Consumo Consciente
Varinha de condão GERA ORGÂNICOS?
Conceição Trucom*
Uma amiga do face, que é engenheira agrônoma me enviou o vídeo de um médico e nutrólogo famoso alegando que colocar os alimentos no iodo, elimina os agrotóxicos nele contidos e os transforma em alimentos orgânicos
Boa noite, Conceição! Vi essa matéria e duvido muito que funcione. Até pode ser que funcione para algum tipo, não sei qual. Falta-me conhecimentos de química (apesar de ser agrônoma). Desejo saber sua avaliação e se isso é sério? Abraço, Kátya Kraemer.
Respondi: Nossa, ABSURDO TOTAL. Este personagem pirou na maionese. MEU DEUS. Nem gosto de saber destas coisas porque me dá muita tristeza e agonia.
Iodo é uma forma EMERGENCIAL de descontaminar águas muito poluídas, desconhecidas ou contaminadas, principalmente em campings e momentos de emergência, catástrofes e pandemias. Ele age exterminando praticamente todas as bactérias, vírus e micoorganismos. Ele mata tudo. Não sobra vida para contar história!
Não neutraliza agrotóxicos, absurdo isso. Não dentro do alimento. O máximo que ele pode fazer é deslocar o cloro de organoclorados, mas isso não torna o agrotóxico menos tóxico... Pior ainda é o discurso: faz o alimento tornar-se orgânico!!! Que irresponsabilidade é essa? Se fosse assim não precisaríamos de fazendas orgânicas, bastariam tanques e tanques de iodo...
Puta merda!!! Tem horas que só um palavrão para expressar BEM o que me passa no coração!
E pior, tem gente que acredita nisso: é de chorar gente!
Sabe o que acontece? Da forma que ele indica, após 1 hora com o iodo (mega dosagens caseira sabe?) e quando se fala de usar QUÍMICOS em CASA me assusta. Porque as pessoas tem vários níveis de entendimento e neuras. O que mais me preocupa, além de não funcionar:
- Exageros e superdosagens. Pela boca, tudo que se ingere, é difícil mensurar o que está acontecendo depois da ingesta, principalmente se diária e por longo prazo... Tratamentos em geral envolvem uma posologia bem precisa: dose e tempo de tratamento com avaliação periódica dos resultados.
- Tratamos nossos alimentos, no caso esterilizando tudo, e depois vai todo o excedente para o esgoto. Ou seja: minha casa é meu planeta, ok? E mais: onde fica o terreno biológico???
MUITO, MUITO TRISTE DE SABER!
A Káthia respondeu: Puxa, bem que eu desconfiava... que sórdido! Queres que coloque este vídeo no teu mural para que possas responder ao público?
Respondi: Complicado pq estarei batendo de frente com este personagem. Não gosto de enfrentamentos sabe? Não assim gratuito e no face. Prefiro colocar isso dentro da página do Portal e Assinante, que é uma Turma mais comprometida com o saber e o ensinar, disseminando tudo isso de forma mais amorosa e aprofundada: praticando o singelamente correto e transbordando.
Dentro da minha agonia aprendi a entregar: quem está na sintonia está. Quem não está faz como você, procura saber mais, outros mestres, etc... Quem está na ilusão dos contos de fadas vai virar sapo!
A Káthya respondeu: OK, entendo e acho muito bom que você possa escrever na página, pois minha preocupação é tb com os demais... Imagina quantas pessoas vão querer fazer o que ele indica, achando que assim vão ficar livres dos agrotóxicos.... Muito simples seria, né?
Respondi: Então, o vídeo tem sinais claros de absurdos e cairá exatamente quem acredita em varinha de condão. Não precisa ter formação superior para saber que gotinhas de NADA (seja o que for) transforma uma planta ou fruto em OUTRO.
E ficar livre de alguma coisa, assim assim, facinho, só virar na farmácia da esquina, é conto de carochinha mesmo...
A Káthya, na sua agonia, acabou postando o vídeo em sua página e teceu alguns comentários, que foram contestados assim:
É possível encontrar alguns relatos – na área nutricional, médica, informando que este procedimento (utilização de iodo a 2%) é seguro. E que resíduos do iodo, utilizado nesta proporção, com os necessários cuidados na lavagem e centrifugação dos alimentos, não se alojariam no interior dos mesmos de maneira a tornar imprópria ou não recomendável sua utilização.
Há estudos que demonstram que, submetidos à intensa poluição, uso de inúmeros aditivos químicos na alimentação, crescente utilização de matéria plástica em utensílios e muitas outras formas de agressão presentes na industrialização e desenvolvimento da tecnologia, ficamos expostos a uma extensa gama de antagonistas do iodo que vão nos privando, sucessivamente, deste importante mineral e nutriente – o que poderia gerar, com o tempo, vários desequilíbrios orgânicos.
Respondi: Oi Kátya, bacana o debate. Mas desejo que vc navegue mais no Doce Limão e conheça a minha linha de conduta alimentar, que é a conquista da saúde pelo resgate de bons hábitos e não com procedimentos mágicos tipo iodo, hipoclorito, bicarbonato, suplementação de A a Z, automedicação, etc.
Tudo bem, não sou médica e não tenho a pretensão de tratar doentes, mas dissemino a ecomedicina, a alimentação que provoca e sustenta a saúde, ao mesmo tempo afasta, mantém distante, as doenças. Penso que o mais bacana de tudo isso é o estilo de vida pela consciência e conexão com o natural.
O fato de ser um médico não me assossega, ao contrário, costuma me desassossegar o desconhecimento dos profissionais da saúde sobre química, bioquímica e nutrição.
Sobre este procedimento, talvez hospitalar, seria algo semelhante ao uso do hipoclorito, que sabemos ser nefasto ao encher de cloro o alimento, tornando-o imediatamente um agente acidificante do metabolismo. Portanto um alimento biocídico, um depressor do sistema imune. Que ainda leva ao risco de super dosagens, reações alérgicas, além de efeitos colaterais...
Mas, em sendo um procedimento hospitalar, podemos contar, assim imagino, com os devidos cuidados com a dosagem correta, a lavagem e centrifugação dos alimentos assim 'tratados'. Domesticamente isto fica totalmente fora de controle. E, se o procedimento é inadequado como princípio, como prática caseira a coisa descarrilha total.
Sobre a pobreza de minerais e oligoelementos na população: não justifica suplementação ou automedicação, principalmente se de forma diária e prolongada. ABSURDO e irresponsável.
Justifica sim o que faço: reeducar, fazer com que as pessoas busquem praticar no seu dia a dia a ecomedicina, a alimentação que nutre, mineraliza, vitaliza via alimentos do reino vegetal, onde os orgânicos e a cultura de subsistência (ainda que num apartamento) possa cumprir em primeira instância esta ação. Nem precisa quantidade, mas a qualidade + atitude faz enorme diferença sim.
O iodo desta forma 'consumido' poderá causar descontroles e efeitos colaterais, principalmente quando o uso é caseiro e sem medidas. Pior, não cumpre a ação de neutralizar os agrotóxicos fora do organismo. Eles entram sim no organismo e parte ele poderá neutralizar, mas sem garantias de evitar seus danos (dos agrotóxicos residuais) e desencadear problemas na tireoide...
Estudei mais sobre o assunto e saiba mais lendo
IODO - um nutriente essencial que apresenta uma forma segura,
responsável e inclusiva de reposição de iodo.
Enfim, é por isso que me afasto destas polêmicas a céu aberto. Ensino a todos que me procuram o que é natural e ideal, o caminho, motivando muito inclusive.
Mas deixo o apontar do que fazem de nefasto ou enganoso para quem como vc, deseja ir mais fundo... Porque neste momento, ao ensinar, não estou só, mas disseminando pontos de luz!
As pessoas estão muito distantes da coragem de assumir que o alimento é nosso remédio e ficam tentando encontrar soluções mágicas, que pioram o problema e adiam a verdadeira solução. Enquanto não desbancamos a Monsanto, minimizamos os industrializados da alimentação e nem todos têm condições de comprar orgânicos, vamos produzindo a horta-brotário nossa de cada dia! Lucro só!!! No bolso, na saúde e no visual...
Enfim, assim é aqui na Terra! Se focar no norte e não perder a paz, a força: JAMAIS!
Vou postar tudo isso na página do assinante: meus ajudantes da LUZ!!!
Com carinho e admiração, Conceição TrucOMMM
A Káthya finaliza: Querida Conceição, agradeço teu retorno e compartilho das mesmas idéias sobre a ecomedicina, da qual já debatia desde criança com meu pai, médico...
Desde criança, queria ser médica, mas sempre gostei da natureza, em especial das plantas, e acabei fazendo agronomia. Depois pós-graduação em fitotecnia e depois em fitoquímica (sempre gostei de plantas medicinais), mas não tenho estudos na área da medicina natural, algo que sempre me atraiu e busco aprender.
Conheço teu site Doce Limão e tenho até alguns livros teus. Gosto muito de tudo que expões e, quando vi aquele assunto na mídia, compartilhado pela Silvana, que atua na FAPES (Fund. de Apoio a Pesquisa na Área da saúde), por gostar das publicações dela em geral, me preocupei em esclarecer, pois como agrônoma ambientalista, sei da dificuldade de nos vermos livres dos agrotóxicos...
E, não penso que seja assim tão simples, como uma fórmula mágica... No entanto, me faltam conhecimentos mais específicos, por isso recorri a ti, por te considerar confiável e tendo a base química necessária.
Mesmo dentro da Agronomia, nunca me interessei pelos "tratamentos" das plantas doentes com "defensivos" - os quais chamo mesmo de agrotóxicos, mas pelo cultivo sadio - um paralelo que faço com a medicina. Também não me interesso tanto pela medicina curativa, mas pela preventiva...
Sendo o Iodo um nutriente necessário em pequenas quantidades (um micronutriente), é bastante preocupante que seja estimulado seu uso dessa forma, pois teremos problemas pelo excesso... E parece que essa preocupação não está presente no discurso do vídeo.
Agradeço, novamente, tua contribuição, que tem ajudado a aprender cada dia um pouco mais!
Com carinho e admiração, Kátya Kraemer.
That is it!
Não sei como irão compartilhar tudo isso, mas clamo que não acreditem em varinhas de condão!
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Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br
* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
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