Milene Siqueira *
“No verdadeiro âmago de uma flor, de uma semente ou de uma folha, há um ponto do qual a energia emana e do qual o crescimento procede. Desse ponto, a semente brota, a flor desabrocha. Se examinar cuidadosamente a flor em botão, a folha ao despontar, a semente, o fruto, ou a planta, e dissecá-los até chegar ao seu núcleo, encontrará… nada.
Na verdade, há apenas uma coisa, uma energia, uma consciência, mas no momento de manifestar a si mesma torna-se yin e yang. Quando buscamos saúde e harmonia, tentamos achar esse ponto de equilíbrio entre yin e yang” – Robert Tisserand.
Yin e Yang, são palavras do taoismo chines que designam a dualidade energética.
Yin é atribuído ao feminino receptivo e Yang ao masculino projetivo, não quanto a fisiologia dos sexos, mas primordialmente como quantitativos energéticos complementares, pois tanto o homem quanto a mulher o possuem.
São dualidade mas sem polaridades demarcadas porque Yin contém Yang, Yang contém Yin, sempre.
Equalizar essas energias dentro e fora de nós, seria o ideal de harmonia: ora ceder, ora impor limites; ora iniciar, ora concluir; ora despertar, ora descansar… na constante contração (receber) e expansão (entregar). Se isto não acontece, o fluxo fica acelerado (yang) ou contido (yin).
Para exemplificar, imagine os ritmos e sistemas binários em nosso organismo como: respiração, pulsação, hemisférios cerebrais, glóbulos brancos e vermelhos, a imagem do DNA, etc.
Mas o descompasso é uma realidade, e é retratado até mesmo em épocas, e que moldam nossas condutas sociais.
Se yang é o impulso de energia, yin é a consolidação; se yang é dilatação, yin é a contração; se yang é pergunta, yin é a resposta. E então fica claro que para toda ação (yang) existe uma reação (yin), e compreende-se o axioma de que é dando (yang), que se recebe (yin).
Porém, antes de yang ser manifestação, yin é o não-manifesto. Portanto a inspiração, a intuição e a espiritualidade podem ser consideradas yin em relação a yang. Yin (terra) molda yang, e estará contida em yang (costela). Nossas inspirações (yin) precisam ser encarnadas (yang), e assim yin (res)surge, complementa. A percepção (yin) caminha um passo antes da mente (yang), que as ordena.
No simbolismo do Gênesis, antes que existisse a pergunta, yin já era a resposta!
Alguns atributos do Yin – Yang:
YANG vibra masculino; provedor; foco/individual; competitivo; prático; extrovertido; vontade; força; mental; solar; construtivo; rápido; aterrador (conectado); quente.
YIN vibra feminino; receptivo; sistêmico/global; cooperativo; detalhista; introspectivo; sabedoria; resistência; intuitivo; lunar; instrutivo; paciência; oceânico (abrangente); frio.
O yang do homem e da mulher deve ser empreendedor, ativo e focado, mas sem perder o seu yin, que é sua sabedoria, globalidade e sensibilidade.
Esta interação é fator importante e se dá por relatividade, por isso, o movimento deve ser dinâmico, como uma dança, que oscila do ponto da nossa personalidade para com o ambiente, pessoas e situações. Se esse ritmo é harmônico, o ponto de equilíbrio se mantém. Se isso não ocorre, uma energia pode ocupar um espaço que não lhe é natural, havendo predomínio de uma sobre a outra (excesso), onde a vibração de yang será excessivamente acelerada ou de yin excessivamente contida, gerando deficiências e sobrecargas e não manifestando a potencialidade de cada uma, pois uma só se equilibra em função da outra, são antagônicas porém interdependentes.
Yin está associado a contenção, abrangência e subjetividade. Yang à aceleração, restrição e objetividade.
No homem ou na mulher, alguns sintomas de excesso de Yin são:
Acolhedor em excesso; dificuldade tomar iniciativa e decidir; ideias confusas; dificuldade em separar eventos (emocional); dificuldades financeiras quando dependa de empreender; pode ser lento, melancólico e disperso; alienação; ambiente desorganizado, acumula muitas coisas; no corpo, facilidade em reter água e pele flácida; movimentos contidos; voz baixa, opina pouco; dependência ; depressão; adiamento; pessimismo; timidez; sonolência; alta sensibilidade; vida social ou familiar árida; pouca energia; doenças crônicas (implosão).
Alguns sintomas do excesso de Yang são:
Pode ser raivoso, explosivo e agressor; aceleração mental ; dificuldade em ver o todo (racional); desconexão interna; corpo tenso, não relaxa, falta movimento harmonioso; otimismo eufórico, quer convencer; dita condutas; rigidez moral, e portanto são muito seletivos (tendência a racismo, especismo, etc); metódico; dorme pouco; voz alta e/ou fala ininterrupta, lança palavras sem ouvir o outro; movimentos extravagantes; exaltação; impaciência; vida social ou familiar cheia; ansiedade; muita energia; doenças agudas (explosão).
Em alguns excessos há um equilíbrio natural, se, por exemplo, há muita atividade (yang) é normal que se precise dormir muito (yin), se uma pessoa está com predomínio de yang e não pratica atividades físicas tende a ter insônia, ou seja, precisa gastar yang (energia) para dormir bem ou usar elementos calmantes para compensar.
E toda vez que uma vibração chega ao seu limite, ela se transforma no seu oposto-complementar. Todos já ouvimos falar que depois da tempestade, vem a bonança! Ou de uma pessoa extremamente dócil (+yin) que estourou em yang. E é tudo equilíbrio! Que claro, pode ser compreendido a tempo de que o excesso não ocorra. Normalmente não paramos para analisar o porque de uma atitude e, se há uma deficiência, isso já faz parte da dificuldade pessoal – e quando o complementar aparece, é a natureza que de certa forma está se encarregando de nos ajudar a integrar/acolher, fazendo com que tenhamos mais compreensão e menos dificuldades!
Da boa permanência das uniões afetivas, também depende o bom equilíbrio yin/yang: o casamento entre um homem e uma mulher depende de um outro casamento mais interior e definitivo: o casamento das forças yin e yang que também agem no interior de cada um dos sexos – Ely Britto.
Uma das principais formas de aprender mais sobre nós e complementar nossa vibração é através dos relacionamentos. Mas com as mudanças sociais, a permanência das relações ficou instável, pois não prevalece tanto a dependência financeira ou a aparência social, que mantinha uniões no passado. Revela-se agora que a duração dependa de afinidades sentimentais e mentais com o parceiro, para que haja paralelamente o casamento mais importante que é o de cada um com sua própria divindade. O parceiro reflete seu interior no outro (complementando ao outro e a si mesmo). E o que irá manter uma parceria é que após a atração, sejam cultivados o diálogo, compreensão, contato físico e a disponibilidade complementar, ou seja, que se deem condições mútuas para que haja a integração.
Um dos hexagramas mais favoráveis do I Ching é o 11, quando o trigrama de Kun (terra/yin) está em cima e Chien (céu/yang) embaixo, o hexagrama da Paz, do encontro, dos movimentos que se complementam, é quando tudo prospera porque o céu está na terra!
A Integração dos ‘diferentes’… do nosso feminino e masculino, do potencial de nosso pai e mãe e de nossos ancestrais em nós, do inconsciente com o consciente, da vontade com a realização, do sagrado com o profano, da ciência com a filosofia, do som com o silêncio, da amada com seu amante… e tantos outros… será sempre a união alquímica, a pura potencialidade.
Continua: Parte 2 – Yin – Yang e a influência do patriarcado
Referências:
– A Arte da Aromaterapia, Robert Tisserand
– O Ponto de Mutação, Fritjof Capra
– I Ching – Um Novo Ponto de Vista, Ely Britto
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