Alex Costa Guimarães *
Antes uma reflexão sobre a ação psíquica dos alimentos no indivíduo.
Todos conhecem uma receitinha básica para mexer com as emoções. Bons exemplos: canela para deixar a pessoa mais comunicativa, ou adicionar pimenta para aumentar a excitação de uma forma geral e espantar a apatia.
A ação psíquica dos alimentos no ser humano é uma área relativamente nova no ocidente, ao passo que no oriente (China, Índia e Japão), através de suas medicinas tradicionais, já é de vasto conhecimento.
No ocidente surgiu a nutrigenoma, ciência que estuda como os componentes da dieta interage com os genes, ou seja, como a alimentação regula a expressão ou função dos genes. A expressão da informação genética pode ser altamente dependente e regulada pelos macronutrientes, micronutrientes e fitoquímicos existentes nos alimentos.
Nas Medicinas Tradicional Chinesa e Ayurvédica essa percepção já existe há mais de 6000 anos.
É óbvio que é importante conhecer bem a fundo os alimentos, pois eles formam nossa base corporal, emocional, mental e espiritual. Todo mundo sabe que depois de comer um belo prato de feijoada torna-se bastante difícil realizar, com qualidade, uma demanda intelectual e, não me refiro apenas a astenia pós-prandial, mas a ação da feijoada sobre a mente.
A polêmica do consumo do leite e laticínios
Para entender a polêmica do leite como alimento, precisamos entender sua origem, sua fonte.
Vejamos. Os bovinos têm um perfil psicológico bem claro:
São animais gregários porque vivem em grupos (manadas). Aqueles que ficam isolados tornam-se estressados e agressivos. Só as vacas prenhes é que se isolam e não ficam estressadas particularmente por estarem grávidas.
Mesmo precisando viver em grupo, disputam fortemente entre si, por seus recursos, principalmente se não houver pasto (comida) suficiente. Apresentam vários padrões de organização social que acaba contribuindo para reduzir os efeitos de uma possível competição negativa.
Os bois definem sua área de “trabalho” àquele local onde irá comer e descansar. Ou seja, eles não se dispersam ao acaso, como se poderia imaginar. Lembrar que não ficam longe uns dos outros, mas não querem que essa proximidade atrapalhe sua sobrevivência.
O boi, de um modo geral, permite que outros bois entrem em sua área de trabalho. Portanto, não defendem seu território e todos podem pastar e descansar.
Apesar dessa aparência dócil (já que não atacam quando invadem seu território), o boi é bastante agressivo quando se trata de determinar quem vai mandar em quem. Geralmente é o peso, idade e raça que determina quem será o líder. Não será a inteligência, a sagacidade ou uma técnica especial de sobrevivência como ocorre com outros animais.
O rebanho se comporta como se fosse um único corpo. A maioria da manada apresenta o mesmo comportamento ao mesmo tempo. O líder da manada, inicia um deslocamento ou mudanças de atitudes e todos o seguem. Geralmente as vacas é que lideram o grupo (interessante!).
Quando eles ficam muito próximos uns dos outros, sempre há o despertar da libido em um ou outro animal que tenta copular ali mesmo no meio da confusão do toque da boiada. Ou seja, a proximidade desperta sensações bem instintivas, não importa o lugar e a hora.
Quando se diz que o boi realiza alguma estratégia, isso não quer dizer que ele utilizou sua consciência e projetou um plano de ação (como os golfinhos fazem), mas seu instinto é que os guia e, isso faz parte da sua genética. Ou seja, seu padrão comportamental é determinado totalmente pelos seus genes, sem comando dos seus instintos como ocorre com outros animais.
O leite de vaca x Ser Humano
O leite, como fonte de alimentação do bezerro, é para deixá-lo forte, musculoso em pouco tempo. O mesmo pode ocorrer com o Homem?
Claro que sim, o leite pode aumentar a massa muscular do ser humano como acontece com o gado. PORÉM, será que é só isso que ele provocará no ser humano?
Hoje em dia sabemos que os alimentos influenciam fortemente na replicação do DNA e, alterar a massa muscular através do consumo de laticínios é o mesmo que estar manipulando o DNA. Só que nessa manipulação ingênua, alteramos nosso padrão comportamental.
Se trocarmos a palavra “boi” por “algum tipo de ser humano”, e analisarmos cada informação acima, identificaremos uma parcela da população que não consegue ficar sozinha consigo mesma, nem por uns instantes, pois elas ficam ansiosas, depressivas e agressivas. Precisam estar constantemente dopadas pelo barulho, ouvindo um rádio, comprando um aparelho ou artefato da última moda.
Tem pessoas que estão sempre andando em grupos, ‘curtindo’ modismos, e que sucumbem às tendências ocultas que movem o mundo. Elas nem se apercebem que estão fazendo parte de uma grande manada humana.
Elas só querem saber de comer, beber, dormir e fazer sexo. Tendo essas necessidades básicas satisfeitas, não querem nada além disso. São pessoas que não almejam nada além dos limites de sua zona de conforto. Odeiam quem está do seu lado, falam até mal, mas não querem se isolar. Sabe aquele típico ser homem que só pensa em mulher, futebol e cerveja?
Atenção: não estou falando de gostos, mas de comportamento. É diferente. A pessoa pode gostar de tudo isso e ainda assim não viver em função disso, certo?
Para todas essas pessoas, eu não retiro o leite e seus derivados da dieta, pois não vai fazer diferença. A NÃO SER que ela já esteja com um problema físico em andamento (alergias, fobias, gastrites, refluxo, obesidade, síndrome do pânico etc.).
Para pessoas que buscam a si mesmas, questionam a vida e as estruturas da consciência, buscam na natureza seu conforto espiritual, para essas sim, eu recomendo a retirada dos laticínios de sua alimentação. Estas estão deixando de fazer parte da manada, precisam se individualizar.
Pelo mesmo motivo, proponho retirar os laticínios da dieta das pessoas que se drogam, mas desejam parar com isso: estão tentando sair do contexto de cardume ou manada.
Também não recomendo o consumo de leite e derivados para os autistas e portadores da síndrome de down.
Em síntese: se o indivíduo quer mudar sua maneira de enxergar a vida, quer ter a capacidade de dizer NÃO às imposições do sistema social, aos seus vícios (fumar, beber, zona de conforto, comer, drogas etc.) e quer ter suas próprias sinapses, eu não recomendo o consumo do leite e lacticínios.
Leia também: Tomar leite é saudável? Parte 1
Tomar Leite é saudável? Parte 2
Alex Costa Guimarães é Engenheiro Químico – graduado pela UFC, Nutricionista – graduado pela METROCAMP (atual Veris Faculdades) e Sócio do SAMSARA – Estética, Nutrição e Terapias complementares.
Referências:
COSTA, M. J. R. P. da; SILVA, E. V. da C.; Aspectos básicos do comportamento social de bovinos. Rev Bras. Reprod. Anim, Belo Horizonte, v.31, n.2, p.172-176, abr./jun. 2007.
AFMAN, L., MÜLLER, M. Nutrigenomics: From Molecular Nutrition to Prevention of Disease. Journal of the American dietetic Association. 2006.
KAPUT, J.; RODRIGUEZ, R. L.; Nutritional genomics: the next frontier in the postgenomic era. Physiol. Genomics 16: 166–177, 2004.
0 respostas em "Tomar leite é saudável? Parte 3"