Ros'Ellis Moraes*
Para a Medicina Natural a base da saúde está no funcionamento regular do aparelho digestório: uma boa digestão é sinal de saúde. Se temos gases, má digestão, azia, dores abdominais, congestão, etc. são sinais que indicam que necessitamos rever nossa dieta e estilo de vida.
Complexo, vários processos como a mastigação e salivação, várias condições como o pH, temperatura e teor de água, várias enzimas atuam para digerir os alimentos. E, muitas destas enzimas 'deveriam' entrar no nosso organismo através dos alimentos que ingerimos, facilitando assim, este sistema tão complexo, mas absolutamente VITAL.
Outro fator que interfere numa boa digestão do alimento são os processos que facilitam ou dificultam o equilíbrio da flora intestinal.
- No equilíbrio a nossa microbiota = população de microorganismos benéficos está em absoluta vantagem em relação aos invasores do mau (patógenos)
- No desequilíbrio pode ocorrer a proliferação de fungos e bactérias maléficas que produzem toxinas, acidificam ainda mais o meio (são desmineralizantes) e deprimem o sistema imunológico. É muito comum a infestação por cândida (um tipo de fungo), contribuindo para a baixa da imunidade do organismo.
Um ambiente ácido, produzido por uma alimentação inadequada, provoca aumento da temperatura dos órgãos e vísceras do aparelho digestório, propicia a permeabilidade intestinal, favorecendo a passagem de substâncias tóxicas para a corrente circulatória. Nessas condições se cria um processo inflamatório na mucosa do intestino, que fica permeável e perde a sua capacidade seletiva, permitindo a passagem de substâncias tóxicas de volta ao sangue.
Uma boa digestão depende das seguintes práticas:
• Escolher corretamente os alimentos para compor cada refeição com cargas glicêmicas baixas.
• Combinar adequadamente os alimentos, observando a sua compatibilidade bioquímica e as reações individuais de cada organismo.
• Mastigar corretamente o alimento, porque aumenta a área de contato entre as enzimas digestivas e as partículas dos alimentos. Setenta % dos carboidratos contidos nos alimentos são digeridos na boca, por meio da ptialina, enzima presente na saliva.
• Evitar tomar líquidos durante as refeições, porque eles diluem as enzimas digestivas, interferindo na digestão do alimento.
• Evitar sobremesas, pois causam distúrbios digestivos, propiciando as fermentações.
• Evitar comer em demasia, porque sobrecarrega todas as etapas do processo digestivo.
• Praticar exercícios físicos, ou seja, nada de vida sedentária.
• Alimentar-se tranquilo, com sentimento de gratidão = Ali Menditação.
Equilíbrio da Flora Intestinal
Milhares de microorganismos invisíveis compõem a nossa flora intestinal. Ali está presente um ecossistema, uma grande população que se mantém viva graças às trocas alimentares entre elas. É a dinâmica de equilíbrio entre esses moradores que garante a saúde do nosso corpo. Uma maior presença dos lactobacilos e outras bactérias, como a Saccharomyces boulardii e o Bifidobacterium tem sua importância para manter esse equilíbrio e a produção das vitaminas do complexo B e K. Em menor quantidade podem estar presentes as bactérias do tipo saprófitas e outros microorganismos patogênicos como a cândida, a brucela, o toxoplasma, entre outros.
O desequilíbrio da flora intestinal é conhecido como disbiose. Acontece quando os microorganismos patogênicos proliferam e competem com os benéficos. Ganham espaço e colonizam o intestino delgado, provocando vários tipos de distúrbios digestivos.
Muitos são os fatores que interferem no desequilíbrio ou na manutenção de uma flora intestinal saudável:
* Uma boa mastigação promove aumento da produção da saliva que, ao se misturar com o alimento, atua na digestão dos carboidratos. Isso pode também eliminar bactérias patogênicas.
* O ácido clorídrico e outras enzimas, produzidos no estômago, também podem destruir os microorganismos patogênicos. As pessoas que sofrem de diabetes ou com idade avançada podem ter esses ácidos diminuídos. Isso dificulta a ação de destruição desses microorganismos.
• O uso frequente de antibióticos destrói bactérias maléficas e benéficas. Tanto os antibióticos como a ingestão de alimentos contaminados com pesticidas ou determinados aditivos (que são utilizados neles) podem causar irritação nas mucosas do intestino. A consequência é a permeabilidade intestinal, o que abaixa a imunidade e propicia o desenvolvimento de microorganismos maléficos. Por exemplo, pode ocorrer infestação por cândida.
"O excesso de açúcar proveniente de alimentos com alto índice glicêmico, como carboidratos refinados e açúcares simples, estão entre os maiores responsáveis pela proliferação da cândida e outros microorganismos maléficos. Isso ocorre porque esses alimentos são produtores de acidez no intestino. Criam um ambiente favorável para os microorganismos patogênicos.
• A prisão de ventre é outro fator agravante, porque as fezes retidas por muilo tempo no organismo são atrativos para as bactérias putrefativas que liberam toxinas deixando mais ácido o sistema. Essas bactérias também podem invadir o intestino delgado e rapidamente colonizá-lo. É normal ocorrer esse fenômeno em pessoas que utilizam carnes, alimentos refinados e industrializados na sua dieta diária.
• A alergia alimentar também pode causar permeabilidade intestinal, baixar a imunidade e ser uma porta para o aumento desses microorganismos do MAU.
A MELHOR OPÇÃO
A melhor maneira para mantermos em equilíbrio a nossa flora intestinal é optarmos por uma alimentação vegetariana bem planejada. A escolha de alimentos preferencialmente orgânicos e a ingestão na sua forma crua são práticas importantes nessa alimentação.
Os alimentos crus são ricos em oxigênio, o que mantém o meio mais oxigenado, impedindo a proliferação das bactérias anaeróbicas - que são as responsáveis pela putrefação. Os alimentos crus também são ricos em Prebióticos.
Os alimentos fermentados têm o papel importante de aumentar os lactobacilos e bactérias benéficas no intestino. Por isso, sempre foram utilizados por diversas civilizações, objetivando a longevidade.
Pessoas com o organismo exaurido e com doenças crônicas devem fazer uso de suplementos de lactobacilos. Essa é uma maneira de reconstituir mais rápido a flora intestinal, impedir processos infecciosos e aumentar a imunidade. O seu médico e/ou nutricionista pode lhe orientar sobre os melhores suplementos.
Vale assistir a este vídeo do Dr. Alberto, principalmente quando ele fala da digestão e da importância microbiota que deve estar presente nos intestinos do organismo humano.
(*) Ros'Ellis Moraes é nutricionista formada pela UNB e autora do livro Alimentação Viva e Ecológica, de onde este texto foi extraído (pág. 143 a 146). Conheça seu BLOG
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* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br