Por Jillian Kubala, MS, RD - Revisão Alexandra Sanfins, Ph.D.
Fonte : Medical News Today - Em: 11.06.2021
Tradução especial para Doce Limão: Professional Translations
Muitos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo certos tipos de câncer. A ligação entre dieta e risco de câncer é complicada. No entanto, certos padrões dietéticos e escolhas alimentares têm associações com um risco aumentado de câncer. Este artigo explica como a dieta pode influenciar o risco de câncer.
Os pesquisadores antecipam que o câncer se tornará a principal causa de morte em todos os países do mundo até o final deste século, tornando a prevenção do câncer uma prioridade no campo da saúde.
Embora muitos fatores possam influenciar o risco de uma pessoa desenvolver câncer,
a pesquisa mostra que as causas ambientais, incluindo escolhas dietéticas,
também podem afetar o risco de câncer.
No início da década de 1960, os pesquisadores descobriram que as taxas de câncer variavam entre os países e identificaram que padrões alimentares específicos têm correlações com certos tipos de câncer.
Eles também descobriram que as taxas de câncer em pessoas de países com baixo risco de câncer que migraram para países com maior risco de câncer igualaram ou excederam as taxas de câncer no país para onde migraram. Isso sugere que a dieta e o estilo de vida tiveram um forte impacto no desenvolvimento do câncer.
Desde então, os pesquisadores têm reduzido os alimentos e padrões dietéticos específicos que podem aumentar o risco de certos tipos de câncer.
Este artigo se concentrará principalmente em alimentos, mas é importante lembrar que a ingestão de álcool também é uma dieta alimentar conhecida como fator de risco para o desenvolvimento do câncer.
Alimentos e dietas vinculados ao risco de câncer
A pesquisa estas variáveis e o risco de câncer é realizada em forma permanente, e os pesquisadores ainda têm muito a aprender sobre como e por que as escolhas alimentares afetam o risco de câncer.
Carnes vermelhas e processadas
Os cientistas sabem que existe uma forte ligação entre a ingestão de carne vermelha, principalmente quando processada e certos tipos de câncer.
Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a carne processada como cancerígena e a carne vermelha não processada como “provavelmente” cancerígena.
Uma Revisão de 2018 descobriu que aumentar a ingestão de
carne processada até cerca de 60 gramas/dia e
carne vermelha até 150 gramas/dia
aumenta o risco de câncer colo retal em cerca de 20%
Dietas ricas em carne processada e vermelha também têm associações com um risco aumentado de outros tipos de câncer, como câncer de estômago e câncer de mama.
Compostos gerados durante o cozimento em alta temperatura e os processos de defumação podem causar danos celulares, que podem iniciar o desenvolvimento de células cancerígenas.
O ferro heme encontrado em carnes vermelhas e processadas
também pode ter um efeito tóxico nas células.
Alimentos ultraprocessados
Alimentos ultraprocessados geralmente contêm ingredientes resultantes do processamento industrial, como proteínas isoladas, óleos hidrogenados, xarope de milho com alto teor de frutose, intensificadores de sabor, adoçantes artificiais e os espessantes... e os conservantes para aumentar a validade e tempo de prateleira...
Exemplos de alimentos e bebidas ultraprocessados como salgadinhos doces e salgados ultra processados, refrigerantes e bebidas energéticas, cereais matinais, produtos de carne reconstituída, pizzas congeladas, doces e muito mais.
De acordo com especialistas em saúde, dietas ricas em alimentos ultra processados, incluindo dietas ocidentais, aumentam significativamente o risco de certos tipos de câncer.
Um Estudo de 2018 que incluiu dados sobre quase 105.000 pessoas descobriu que aumentar a proporção da dieta de alimentos ultra processados em 10% teve associações com um aumento significativo de 12% no risco de câncer geral e um aumento de 11% na chance de desenvolver câncer de mama.
Os alimentos ultraprocessados são ricos em gordura saturada, açúcar, sal e conservantes, porém pobres em nutrientes protetores, como fibras, fitos como flavonoides, vitaminas e minerais. Alimentos ultra processados também contêm compostos potencialmente cancerígenos formados durante o processamento, tais como aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
Certos aditivos alimentares e a contaminação por produtos químicos das embalagens dos alimentos também pode contribuir para o aumento do risco de câncer associado ao consumo de alimentos ultra processados.
Além do câncer, a ingestão de alimentos ultra processados promovem muitas outras condições crônicas, incluindo diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, e um risco aumentado de morte por todas as causas.
É importante INICIAR O QUANTO ANTES de limitar o consumo de produtos ultra processados tanto quanto possível para reduzir o risco de desenvolver essas condições. Anotar e registrar esta redução até num curto prazo ZERAR tais consumos...
Dietas ricas em sal
Uma dieta rica em sal aditivado (este tipo de sal o refinado, comumente aditivado em quantidade exagerada para garantir maior tempo de conservação ou prateleira) pode aumentar o risco de certos tipos de câncer, particularmente câncer de estômago.
Os cientistas sugeriram que a ingestão elevada de sal pode aumentar o risco de infecção causada pela bactéria Helicobacter pylori. As infecções por H. pylori podem aumentar significativamente o risco de câncer de estômago e câncer de esôfago.
Além disso, consumir alimentos ricos em sal aditivados (os conhecidos embutidos) pode levar à produção de Compostos N-nitrosos (NOCs). O IARC tem classificado muitos deles com “provavelmente” cancerígenos para humanos.
Pitaco Conceição Trucom: aqui preciso intervir porque aqui temos uma eterna e grande confusão + desinformação... Porque o sal integral e fresco, que é polimineral, não refinado ou aditivado, é fundamental para a saúde humana. Logicamente sem excessos. O sal que tanto impacta negativamente a saúde da sociedade moderna é o Sal de Mesa ou Refinado, ou seja lavado e aditivado para poder ser moído e agradar os consumidores, por ser fininho e sequinho... Aqui temos um sal que é mineralmente falando 100% cloreto de sódio + aditivos como branqueadores, antiumectante e um IODO questionável.
Este sal refinado, branquinho, fininho e sequinho, faz muito mal sim,
principalmente se usado em excesso, como acontece nos alimentos ultraprocessados.
Bebidas escaldantes
Beber bebidas muito quentes pode aumentar o risco de câncer. O IARC classificou as bebidas com temperatura acima de 65°C como “provavelmente” cancerígenas para humanos.
Uma Revisão de 2015 envolvendo 39 estudos descobriu que beber bebidas
quentes tem associações com um risco significativamente aumentado de
câncer de esôfago, especialmente em populações sul-americanas e asiáticas.
O estudo descobriu que as pessoas que geralmente têm por hábito diário o consumo de bebidas muito quentes tinham quase duas vezes mais chances de desenvolver câncer de esôfago do que aquelas que geralmente consumiam bebidas quentes ou frias.
Lesões recorrentes relacionadas à temperatura às células do esôfago pode levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e cancerosas.
Outros possíveis fatores de risco dietéticos
O IARC (International Agency for Research on Cancer) identificou vários outros fatores dietéticos que podem levar à progressão do câncer. Por exemplo, seguir uma dieta com alta carga glicêmica pode aumentar o risco de câncer endometrial.
Dietas com alta carga glicêmica afetam negativamente o açúcar no sangue e podem levar a níveis crônicos elevados de insulina e resistência à insulina. Isso pode afetar adversamente os níveis hormonais e aumentar o risco de desenvolver câncer de endométrio.
Dietas com alta carga glicêmica são tipicamente ricas em açúcares adicionados e carboidratos refinados , como bolachas, bolos, pão branco e arroz branco.
A aflatoxina é um composto produzido por um fungo que cresce em alimentos, como nozes, grãos e frutas secas, armazenados em ambientes quentes e úmidos. O IARC considera a aflatoxina cancerígena.
A exposição de longo prazo às aflatoxinas como é o caso dos africanos e americanos que consomem pastas de amendoins diariamente e várias vezes/dia, tem ligações com um risco aumentado de câncer de vesícula biliar e câncer de fígado.
Os cientistas consideram a exposição à aflatoxina um fator de risco significativo para câncer de fígado em países de baixa renda, especialmente em pessoas que têm uma infecção de hepatite ativa, que afeta o fígado.
Reduzindo o risco de doenças crônicas por meio da dieta
Antes de discutir quais alimentos e padrões dietéticos podem proteger contra o desenvolvimento do câncer, é crucial entender que engajar-se em atividades que os cientistas consideram fatores de risco de câncer significativos, como fumar ou beber em excesso, podem neutralizar os potenciais efeitos protetores da dieta.
Vamos lá:
1) Evitar fumar,
2) Reduzir o consumo de álcool,
3) Controlar o peso corporal e,
4) Ser ativo são essenciais para reduzir o risco de câncer.
Os pesquisadores descobriram que, assim como alguns padrões alimentares
podem aumentar o risco de câncer, as escolhas nutricionais também
podem ter um efeito protetor contra o câncer.
Por exemplo, a dieta mediterrânea, que é rica em fibras, antioxidantes e compostos antiinflamatórios e pobre em carnes vermelhas e processadas e alimentos ultra processados, tem associações com um efeito protetor geral contra o câncer e morte relacionada ao câncer.
Estudos têm mostrado que dietas ricas em frutas, vegetais e outros alimentos vegetais ricos em fibras oferecem proteção contra desenvolvimento de câncer. Isso ocorre porque esses alimentos contêm compostos que ajudam a proteger contra danos celulares.
Consumir uma dieta variada que forneça quantidades ideais de fibra, vitaminas, minerais, e todos os compostos de plantas é essencial para a saúde geral e a redução do risco de câncer.
Além de consumir uma dieta rica em alimentos vegetais, reduzir a ingestão de carnes processadas e vermelhas, alimentos ultra processados e adição de açúcares e sal pode ajudar a reduzir o risco de certos tipos de câncer e muitas outras doenças crônicas.
Pitaco Conceição Trucom: Alimentação Baseada em Plantas, PANC, frutas, folhas, legumes, sementes, raízes e tubérculos de deu bioma, estação, e idealmente de cultura orgânica, agroecológica, permacultura, biodinâmica... agricultura familiar, ainda que em transição! Locavorismo, alimentos de curta distância, frescos e maduros da estação.
Conclusões
Embora muitos fatores possam influenciar o risco de uma pessoa desenvolver câncer, incluindo fatores que a pessoa não pode controlar, a pesquisa mostra que alguns padrões dietéticos e alimentos específicos podem aumentar a chance de desenvolver certos tipos de câncer.
As evidências sugerem que alimentos ultra processados,
produtos como carne processada, dietas ricas em açúcar e sal aditivados
e consumir bebidas escaldantes podem aumentar
o risco de desenvolvimento de câncer.
Embora os cientistas ainda tenham muito a aprender sobre como a dieta afeta o desenvolvimento e a progressão do câncer, reduzir ou evitar significativamente esses alimentos e adaptar os padrões dietéticos provavelmente melhorará a saúde geral e também pode ajudar a reduzir o risco de uma pessoa desenvolver certos tipos de câncer.
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações,
citadas as referências da autora, fonte e tradutor.
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* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
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