Traduzimos (*) a seguir algumas das regras da Parte II da obra esotérica clássica “Luz no Caminho” [1]. O livro reproduz dois conjuntos de regras axiomáticas que devem ser seguidas pelos discípulos da sabedoria oriental. Colocamos em itálico, entre colchetes, as notas que comentam o texto principal.
As Regras 5 a 13 da Parte II de “Luz no Caminho”:
5) Escuta a canção da vida.
[Procura por ela e escuta-a primeiro em teu próprio coração. No início talvez digas: “Ela não existe; quando a procuro, só encontro discórdia.” Olha mais profundamente. Se ficares desanimado de novo, faz uma pausa e olha mais fundo ainda. Há uma melodia natural, uma fonte obscura em cada coração humano. Ela pode estar escondida, completamente oculta e silenciada, mas está lá. Na própria base do teu ser tu encontrarás fé, esperança e amor. Aquele que escolhe o mal se recusa a olhar dentro de si mesmo, fecha os seus ouvidos à melodia do seu coração, e fecha os seus olhos para a luz da sua alma. Ele faz isso porque pensa que é mais fácil viver nos desejos. Mas sob toda vida há a forte corrente que não pode ser interrompida; ali estão, na realidade, as grandes águas. Encontra-as e perceberás que todos, até a mais desgraçada das criaturas, fazem parte delas, mesmo que alguém possa estar cego para este fato e construa para si mesmo uma forma externa de horror fantasmagórico. É neste sentido que eu te digo: todos aqueles seres entre os quais tu lutas para avançar são fragmentos do Divino. E a ilusão em que vives é tão enganosa que é difícil saber por antecipação onde tu irás detectar pela primeira vez a voz doce no coração dos outros. Mas deves saber com certeza que esta voz ocorre no teu interior. Procura lá por ela, e quando a tiveres escutado poderás reconhecê-la com mais facilidade ao teu redor.]
6) Guarda na memória a melodia que ouvires.
7) Aprende dela a lição da harmonia.
8) Podes manter-te erguido agora, firme como uma rocha em meio ao tumulto, obedecendo ao guerreiro que é tu mesmo e é teu rei. Deves estar despreocupado em relação à batalha, concentrando-te no cumprimento das ordens dele, sem pensar no resultado da luta, porque só uma coisa é importante; que o guerreiro vença, e tu sabes que ele é incapaz de derrota. Permanecendo assim, calmo e atento, usa a capacidade de escutar que tu conseguiste pelo sofrimento e pela destruição do sofrimento. Apenas fragmentos da grande canção vêm até os teus ouvidos enquanto tu és não mais que um ser humano. Mas se os escutares, lembra deles fielmente, de modo que nada do que te chegou seja perdido, e tenta aprender a partir deles o significado do mistério que te rodeia. Com o tempo não necessitarás de instrutor. Porque assim como um indivíduo tem voz, aquilo em que ele existe também tem voz. A própria vida tem seu modo de falar e nunca está silenciosa. E o que ela diz não é um grito, ao contrário do que tu, estando surdo, podes supor. É uma canção. Aprende da canção que tu és parte da harmonia; aprende a obedecer as leis da harmonia.
9) Observa atentamente toda a vida que te rodeia.
10) Aprende a olhar inteligentemente os corações dos homens.
[Desde um ponto de vista absolutamente impessoal, pois caso contrário a tua visão estará distorcida. Portanto a impessoalidade deverá primeiro ser compreendida.
A inteligência é imparcial: ninguém é teu inimigo; ninguém é teu amigo. Todos são teus instrutores. O teu inimigo se torna um mistério que deve ser resolvido, mesmo que para isso sejam necessárias longas eras; porque o ser humano deve ser compreendido. Teu amigo se torna uma parte de ti, uma extensão do teu ser, um enigma difícil de decifrar. Só uma coisa é ainda mais difícil de conhecer: o teu próprio coração. O mistério profundo do eu só pode começar a ser visto quando os laços da personalidade são afrouxados. Ele só se revelará diante da tua compreensão quando estiveres situado à parte dele. Neste momento, e não antes, poderás controlá-lo e guiá-lo. Neste momento, e não antes, poderás usar todos os seus poderes, e dedicá-los a uma tarefa útil.]
11) Observa com atenção total o teu próprio coração.
12) Porque através do teu próprio coração vem a única luz que pode iluminar a vida e torná-la clara aos teus olhos.
Estuda os corações dos homens, de modo que possas saber como é o mundo em que vives e do qual serás uma parte. Olha a vida constantemente mudando e movendo-se ao teu redor, pois ela é formada pelos corações dos homens, e, à medida que tu aprenderes a compreender a natureza e o significado dos corações, serás capaz, gradualmente, de ler a palavra maior da vida.
13) A fala só vem com o conhecimento. Obtém o conhecimento e serás capaz de falar.
[É impossível ajudar os outros antes que tenhas obtido alguma certeza tu mesmo. Quanto tiveres aprendido as primeiras vinte e uma regras e tiveres entrado no Salão do Aprendizado com teus poderes desenvolvidos e teus sentidos libertados da ignorância, então verás que há uma fonte dentro de ti, da qual brotará a fala.
Depois da décima-terceira regra, não posso acrescentar mais palavras ao que já foi dito. Eu te dou a minha paz. [2]
Estas regras são escritas apenas para aqueles a quem eu dou minha paz; aqueles que podem ler tanto com o sentido interior quanto com o sentido externo.]
(*) Texto extraído do Boletim ‘O Teosofista’, dezembro 2011
NOTAS: [1] “O Teosofista” está traduzindo passo a passo, desde agosto de 2011, a edição original em inglês da obra. Trata-se de “Light on the Path”, de Mabel Collins, Theosophy Company, Mumbai, India,1991, 90 páginas. A primeira edição em inglês foi publicada em Londres em 1885.
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