Ritalina

Conceição Trucom 

“Na ausência de novos estudos sobre os efeitos da Ritalina, estamos realizando esses experimentos em nossos próprios filhos” – Dr. Leckman

Caracterizada por quadros de agitação, impulsividade e dificuldade de concentração, a hiperatividade, nos últimos dez anos, ganhou maior atenção de médicos, psicólogos e pedagogos – principalmente porque se passou a creditar ao distúrbio boa parte dos casos de mau desempenho escolar.

Dispor de um remédio como a Ritalina é uma forma passiva, indolente, de se resolver uma série de problemas de educação: afetiva, alimentar, familiar, social, ecológica onde entram todas as questões da sociedade moderna.

Esta droga, conhecida como o “sossega leão”, tem um lado perverso: o dos excessos. Pais acusam escolas de rotular suas crianças de hiperativas indiscriminadamente, antes mesmo de obter um diagnóstico médico. Tudo porque os professores, segundo esses pais, não teriam paciência, nem disposição, para controlar crianças irrequietas – mas não necessariamente com desequilíbrio na química cerebral – na sala de aula. Tais escolas, por sua vez, alegam que seus professores são suficientemente treinados para identificar o problema.

Há que levar em conta, ainda, que pais impacientes andam utilizando o diagnóstico de hiperatividade como desculpa para entupir seus filhos de remédio e mantê-los, dessa forma, sossegados. Tanto é assim que o medicamento foi batizado de “droga da obediência”. “É freqüente que os pais peçam aos médicos que aumentem a dose de Ritalina ou não a interrompam durante as férias”, diz a psicóloga carioca Marise Corrêa Netto.

A hiperatividade infantil costuma aparecer entre os 3 e os 5 anos. O distúrbio é três vezes mais comum em meninos. Pesquisas feitas nos Estados Unidos mostraram que até um terço dos garotos em idade escolar naquele país usa Ritalina, embora muitos deles não precisem.

Um estudo recente da Universidade Estadual de Campinas revelou que, de um grupo de crianças diagnosticadas com hiperatividade, 23% não exibiam problemas de aprendizado. Ou seja, provavelmente estavam sendo tratadas de um distúrbio do qual não sofriam.

Vários educadores acreditam que se rotulam muitas crianças de hiperativas só porque elas são bagunceiras. “É preciso tomar muito cuidado com a medicalização da educação”, diz a psicanalista carioca Christiane Vilhena, especialista em desenvolvimento infantil.

Fatos sobre a Ritalina (cloridrato de metilfenidato):

    • Geralmente a Ritalina e a anfetamina causam os mesmos problemas que deveriam tratar – falta de atenção, hiperatividade e comportamento impulsivo.

    • Muitas crianças se tornam robôs, ficam letárgicas, deprimidas e introvertidas quando estão tomando Ritalina.

    • A Ritalina pode retardar o crescimento da criança ao romper os ciclos dos hormônios de crescimento liberados pela glândula pituitária.

    • A Ritalina geralmente causa graves distúrbios no cérebro da criança. Pesquisas científicas mostraram que a Ritalina pode causar atrofia ou outras anomalias físicas permanentes no cérebro.

    • Quando a criança pára de tomar a Ritalina, pode ocorrer sofrimento emocional, incluindo depressão, esgotamento e até suicídio. Qualquer um desses sintomas emocionais pode levar ao aumento errôneo da medicação para a criança.

    • A Ritalina cria dependência e pode levar a outras dependências. É uma droga muito usada entre crianças e adultos e, seu consumo tem aumentado vertiginosamente ao longo dos anos.

    • A Ritalina reprime as atividades criativas, espontâneas e independentes na criança — fazendo com que ela se torne mais dócil e obediente, mais disposta a realizar tarefas rotineiras e maçantes, tais como atividades em classe e deveres de casa.

A Ritalina age no cérebro como cocaína

Utilizando técnicas sofisticadas para estudar o cérebro humano, pesquisadores norte-americanos concluíram que a Ritalina, tomada por milhões de crianças no mundo inteiro, produz o mesmo efeito sobre o cérebro que a cocaína.

Os estudos também mostraram que as crianças hiperativas que tomam Ritalina são mais propensas a se tornarem tóxico-dependentes do que aquelas que não tomam o medicamento. A Ritalina também pode alterar todo o perfil biodinâmico dos usuários e causar o mesmo efeito devastador que o uso prolongado de cocaína.

Fontes: Journal of Neuroscience, 2001, 21: RC121
Hyperactive Children’s Support Group e The Food Commission (UK).
5 de outubro de 2019

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