Alimentação Crua e Viva
Combinação de Alimentos - Parte 2
Conceição Trucom *
As necessidades diárias
Os alimentos devem ser classificados de acordo com a sua composição e riqueza nutricional. Ao planejar seu cardápio diário, lembre-se de variar ao máximo, evitando repetir as hortaliças que utilizou no dia anterior.
Entretanto, o valor de um alimento não está somente na sua composição química, mas no seu grau de digestibilidade. Mesmo com alimentos naturais, com uma boa mastigação e lenta deglutição, não está completamente assegurado o êxito do processo digestivo, pois há alimentos que mau combinados com outros produzem atraso digestivo, perdas nutricionais, geração de gases e subprodutos tóxicos.
Variedade e composição dos vegetais
Cada parte do alimento tem sua função, no vegetal e também em nosso organismo. As frutas oleaginosas e as leguminosas, são mais concentradas em aminoácidos responsáveis pela construção das nossas proteínas; as raízes são riquíssimas em sais minerais e por esse motivo equilibram a alcalinidade do sangue; pelo talo circula a seiva que é o alimento da planta e nele encontramos vitaminas, sais minerais e enzimas que nos auxiliam no processo digestivo; a folha é riquíssima em fibras e clorofila, que tem grande importância na oxigenação celular; o fruto e as frutas são compostas pelo alimento da semente e contém neles os elementos necessários para a formação do vegetal e também todos os nutrientes essenciais à nossa sobrevivência.
Integração com os alimentos, com a natureza
Existem inúmeras regras de combinação de alimentos. Podem ser condensadas na seguinte conclusão: a digestão é facilmente executada quando consumimos os alimentos em sua forma mais simples, sem muita mistura. Podemos também confirmar a compatibilidade deles através dos nossos sentidos.
Verificando que não faltam elementos nutritivos em nosso cardápio, os alimentos se complementam quando se combinam pelo cheiro, gosto, cor e consistência.
Saber se eles se combinam pelo olfato e paladar, nos será possível com o desenvolvimento da sensibilidade adquirida na alimentação vegetariana. Isto é percebido através dos nossos instintos e cinco sentidos. O que podemos fazer desde já é prestarmos mais atenção nestes sentidos, que é por onde selecionamos o que o corpo precisa a cada momento: a fome orgânica.
Com relação às cores, estas devem ser muito bem variadas num mesmo prato, pois sabe-se que todo e qualquer elemento da natureza tem a sua cor característica. As vitaminas e os sais minerais, cada um tem sua cor, mesmo que muitas não tenham sido descobertas. Se o colorido for variado, é perfeitamente provável que naquele prato exista uma variedade de nutrientes, pois ao combinarmos as cores, combinamos também os elementos que as compõem.
Com relação à consistência é importante variarmos num prato alimentos de consistência mais dura e outros mais moles, para que possamos desenvolver formas de mastigação diferentes para cada consistência.
Realmente, culinária e alimentação são formas da arte! E se nos identificamos com ela, esta nos fluirá livremente, sem esforço, de uma maneira agradável e divertida. E o contato com esta arte nos leva ao conhecimento da natureza.
Combinações inadequadas
As limitações abaixo nem sempre são fáceis de praticar, mas são úteis no momento de uma doença crônica ou grave. Até mesmo para se fazer um estudo de alergias e diagnósticos. E, serão cada vez mais fáceis de seguir e praticar, quanto mais desintoxicada e vegetariana a pessoa vai se tornando.
O texto a seguir é da nutricionista Fátima Pinsard.
Lembrar que as frutas ou sementes oleaginosas ao serem germinadas passam a ser alimentos neutros que combinam com todos os demais (ver este conceito na Parte 1).
O valor nutritivo de um alimento não está somente na sua
composição química, mas no seu grau de digestibilidade.
Para evitar os inconvenientes das más combinações, a melhor regra será simplificar as refeições e usar sua intuição. A quantidade é outro fator que intervém na digestão.
Comer sem fome ou em excesso são fatores desequilibrantes
na digestão, pois o corpo não assimila o excesso.
Evite líquidos durante as refeições, principalmente os que contém açúcar, pois desencadeiam a fermentação. Os líquidos apressam a deglutição antes de completar a mastigação e a ensalivação dos alimentos impedindo também a ação do suco gástrico até que sejam absorvidos.
As bebidas geladas ou muito quentes alteram a temperatura da massa alimentar no estômago, cuja digestão fica interrompida até que seja atingida novamente a temperatura natural do corpo (36-37 graus).
1. Evite ingerir mais de dois alimentos amiláceos na mesma refeição, pois cada um tem um tempo digestivo. Isto provoca fermentação (gases e arrotos) e acidifica o estômago. Exemplo: macarrão + batata + pão.
2. Evite ingerir alimentos ácidos e amidos na mesma refeição. A digestão dos amidos começa na boca pela ação da ptialina, que os transforma em maltose (tipo de açúcar). A ptialina só atua em meio alcalino. A presença de ácidos danificam esta enzima favorecendo sua fermentação. Exemplo: macarrão com molho de tomate.
3. Evite ingerir amidos e açúcares na mesma refeição. A digestão dos amidos começa na boca e prossegue, em condições apropriadas, no estômago. Os açúcares não são digeridos nem na boca nem no estômago, a sua digestão se dá no intestino delgado. Quando consumimos isoladamente, passam rapidamente do estômago ao intestino. Quando consumidos juntos, ficam retidos no estômago aguardando a digestão destes. Como os açúcares têm a tendência à fermentação rápida, nas condições de calor e umidade existentes no estômago, a combinação amido e açúcares produz fermentação ácida. Exemplos: arroz doce, bolos e pães doce.
4. Evite ingerir duas proteínas concentradas na mesma refeição. Para uma digestão eficiente, cada proteína exige sucos gástricos de composições diferentes, além de tempos distintos. Exemplo: enquanto o suco gástrico necessário à digestão da carne tem seu pH máximo no início da digestão, o suco gástrico necessário à digestão do leite terá seu pH máximo no final. Exemplos: carne com leite, carne com ovos ou leite com nozes.
5. Evite ingerir proteínas e ácidos na mesma refeição. O início da digestão das proteínas se dá no estômago em presença da enzima pepsina que atua em meio ácido. A ingestão de ácidos em excesso irá inibir a ação desta enzima.
6. Evite ingerir proteínas com gorduras. A presença das gorduras nos alimentos diminui a atividade da secreção gástrica, além de baixar a quantidade de ácido clorídrico e pepsina no suco gástrico, atrasando a digestão das proteínas.
7. Evite ingerir leite com frutas ácidas. Quando o leite entra no estômago, ele coalha, envolvendo as partículas dos outros alimentos, isolando-os do suco gástrico.
8. Evite ingerir sobremesas, principalmente doces e sorvetes, logo após as refeições principais. Elas já constituem um excesso sobre a alimentação, sobrecarregando a capacidade digestiva. Além disso, geralmente são açucaradas, o que leva aos transtornos anteriormente mencionados.
9. Evite ingerir frutas ou sementes oleaginosas com frutas doces na mesma refeição porque a gordura ao se misturar com o açúcar produz fermentação alcoólica. PITACO: Lembre que as sementes ao serem germinadas passam a ser alimentos neutros. Confira detalhes na Parte 1.
10. Evite ingerir frutas ácidas com alimentos ricos em amido, pois os ácidos, impedem a natural digestão dos amidos, causando fermentação ácida.
Confira o texto na íntegra da nutricionista Fátima Pinsard
Leia também: Combinação de Alimentos - Parte 1
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Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br
* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
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