aumentar os níveis de insulina, glicemia em jejum, colesterol e triglicerídeos.
De acordo com os resultados dos pesquisadores da Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania, USA., novas descobertas sugerem que comer tarde à noite pode ser mais perigoso do que você pensa. Em comparação com o consumo no início do dia, o consumo tardio prolongado pode aumentar o peso, níveis de insulina e colesterol, além de afetar negativamente o metabolismo da gordura e marcadores hormonais implicados em doenças cardíacas, diabetes e outros problemas de saúde.
Os resultados oferecem as primeiras evidências experimentais sobre as conseqüências metabólicas de uma alimentação tardia frequente e habitual em comparação com os bons hábitos de alimentação diurna. O estudo foi apresentado no SLEEP 2017, a 31ª Reunião Anual da Associated Professional Sleep Societies LLC (APSS), em 4 de junho 2017.
“De nossos estudos acerca da perda do sono, sabemos que quando você está privado do sono, fica afetado negativamente o peso e o metabolismo, em parte devido ao consumo alimentar tardio à noite. Mas agora essas premissas iniciais, que controlam o sono, dão uma visão mais abrangente dos benefícios de comer no início do dia “, disse Namni Goel, PhD, professora associada de pesquisa em psicologia e psiquiatria na Divisão de Sono e Cronobiologia e autora principal do estudo em andamento.
“Comer tarde pode promover um perfil negativo de peso, energia e marcadores hormonais, tais como altos níveis de glicose e insulina, que estão implicados na diabetes, colesterol e triglicerídeos, que estão ligados a problemas cardiovasculares e outros complicações da saúde”.
Neste estudo, nove adultos com peso saudável foram colocados sucessivamente em duas condições de alimentação, sendo:
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- Refeições realizadas durante o dia (ou seja, três refeições e dois petiscos entre as 8:00 e as 19:00 horas) durante oito semanas.
- Refeições realizadas tardiamente (ou seja, três refeições e dois petiscos entre o meio dia e as 23:00 horas) por oito semanas.
Houve um período intermédio de reset de duas semanas entre as duas propostas para certificar-nos de não carregar efeitos de transferência. O período de sono foi mantido constante, entre as 23:00 até as 9:00 horas da manhã.
Os participantes foram avaliados pelo Penn’s Center for Human Phenomic Science para a obtenção de medidas metabólicas e análise de sangue no início, após a primeira condição alimentar, após o reset de duas semanas e após a segunda condição alimentar.
Isso permitiu que a equipe medisse as mudanças no peso, metabolismo e energia usada, e assegurou que o reset de duas semanas permitiu que todas as medidas retornassem à linha de base antes da condição seguinte.
A equipe descobriu que quando os participantes comeram mais tarde, em comparação com a condição diurna, o peso aumentou.
O quociente respiratório CO2/O2, isto é, a proporção de CO2 produzido pelo organismo em relação com o O2 consumido pelo organismo, o qual indica quais macronutrientes estão sendo metabolizados, também aumentou durante a condição de refeições tardias, indicando que as refeições tardias provocam a metabolização de menos lipídios e mais carboidratos.
Os pesquisadores também descobriram que uma série de outras medidas que refletem perfis metabólicos negativos aumentaram em condições de alimentação tardia, incluindo níveis de insulina, glicemia em jejum, colesterol e triglicerídeos.
O perfil hormonal de 24 horas, indicou que, durante a condição de comer durante o dia, o hormônio grelina, que estimula o apetite, atingiu o pico mais cedo durante o dia, enquanto a leptina, que mantém o indivíduo saciado, atingiu o pico mais tarde, sugerindo que os participantes tiveram desejos de comer mais cedo, e comer mais cedo provavelmente os ajudou a permanecerem saciados por mais tempo. Isto também sugere que comer mais cedo pode ajudar a evitar comer demais durante a tarde e à noite.
Devido a que os ciclos de sono e vigília foram constantes, os níveis de melatonina permaneceram constantes em ambos os casos.
“Embora as mudanças de estilo de vida nunca sejam fáceis de conseguir, estes resultados sugerem que comer mais cedo no dia pode valer o esforço para ajudar a prevenir esses efeitos crônicos prejudiciais para a saúde”, disse Kelly Allison, PhD, professora associada de psicologia em psiquiatria e diretora do Centro para transtornos do peso e alimentação, e autora sênior no estudo.
“Nós temos um amplo conhecimento de como o comer em excesso afeta a saúde e o peso corporal, mas agora temos uma melhor compreensão de como nosso organismo processa alimentos em diferentes momentos do dia durante um longo período de tempo”.
Estudos anteriores similares porém menores, têm sugerido resultados semelhantes, mas este é o primeiro estudo de longo prazo que analisou os padrões alimentares no tempo e que também controlou os ciclos de sono e vigília, exercícios, ingestão de macronutrientes, etc., para identificar os efeitos da ingestão prolongada em diferentes horários do dia.
Leia também: Hora de comer: O “quando” comer pode ser tão importante como o “que” comer
(*) Fonte: University of Pennsylvania School of Medicine. “Timing meals later at night can cause weight gain and impair fat metabolism: Findings provide first experimental evidence of prolonged delayed eating versus daytime eating, showing that delayed eating can also raise insulin, fasting glucose, cholesterol, and triglyceride levels.” ScienceDaily, 2 June 2017.
(**) Tradução: Fernando Trucco especialmente para o Doce Limão – Professional Translations. Reprodução permitida desde que indicada a fonte e o tradutor.
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