Conceição Trucom
Entrevistada por Raphaela Mello – Revista Bons Fluidos – 2011
1. De que forma o riso nos afeta dos pontos de vista fisiológico e comportamental?
Você já observou que quando está rindo, de verdade, durante aqueles poucos instantes, acontece um profundo estado meditativo? O estar no corpo, naquele lugar, torna-se absolutamente óbvio. As pernas amolecem (não precisa chão), o corpo balança (as poses se dissolvem), o pensamento pára (o juiz cruel tende a ficar fora deste momento).
É impossível rir e ter as pernas e joelhos travados. Você necessariamente flexiona, amolece todo o corpo.
É impossível rir sem sentir vontade de colocar as mãos no plexo e coração. Uma turbinada, os batimentos e oxigenação aumentam, o corpo fica mais quente.
O fígado desopila (limpa de ranços, iras, amarguras). É impossível rir sem ter a vontade de olhar para o alto, sem lacrimejar, sem fechar e abrir os olhos. Um exercício natural para limpar a visão, a janela da alma.
Ah, o riso, responsável por acordar nosso lado espontâneo, criativo e inspirado, é a menor distância entre duas pessoas, entre o desafio e a solução, entre a doença e a transformação.
“O riso é a melhor maneira de fazer um coração bater” – Robert Holden
“O sorriso é linguagem do amor” – autor desconhecido
Leia também O impacto do Bom Humor na saúde & A Fisiologia do Riso
2. O riso induzido produz os mesmos efeitos fisiológicos do riso espontâneo?
Sim, o cérebro inicialmente não identifica se o riso foi provocado por uma cena engraçada, um momento feliz ou um exercício da Terapia do Riso. Mas, segundos depois, quando já se iniciou a produção das substâncias inerentes ao riso e bom humor (as endorfinas ou hormônios do relaxamento e da felicidade), o riso tende a ser verdadeiro: contagiado e contagiante.
3. Há tipos diferentes de risos? O que eles revelam?
Sim, existem alguns tipos de riso, inclusive se falamos de anatomia do riso. Mas, para mim existem basicamente 2 tipos de riso: os adequados e os inadequados. Os espontâneos e os forçados. Os saudáveis e os não saudáveis.
O adequado que é o riso de você mesmo (o gaiato que mandou seu juiz cruel dar uma volta na esquina) ou o riso com permissão. Aquele estimulado por piadas, comédias e filmes de bom gosto, onde não ocorrem agressões aos outros e assim por diante. O riso adequado revela muitas coisas, mas em princípio uma pessoa mais espirituosa, mas flexível, mais aberta ao bom humor, mas animada (com ânima que em latim significa alma).
O riso inadequado é o oposto: dimunui as pessoas, os lugares, o externo para se fazer engraçado. O poeta alemão GOETHE registrou isso muito bem: “o caráter de um homem pode ser claramente percebido pelo que ele demonstra achar engraçado”.
O riso inadequado, se crônico, pode revelar problemas psico-emocionais. Existem doenças neurológicas que apresentam o riso descontrolado, inclusive sinalizador de problemas mentais. E, um bom tratamento, apesar de multidisciplinar, passa necessariamente pela Terapia do Riso.
4. Há perfis mais propensos ao bom humor?
Sim, existem pessoas com personalidade mais aberta e praticante natural do bom humor. Em geral a alimentação e a forma de encarar os desafios da vida (leve ou pesada, com óculos cor de rosa ou óculos LUPA de aumento) irá facilitar essa chegada à leveza e bom humor.
E, existem pessoas, que pela alimentação, genética e condicionamentos familiares/sociais, acabam usando quase todo o seu tempo/energia na direção do pessimismo e baixo astral.
Mas, com facilidade ou não, o ideal é se manter, intensificar ou provocar transformações no seu humor. Para tanto, a Terapia do Riso é ideal.
5. Qual o objetivo da risoterapia?
Este texto fala um pouco disso: A pequena escola da “curtição”
6. Quando ela foi criada e por quem?
Não considero que tenha sido criada, mas apenas compreendida e aplicada por profissionais de vários setores da saúde psico-emocional.
As escolas do riso são antigas, vide pela lenda abaixo do Buda Risonho.
Sem dúvida, existem créditos ao jornalista Norman Cousin, por ter iniciado na década de 60, no ocidente, a credibilidade desta técnica ao ser aplicada em doentes.
Mas, a escola do riso é Búdica, milenar. Confira neste vídeo: O que é o RISO búdico
O BUDA RISONHO
Há uma história milenar, no Japão, sobre o Buda Risonho, chamado Hotei. Todo o seu ensinamento era apenas rir.
Ele vivia indo de um lugar para outro, de uma praça para outra. Ele parava no meio da praça e ria – esse era o seu sermão.
Seu riso era cativante, contagiante; um riso verdadeiro, a barriga inteira balançando com o riso. Ele rolava no chão de tanto rir. As pessoas se aproximavam, se amontoavam e começavam a rir.
E, então, o riso se alastrava. Gigantescas ondas de riso, e toda a aldeia ficava contagiada pelo riso.
Todo ano as pessoas costumavam esperar Hotei chegar nas suas aldeias, porque ele trazia tanta alegria, tantas bênçãos.
Ele nunca pronunciou uma única palavra, nunca.
Você perguntava sobre Buda e ele ria. Você perguntava sobre iluminação e ele ria. Você perguntava sobre a verdade e ele ria. O riso era a sua única mensagem.
7. Como funciona essa terapia? Ela é indicada para que tipo de pessoa?
Respondidas nas perguntas 5 e 8.
8. A Terapia do Riso pode curar uma depressão?
Em princípio ela é indicada para todas as pessoas que desejam mais alegria e magnetismo em suas vidas. Conforme coloco no vídeo O que é o RISO búdico, o riso não deve ser valorizado e praticado somente por quem está doente ou com parentes-amigos doentes, mas por quem deseja evoluir, inspirar-se e ser inspirador.
Porém, com certeza, a Terapia do Riso é super indicada para pessoas com problemas de ansiedade e depressão. São as que mais necessitam desta abordagem terapêutica, mas precisa ser multidisciplinar, já que será justo o deprimido quem mais resistirá ao riso.
Conceição Trucom é química e autora do livro Mente e Cérebro Poderosos – Editora Cultrix, onde a Terapia do Riso é apresentada, juntamente com seus vários exercícios, como ferramenta fundamental para o desenvolvimento e saúde do cérebro.
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