Frutas brasileiras pouco conhecidas contêm poderosos agentes anti-inflamatórios e antioxidantes.

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo *
Em 31 de outubro de 2017
Tradução especial para Doce Limão: Fernando Trucco **

De acordo com um estudo apoiado pela Fundação de Pesquisa de São Paulo, cinco espécies de frutas originárias do bioma da floresta tropical do Atlântico têm propriedades bioativas (antioxidantes e anti-inflamatórias) tão notáveis quanto os mirtilos, arandos, amoras e morangos.  

Sem dúvida as frutas cítricas, bastante populares e tendo os limões na linha de frete, são alimentos de elevado poder de cura, antioxidante, antiinflamatório, que cuidam de vários sistemas como os imune, cardiovascular e digestivo. Mas este estudo coloca em ribalta as nossas frutas silvestres, as frutas PANC (não convencionais), porque foram ficando distantes do conhecimento e consumo popular, se tornando nostalgia de nossos pais e avós. Conceição Trucom

Ao investigar a presença de nutrientes anti-envelhecimento (que também têm efeitos na prevenção do câncer, diabetes e doença de Alzheimer), o estudo abre caminhos para a conservação e promoção do gênero Eugenia, que contém 400 espécies (algumas delas em perigo de extinção) e apresenta enorme potencial nas indústrias alimentícia e farmacêutica.

A pesquisas permitem afirmar que as espécies brasileiras nativas (Vide glossário no fim do artigo) araçá-piranga (E. leitonii), cereja-do-rio-grande (E. involucrata), grumixama (E. brasiliensis) e ubajaí (E. myrcianthes) - todas do gênero Eugenia - e bacupari-mirim (Garcinia brasiliensis), são exemplos de alimentos funcionais que, além de vitaminas e valores nutricionais, possuem propriedades bioativas, que têm a capacidade de combater os radicais livres - átomos instáveis altamente reativos que se ligam a outros átomos no organismo e causam danos, como o envelhecimento celular e outras doenças decorrentes.

"Sabíamos que estes frutos poderiam conter um grande número de antioxidantes, assim como as frutas bem conhecidas nos EUA e na Europa: o mirtilo, amora e morango, frutos muito familiares para os cientistas", disse Severino Matias Alencar, do Departamento de Agroindústria, Alimentação e Nutrição do Colégio Agrícola Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP); a instituição realizou a pesquisa em parceria com a Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade de Campinas (FOP-UNICAMP) - tanto em Piracicaba, Estado de São Paulo, Brasil, bem como na Universidade da Fronteira (UFRO) em Temuco, Chile. "Nossas bagas nativas provaram ser melhores ainda".

Pedro Rosalen, da FOP, diz que o consumo destes frutos é estratégico no combate aos radicais livres. Embora o nosso organismo contenha substâncias que neutralizam e eliminam radicais livres, esta neutralização natural pode ficar desequilibrada pela idade, estresse e alimentação fraca. "Desta forma, são necessários elementos exógenos, particularmente a ingestão de alimentos com agentes antioxidantes, como flavonóides ou antocianinas de araçá-pitanga, E. leitonii e outras frutas das Eugenias", disse Rosalen, coordenadora do projeto "Bioprospecção de novas moléculas anti-inflamatórias de produtos nativos naturais brasileiros.

Os antioxidantes não combatem apenas o envelhecimento, eles também trabalham na prevenção de doenças mediadas pela inflamação crônica, explica Rosalen. "A ação oxidativa dos radicais livres leva ao aparecimento de doenças inflamatórias dependentes, como diabetes, câncer, artrite, obesidade e doença de Alzheimer. Estas são inflamações silenciosas, daí a importância dos antioxidantes".

O estudo avaliou os compostos fenólicos - produtos químicos que podem ter efeitos preventivos ou curativos - e os mecanismos anti-inflamatórios e antioxidantes do material extraído das folhas, sementes e celulose de cinco frutos.

O projeto estudou frutas com forte atividade antioxidante e propriedades anti-inflamatórias para uso da indústria alimentar e farmacêutica. O destaque foi o araçá-pitanga ou E. leitonii, como Rosalen destacou.

"E. leitonii é uma espécie em extinção", disse Rosalen. "Sua atividade anti-inflamatória ultrapassou em muito a de outras Eugenias. O mecanismo de ação também é extremamente interessante. Ele ocorre espontaneamente, logo no início da inflamação, bloqueando uma via específica no processo inflamatório. Também atua no endotélio dos vasos sanguíneos, impedindo que os leucócitos transmigrem para o tecido, danificado e reduzindo a exacerbação do processo inflamatório". 

Como essas espécies são cada vez mais raras e algumas são classificadas como ameaçadas de extinção, as amostras para o estudo foram fornecidas por duas pequenas fazendas do interior do Estado de São Paulo. Ambas fazendas vendem plantas com objetivos de conservação. Um dos agricultores possui a maior coleção de frutos nativos do Brasil, com mais de 1.300 espécies cultivadas. 

Rosalen acrescenta que o Brasil tem cerca de 400 Eugenias, incluindo várias espécies endêmicas. "Temos um enorme número de árvores frutíferas nativas com compostos bioativos que podem beneficiar a saúde das pessoas. Eles devem ser estudados", disse ela.

Alencar acredita que é uma questão de tempo para que estes frutos sejam classificados como alimentos de moda. O cientista afirma que eles têm um vasto potencial econômico e farmacológico, evidenciado não só por muitas publicações científicas, mas também pelo comércio de suas frutas comestíveis, madeira e óleos essenciais, assim como o seu uso como plantas ornamentais. 

"Não existia este conhecimento científico sobre as propriedades desses frutos nativos. A ideia agora, com os resultados do nosso estudo é promover o cultivo por famílias de agricultores, aumentar a escala de produção e encaminhar a distribuição via varejistas. Quem sabe, eles poderiam ser o próximo açaí", disse Alencar, referindo-se ao sucesso comercial da baga amazônica Euterpe oleracea que tem grandes quantidades de antioxidantes. O Brasil exporta puré de açaí para vários países. 

O projeto de pesquisa colaborativa apoiado pela FAPESP e UFRO também incluiu algumas especies nativas chilenas. Em um estudo os pesquisadores demostraram a ação antioxidante e vasodilatadora da goiaba chilena (Ugni molinae) – concluindo-se que os suplementos alimentares obtidos a partir da fruta e as folhas da goiaba chilena, podem ter efeitos benéficos sobre a prevenção e, possivelmente, tratamento de doenças cardiovasculares. 

Se o conhecimento destas propriedades é divulgado, a produção das espécies frutíferas nativas poderia ser estimulada, destacou Alencar. "Mesmo antes do projeto com UFRO, Rosalen e eu já tínhamos estudado espécies de frutos nativos, porque acreditávamos que poderiam ser uma fonte de soluções de alimentos excelentes para a sociedade".

‡ Nota do Tradutor - Glossário de frutas de especies brasileiras nativas:  

Araçá-Piranga ou Goiabão: É uma árvore brasileira muito decorativa encontrada originalmente na Mata Atlântica.

Cereja do rio grande: É um arbusto de folhas perenes nativas do Brasil, que possui pequenas frutas que são de cor vermelha escura para roxo e têm um sabor doce de cerejeira.

  

Grumichama: Fruta endêmica de árvores de tamanho médio nativa do Brasil, que possui pequenas frutas de cor preta e tem um gosto doce de cerejeira.

Ubájai: Ou pêssego do mato vem do guarani e quer dizer “Fruta torcida” pelo fato de o fruto ter formato desuniforme ou ser torto.

  

Bacuparí: Vem do tupi guarani e significa “fruta de cerca” por causa dos ramos ascendentes que crescem na horizontal quando a planta nasce em áreas abertas ou ainda porque os índios cultivavam para cercar suas roças.

Fonte (*): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. "Little-known fruits contain powerful anti-inflammatory and anti-oxidant agents." ScienceDaily, 31 October 2017

(**) Tradução: Fernando Trucco especialmente para o Doce Limão - Professional Translations. Reprodução permitida desde que indicada a fonte e o tradutor.


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* Conceição Trucom
 (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br

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