Terapia do Riso: Inimigos? Onde? Paz? Quando?

Conceição Trucom 

Adorei ler as entrevistas realizadas pelo jornalista Lauro Henriques Jr. no seu livro Palavras de Poder (Leya – volume 1). A cada entrevistado, grandes nomes nacionais da espiritualidade e autoconhecimento, ia marcando partes que reverberam, através da visão deles, a função do Bom Humor, da prática da Terapia do Riso para a conquista do Ser Integral, Pleno, Plural, Sábio…

Vamos a dois deles:

Lauro pergunta: QUANTO A ESSA COISA DA RIVALIDADE, NO CLÁSSICO CHINÊS A ARTE DA GUERRA, DE SUN TZU, SE DIZ: “CONHECE O INIMIGO, CONHECE-TE A TI MESMO; TUA VITÓRIA NUNCA SERÁ POSTA EM RISCO. CONHECE O TERRENO, CONHECE O TEMPO; TUA VITÓRIA ENTÃO SERÁ TOTAL”. GOSTARIA QUE A SENHORA COMENTASSE ESSE TRECHO, À LUZ DO QUE DIZ O FILÓSOFO INDIANO NAGARJUNA: “MESMO QUE PASSE A VIDA MATANDO, VOCÊ NUNCA ELIMINARÁ TODOS OS SEUS RIVAIS. MAS, SE DIZIMAR SEU PRÓPRIO ÓDIO, SEU VERDADEIRO INIMIGO  SERÁ DESTRUÍDO”.

Lia Diskin responde:

Olha, em relação a essa história de derrotar inimigos internos, atrevo-me a perguntar: quem é que coloca esse rótulo de “inimigo”?

O que tenho internamente são vozes imaturas, são questões que não soube resolver de forma inteligente ou que não pude sequer identifcar, pois a sociedade não me deu instrumentos para isso. Apesar de ser uma constante na literatura espiritual, penso que devemos repensar essa instrução de “derrotar seus inimigos”. Talvez nós tenhamos é que pegar no colo esse personagem interno que rotulamos como inimigo e dizer: “O que está doendo? Por que você está se expressando dessa forma? Por que está querendo se vingar? Será que, se vingando, resolve algo?”.

Precisamos começar a refletir concretamente a esse respeito. Ainda mais hoje, quando temos todos os instrumentos necessários para nos alfabetizar emocionalmente, como a imensa sabedoria disponível nas mais variadas tradições flosófcas e espirituais, tudo à nossa mão.

Lauro: NESSE PROCESSO DE REEDUCAÇÃO DA MENTE, DE FAZER COM QUE NOSSAS VOZES INTERNAS SE DEEM AS MÃOS, TAMBÉM DEVEMOS CONSIDERAR PRÁTICAS COMO A TERAPIA E A MEDITAÇÃO?

Lia Diskin: Sem dúvida. A meditação é um caminho valiosíssimo. Além de ampliar a nossa percepção da realidade, do modo como nos colocamos no universo à nossa volta, a meditação ajuda a pessoa a se familiarizar com seu próprio universo interno, ou seja, a familiarizar-se consigo mesma. Não acredito que haja outro instrumento mais precioso à mão do que as práticas meditativas. E há um repertório imenso de práticas, basta a pessoa escolher com qual ela mais se identifca.

Quanto à psicoterapia, também é muito valiosa. Como o próprio Freud dizia: a palavra dita cura. Ao exteriorizar seus sentimentos através da palavra, a pessoa consegue se distanciar do problema que está vivendo e, com isso, pode enxergar melhor a situação. A única questão é que a psicoterapia nem sempre é acessível para todos e, claro, não está disponível 24 horas por dia, ao passo que a meditação é um recurso que todos têm a seu dispor, cotidianamente.


Lauro pergunta: ALÉM DO DIÁLOGO ENTRE OS CREDOS, QUAL É O CAMINHO PARA A PAZ NO MUNDO?

Dom Pedro Casaldáliga responde:

A vida nos intercomunica, então, temos que aprender a conviver. Assim como não tenho que renunciar à minha crença para dialogar com as outras, não preciso renunciar à minha cultura nem à minha etnia para ser um cidadão do mundo. Eu vivo a minha identidade. Aliás, só quem vive a sua identidade de modo sereno, adulto, é capaz de dialogar. Se não tenho segurança no que creio, nas minhas aspirações, no sentido da minha vida, como vou dialogar? Assim, o caminho para a paz mundial é este:

– Primeiro, cada um fazer a paz no próprio coração;

– Segundo, fazer a paz na própria família; 

– Terceiro, fazer a paz na própria vizinhança; e por aí vai. 

Se não criarmos uma cultura de paz a partir do próprio coração, não tem saída. Ou seja, trata-se de mudar os corações e, simultaneamente, ir mudando as estruturas… 

Finalizo com um pensamento de autoria desconhecida mas que uso muito antes de RIR ou pensar em começar um embate:

O sábio não compete com quem reconhece está em desvantagem:
porque não é necessário!

O sábio não compete com quem recenhece está em vantagem:
busca aprender!

O sábio não compete com quem está em igualdade de condições:
chegou a hora de trocar, relaxar e desfrutar a vida!

Leia também: O CORPO DE DOR – Partes 1 e 2 (página do Assinante Doce Limão)

Lauro Henriques Jr. é jornalista e escritor, autor da trilogia Palavras de Poder – editora LEYA.

Lia Diskin é uma Artífice da Paz, formada em jornalismo, especializou-se em filosofia budista na Índia, uma das fundadoras da Associação Palas Athena – São Paulo/SP.

Dom Pedro Casaldáliga, o bispo da terra sem males, um padre espanhol que chegou no Brasil em 1968 e abraçou a causa dos excluídos, um dos criadores da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista MIssionário.

10 de outubro de 2019

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