Por Alicia Sparks Akers - Revisão: Sade Meeks, MS, RD
Fonte: Medical News Today em 01.06.2021
Tradução especial para Doce Limão: Professional Translations

A pimenta preta e seu componente alcalóide piperina têm associações com muitos benefícios à saúde, incluindo efeitos antiinflamatórios e potenciais propriedades de combate ao câncer.

A pimenta tem sido usada na medicina tradicional há milhares de anos, especialmente na tradição Ayurvédica,  o sistema tradicional indiano de medicina. A pimenta preta era usada  principalmente para tratar distúrbios menstruais e de ouvidos, nariz e garganta.

No entanto, consumir pimenta preta em excesso pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, portanto, as pessoas precisam ter cuidado e evitar o consumo exagerado.

Informação nutricional

A tabela abaixo mostra a quantidade de nutrientes em uma colher (chá) de pimenta-do-reino moída, com peso aproximado de 2,3 gramas.

Nutriente

Unidade

Valor

Energia em calorias

caloria

5,77

Proteína, gramas

grama

0,239

Carboidratos

grama

1,47

Fibra

grama

0,582

Açúcares

grama

0,015

Cálcio

mg

10,2

Ferro

mg

0,223

Magnésio

mg

3,93

Fósforo

mg

3,63

Potássio

mg

30,6

Sódio

mg

0,46

Zinco

mg

0,027

Manganês

mg

0,294

Selênio

mcg

0,113

Flúor

mcg

0,787

Niacina

mg

0,026

Folato

mcg

0,391

Betaína

mg

0,205

Betacaroteno

mcg

7,13

Luteína + zeaxantina

mcg

10,4

Vitamina E

mg

0,024

Vitamina K

mcg

3,77

Vitamina A

(*)

12,6

mg = miligrama - mcg = micrograma
(*) Equivalentes de atividade de retinol (mcg) 

Atualmente, não há diretrizes dietéticas sobre a quantidade de pimenta-do-reino que uma pessoa de qualquer sexo ou faixa etária deve consumir.

No entanto, a Dietary Guidelines for Americans: 2020–2025 observa que ervas e temperos podem ajudar a adicionar sabor a um preparo culinário quando uma pessoa está buscando reduzir sua ingestão dietética de açúcar, sódio e gordura saturada. 

Benefícios para a saúde

Existem vários benefícios potenciais para a saúde da pimenta-do-reino, tanto para o organismo em geral, como para o cérebro. Muitas destas propriedades se devem ao teor de piperina.

Rico em antioxidantes

A piperina, contida na pimenta-do-reino, tem fortes propriedades antioxidantes.

O organismo gera compostos conhecidos como radicais livres, moléculas instáveis geradas naturalmente no processo metabólico ou como resposta ao estresse ambiental e podem danificar as células.

O excesso de danos causados pelo excesso dos radicais livres pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo doenças inflamatórias, doenças cardíacas e certos tipos de câncer.

A pesquisa tem mostrado que dietas ricas em antioxidantes podem diminuir os danos dos radicais livres. Por exemplo, um estudo realizado in vitro e in vivo (roedores) detectou que os suplementos de pimenta-do-reino e piperina podem prevenir ou retardar o avanço dos danos dos radicais livres e doenças relacionadas, como aterosclerosediabetes e câncer.

Benefícios antiinflamatórios

Embora não existam pesquisas extensas em humanos sobre os benefícios antiinflamatórios da pimenta-do-reino e da piperina, vários estudos com roedores sugerem que a elas podem ajudar a aliviar a inflamação.

Por exemplo, durante um estudo com o objetivo de descobrir se a piperina pode suprimir a lesão cardíaca associada à doxorrubicina, uma droga anticâncer, os pesquisadores descobriram que ratos de laboratório suplementados com piperina apresentaram redução da inflamação.

Outro estudo em roedores sugere que as propriedades antiinflamatórias da piperina podem ajudar a proteger os danos do tecido renal associados à reperfusão isquêmica. Termo que se refere ao dano nos tecidos que ocorre quando uma parte do órgão não recebe oxigênio suficiente.

Os pesquisadores também descobriram que suplementos específicos de piperina podem ajudar a diminuir a inflamação em pessoas com síndrome metabólica, não obstante são necessárias mais pesquisas em humanos.

Propriedades antibacterianas

Um número reduzido de estudos apontam para o potencial antibacteriano da piperina.

Por exemplo, em um pequeno estudo  que envolveu as propriedades antibacterianas da pimenta-do-reino contra bactérias gram-positivas, como o Staphylococcus aureus, os pesquisadores concluíram que a especiaria poderia ser um ingrediente poderoso para futuras terapias contra doenças infecciosas e patógenos de origem alimentar.

Outra revisão em maior escala examinou estudos de laboratório e humanos envolvendo as muitas propriedades farmacológicas da piperina, incluindo propriedades antibacterianas.

Da mesma forma, um estudo realizado in vitro detectou que piperina e a piperlongumina - um componente da planta de pimenta longa - podem ajudar a combater patógenos multirresistentes. Os autores do estudo concluíram que ambos os compostos podem ser úteis como compostos bioativos para novos medicamentos antibacterianos. No entanto, os autores de ambas as revisões sugeriram que mais pesquisas são necessárias.

Propriedades de combate ao câncer

Embora não exista nenhum estudo em humanos até o momento, vários trabalhos de laboratório sugerem que a piperina da pimenta-do-reino pode ter propriedades de combate ao câncer.

Por exemplo, uma revisão abrangente de especiarias e tratamentos de câncer observa que vários estudos descobriram que a piperina suprimiu a replicação de células cancerígenas no câncer de mama, próstata e cólon.

Da mesma forma, a substância mostrou-se promissora como agente terapêutico no tratamento do osteossarcoma, um tipo de câncer ósseo. No entanto, são necessários mais estudos para investigar esse efeito completamente.

Aumentando o “colesterol bom”

Pesquisadores conduziram um estudo com leitões selecionados aleatoriamente e submetidos a uma dieta suplementada, com ou sem pimenta-do-reino, e notaram mudanças durante os períodos de crescimento e engorda.

Eles descobriram que comparativamente os leitões que consumiram uma dieta suplementada com pimenta-do-reino experimentaram um aumento significativo na lipoproteína de alta densidade (HDL) - que as pessoas chamam de “colesterol bom”.

Os pesquisadores acreditam que esses resultados podem justificar mais estudos para explorar os potenciais efeitos benéficos no metabolismo lipídico em humanos.

Ajudando no controle do açúcar no sangue

Um pequeno estudo de 2013 realizado em humanos sobre os efeitos de um suplemento contendo vários ingredientes alimentares bioativos - incluindo piperina - na resistência à insulina - encontraram uma melhora na sensibilidade à insulina. Isso significa que o hormônio insulina foi mais capaz de regular a captação de glicose.

No entanto, como o suplemento continha vários ingredientes alimentares, não ficou claro ainda se a piperina sozinha produziria os mesmos resultados.

Absorção de nutrientes e saúde intestinal

Uma pesquisa de 2013 sugere que a pimenta-do-reino pode ajudar a aumentar a absorção de nutrientes, bem como exibir um comportamento semelhante aos pré-bióticos, ajudando a regular a microbiota intestinal e a melhorar a saúde gastrointestinal.

Melhora da função cerebral

Vários estudos em animais mostraram que a piperina pode melhorar a função cerebral, particularmente para sintomas associados a doenças cerebrais degenerativas, como a doença de Alzheimer.

Por exemplo, os pesquisadores descobriram que piperina ajudou a melhorar a memória em ratos com Alzheimer, bem como reduzindo a formação de placas amilóides, que são fragmentos de proteínas prejudiciais, e que se desenvolvem primeiro nas áreas do cérebro ligadas à memória e às funções cognitivas.

Um estudo realizado em humanos encontrou uma associação entre Alzheimer e os níveis de piperina, mas os pesquisadores concluíram que não conseguiram encontrar uma razão para a ligação e afirmaram que mais pesquisas são necessárias.

Riscos e efeitos colaterais

Não há muitas evidências científicas que sugiram que a pimenta preta cause grandes riscos à saúde e efeitos colaterais.

Embora consumir pimenta preta em excesso possa causar problemas digestivos, isso é verdade para a maioria das ervas e especiarias. O consumo de grandes quantidades de pimenta-do-reino pode causar sensação de queimação na boca e na garganta.

No entanto, algumas pesquisas sugerem que a pimenta-do-reino, ou mais especificamente, a piperina, pode potencialmente levar a efeitos adversos em casos particulares.

Por exemplo, estudos envolvendo roedoreshumanos demonstraram que a piperina pode aumentar a absorção de certos medicamentos, como os anti-histamínicos. Isso pode ser útil para medicamentos mal absorvidos, mas pode resultar em absorção excessivamente alta de outros medicamentos.

Portanto, é importante consultar um profissional de saúde sobre as possíveis interações medicamentosas em cada caso particular antes de aumentar a ingestão de pimenta-do-reino ou tomar suplementos de piperina.

Resumo

Por milhares de anos, os sistemas tradicionais e populares de medicina incorporaram pimenta-do-reino e piperina.

Embora grande parte da pesquisa sobre os benefícios da pimenta-do-reino para a saúde e o bem-estar seja preliminar e envolva mais animais do que humanos, ela é promissora e merece estudos adicionais.

A pimenta é um antioxidante que proporciona efeitos benéficos antiinflamatórios e antimicrobianos, entre outros benefícios. Também pode impulsionar a função cerebral e aumentar os níveis de colesterol bom.

Reprodução permitida desde que indicada a fonte e o tradutor.


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* Conceição Trucom
 (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).

Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br