Conceição Trucom
Sempre sonhei ter um quintal para chamar de meu. Parte da trajetória deste sonho conto no meu livro Crianças, bora comer!
Mas vamos ficando adultos e urbanos e preferimos a segurança de um apartamento ou a praticidade de um quintal que não dê muito trabalho.
Morando em apartamento criei muitos espaços de plantios, mas tudo em vasos, e as frutíferas que tanto amo, só no sonho mesmo...
Mas, em agosto de 2022 surgiu a oportunidade de comprar esta casa em Paraty/RJ, pequena o suficiente para materializar não só os sonhos desde a infância, mas tantos aprendizados com mestres da agroecologia, da permacultura, das PANC, das culturas originais ao longo dos 23 anos que trabalho com alimentação baseada em plantas.
A casa é muito simples, estilo colonial, mas tem uma frente bucólica desde o amanhecer ao anoitecer. E aqui neste espaço temos uma cerca viva que vai sustentar a bertalha coração, uma palmeira que vai sustentar orquídeas da Mata Atlântica, e plantas ornamentais e comestíveis penduradas nas paredes e galhos da goiabeira.
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Na frente da casa temos uma calçada e recuo incrível, um gramado em que poderemos sentar em cadeiras ao final da tarde, fazer exercícios em grupo, jogos com as crianças...
Mas tem plantios bem localizados para gerar sombra como palmeiras, beleza e valor medicinal como as colônias, as canas-do-brejo e as abre caminhos...
E agora vem o quintal, que também é pequeno mas por alguma magia do universo dos sonhos, é grande o suficiente para termos plantio de uma espiral de especiarias e medicinais, sugestão e criação do Andreus* que explica no vídeo ao lado.
Plantamos: alecrim, coentrão, sálvia, nirá (alho em folha), tomilho, arruda, mentrasto, losna, erva de jaboti...
A pimenta do reino preta, a noz moscada, os manjericões, as mentas e bertalha plantamos em separado.
Ao fundo uma horta perene em forma de meia mandala (vídeo abaixo), muros sendo usados para ancorar plantios de mamoeiros PANC, maracujás, melissas, guaco e chuchus. Um giral para harmonizar sobras de madeiras, tubos e telhas. Abaixo do giral um pequeno viveiro de mudas e brotário.
Temos várias frutíferas PANC como acerola, pitanga, amora, limão cravo, abacate e goiaba. Breve teremos plantio de pés de jabuticaba, cajá-manga, grumixama e cacau.
Mas reinam neste quintal a Aroeira (frondosa e altiva), o pé de Urucum (exuberante), a Moringa (resistente e altiva), e mais de 15 pés de banana prata branca. Além de uma coleção de manjericões, mentas e canas-do-brejo...
Foi ideia da minha neta Maria, criarmos um espaço de plantios rotativos e consorciados de milhos, feijões e batatas. Mas inauguramos com o plantio do sarraceno, uma cultura muito rápida e pouco exigente de um solo qualitativo. Ele vai nos ofertar a surpreendente beleza de suas flores, as abelhas jataí vão se fartar, teremos colheita e no rastro um solo rico para as demais culturas.
Na antiga garagem fizemos o Espaço 2 Irmãos para meditar, praticar yoga, fazer rodas de conversa ou simplesmente contemplar!
E o mágico é que todas estas materializações aconteceram e acontecem com materiais da própria casa, como entulhos, mourões, telhas, podas, além de doações como as pedras (do caminho e da horta) e muitas mudas.
Agora, 12 meses depois de tantos remanejos: temos a casa pronta, incluso a churrasqueira!?!?
A horta perene em meia mandala foi um desenho também do Andreus* para aproveitar a própria configuração do quintal, a disposição das frutíferas e do sol.
O conceito de horta perene surge quando não temos como foco o plantio de couve, alfaces, salsa e cebolinha, mas plantas que resistam mais às condições adversas do clima de Mata Atlântica. Nossas eleitas são as PANC, muitas delas já presentes na horta abandonada (quando compramos a casa), outras que trouxe do meu apartamento no Guarujá, outras que comprei ou ganhamos no horto de Paraty.
No lugar da couve temos a Chaya (ao lado da Moringa porque é arbustiva), e o almeirão espada na horta. Temos a beldroega, o beldroegão, as trapoerabas, os trevos e carurus, o tomate cereja, a azedinha, a maria pretinha, as serralhas e os dente de leão. Também a tanchagem, erva de jaboti (também na espiral). e por aí vamos, sentindo como responde tudo isso... afinal esta horta será perene porque alinhada com o lugar que habita.
A casa e o quintal estão lotados de arte com reciclados. E considero esta arte um ato de resistência, de esperança, de regeneração em prol do futuro, da prosperidade da terra e novas gerações.
Por este motivo, decidi chamar a Casa de Escola e o quintal, além de escola para adultos de todas as idades, é uma Fazenda das Crianças, Fazenda dos Erês, do tamanho que elas podem enxergar tudo, plantar, colher, aprender e ensinar.
A minha neta Marô é a primeira delas, que tem me ensinado muito e juntas feito muitas reciclagens, plantios, firulas e espaços lúdicos na casa e quintal.
Na imagem ao lado estou pendurando as firulas na Aroeira, que exuberante, ocupa o centro do quintal...
(*) Andreus Quinteros G. S. Ferreira, agroecólogo e agroflorestor, trabalha a delicada e potente arte da comunhão com a mãe terra. Perfil: @andreus_tovarich. Zap: 11 94299.1858
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* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br