Simplesmente Saúde
Outono - inverno: é tempo de consumir raízes
Conceição Trucom *
Ser ecologicamente correto significa, também, consumir os alimentos da estação, até porque será este alimento que irá te nutrir, manter saudável e bem vitalizado, pelos 3 meses daquela condição climática do ano...
Estamos entrando no outono, logo depois chega o inverno; estações com muitos ventos, ar seco e temperaturas mais frias, mesmo vivendo num país tropical como o Brasil.
Uma dica importante é aumentar o consumo de raízes, tubérculos e sementes, alimentos ricos em minerais que vão cuidar de nossas peles (momento de trocas – lembre das folhas do outono), pulmões (fragilizados com os ventos, ar seco e frio), cérebro (que fica mais ativo para as reflexões e balanços), rins e estruturas como ossos e dentes (novas fundações para quando chegar a primavera).
Importante lembrar que o grande segredo da alimentação saudável é valorizar a qualidade e diversidade dos alimentos. Jamais exagerar na quantidade, principalmente no outono-inverno, quando o metabolismo fica mais lento e há uma tendência para o ENGORDAR.. Lembrar que raízes são alimentos calóricos pelo teor elevado de amidos e as sementes pelo teor de gorduras.
Confira a seguir o que nos orienta a Medicina Tradidional Chinesa (MTC):
OUTONO
Sistemas fragilizados: Pulmões e pele.
No outono começam os problemas respiratórios e de pele. As árvores trocam suas folhas, nós as peles. Portanto, é o momento mais apropriado para cuidar muito bem destes sistemas de excreção. Confira a seguir os bons alimentos desta estação.
- Raízes e tubérculos: batatas-doce, carás, inhames, mandiocas, mandioquinha, nabo, rabanete.
- Sementes germinadas: amendoim, aveia, coco, linhaça, milho, pinhão e trigo. Abóbora e girassol.
- Legumes e verduras: abóbora, abobrinha, acelga, alface, berinjela, brócolis, catalonia (e almeirões), chuchu, pimentão, quiabo, tomate, vagem e repolho. As PANC que estiverem espontâneas na sua região.
- Frutas: abacates, bananas, caquis, goiabas, jacas, laranjas (principalmente as variedades ácidas), limões (os que estiverem abundantes na sua região), maçãs (idealmente as variedades mais ácidas), maracujás, melancia, peras e tangerina. Colocamos a batata YACON nesta classificação também.
INVERNO
Sistemas fragilizados: rins, bexiga, ossos e dentes.
No inverno os rins estão mais “yin”. Ou seja, menos ativos, tempo de parada e renovação. É o momento do ano em que eles estão mais vulneráveis e fragilizados. Portanto, é preciso fortalecê-los. O certo neste momento é consumir os alimentos típicos do inverno, mais ricos em minerais (energia da terra ou telúrica), quando abundam as raízes, as sementes que precisam ser integrais e previamente germinadas, algumas frutas cítricas, as crucíferas e as folhas de cor verde bem escuro.
- Raízes e tubérculos: batatas-doce, carás, inhames, mandiocas, mandioquinha, nabo, rabanete.
- Sementes germinadas: amendoim, aveia, cevadinha, coco, linhaça, milho, pinhão e trigos. Abóbora e girassol.
- Legumes e verduras: abóbora, abobrinha, berinjela, brócolis, couve-flor, ervilha, acelga, alface, chicória (escarola), couve, espinafre, mostarda e repolho.
- Frutas: bananas, laranjas (principalmente as variedades ácidas), limões (os que estiverem abundantes na sua região), mamão (idealmente o formosa ou PANC), melão, morango, pera e tangerina.
UM SEGREDO
Raízes e sementes são alimentos concentrados em energia. Portanto, ao consumi-los pense na sua qualidade energética (e forma light de preparo) e, evite exagero na quantidade, principalmente quando na forma de purês e as frituras.
As BATATAS: confira a diferença entre tubérculo e raiz tuberosa
Em botânica, chama-se tubérculo ao caule arredondado sem raízes e sem folhas que algumas plantas verdes desenvolvem abaixo da terra, geralmente como órgãos de reserva de energia (na forma de amido), como é o caso da batata-inglesa.
Não confundir com as raízes tuberosas, como a batata-doce ou a mandioca, que têm a mesma localização e função, mas origem e estrutura diferentes. Ou seja, para um mesmo caule existem várias raízes tuberosas ou “batatas”.
A principal diferença é o local em que as reservas de nutrientes são acumuladas. Enquanto nos tubérculos elas aparecem no caule do vegetal, nas tuberosas elas ficam nas raízes. Para entender melhor essa diferença, observe as 2 figuras acima. A primeira imagem é uma raiz tuberosa, como a beterraba, o nabo e a cenoura. Nesse tipo de vegetal, os nutrientes se acumulam dentro da raiz, embaixo da terra, e o caule fica acima da superfície.
O tubérculo se caracteriza por ter um caule subterrâneo em formato geralmente arredondado, com gemas, ou olhos, em reentrâncias, que é capaz de armazenar energia em forma de amido e inulina, entre outras substâncias. As raízes do tubérculo apenas fixam o vegetal ao solo, absorvem e conduzem água e nutrientes, sem acumulá-los.
Mas, para a confusão geral existem inhames que são tubérculos e que são tuberosas... Portanto, vamos falar de BATATAS.
A maioria das ‘batatas” que consumimos no Brasil tiveram sua origem nos Andes, a partir de países como o Peru, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela, de clima frio, principalmente devido à altitude. Porém, nós temos clima tropical e estamos bem perto do nível do mar. Então, enquanto no Brasil, evite exagerar nas batatas e abuse de receitas onde elas estão bem combinadas e balanceadas com alimentos frescos, integrais e menos calóricos.
Saiba mais
Batata-baroa, batata-salsa ou Mandioquinha: um tubérculo comestível original dos Andes, intermediário entre a cenoura e a salsa. Na Venezuela é chamada salsão crioulo e no Equador de cenoura branca.
Sua colheita principal é de maio a agosto. As raízes mais frescas apresentam um amarelo mais intenso. Evite comprar aquelas cortadas com ferimentos, áreas amolecidas ou manchas escuras; e, principalmente, dê preferência às menores, pois são mais macias. Para conservá-las por mais tempo, guarde em um recipiente bem fechado ou em saco plástico na geladeira.
Batata-doce: sua origem é Peru e México. Existe a de casca amarelo pálido e a de casca rosa (desde o claro até o quase roxo). A colheita principal vai de março a setembro. Um alimento que costuma provocar flatulência devido à presença de muito amido (carboidrato complexo) e sacarose (dissacarídeo), o que dá conflitos digestivos. A recomendação é não exagerar, desamidar antes do preparo e combinar com ervas carminativas como a salsa, hortelã, manjericão e o alho.
Batata-inglesa: sua origem é Peru/Bolívia. Como são muitas as variedades produzidas no Brasil, existe colheita o ano todo, porém a Da Várzea, cuja colheita é de maio a junho, seria a ideal para ser consumida no outono. E, já temos a Batata Portuguesa (casca rosada) que é ideal para consumo durante todo outono-inverno.
Cará – Colheita principal de junho a agosto. Embora sua origem seja africana, já era conhecido nas Américas quando os portugueses aqui chegaram. Da mesma forma que o inhame, o cará é um alimento altamente energético, rico em carboidratos.
Existem inúmeras variedades de cará, e entre as mais conhecidas são: Cará-pedra, Cará-do-mato, Cará-do-ar, Cará-açu, Cará-da-terra, Cará-de-caboclo, Cará-de-sapateiro, Cará-do-campo, Cará-inhame. Deve-se ter especial atenção com as espécies de procedência duvidosa, pois algumas delas são venenosas, podendo causar graves danos à saúde e até a morte.
Inhame e AME: sua origem é a África, porém, assim como o cará, se adaptou perfeitamente aos vários climas regionais do Brasil. Assim como o cará, existe uma grande variedade de inhames, entre as quais o inhame-bravo, o inhame-branco, o inhame-cigarra, o inhame-da-china (também chamado de inhame-cará) e o inhame-taioba. Algumas pessoas confundem o inhame com o cará (mais rico em amido), entretanto tratam-se de dois tubérculos distintos.
O inhame além de uma excelente fonte energética, também é rico em vitaminas do complexo B e sais minerais como cálcio, fósforo e ferro. É de digestão fácil e rápida, é desintoxicante e depurativo. Apresenta propriedades medicinais que lhe atribuem o nome de remédio em alguns países do oriente, sendo recomendado para o tratamento de doenças como reumatismo, artrite, ácido úrico, inflamações em geral, viroses e micoses.
O inhame limpa o sangue, facilitando a excreção de todas as impurezas através da pele, dos rins, dos intestinos. Fortifica os gânglios linfáticos, no tratamento de cólicas espasmos musculares, asma. As suas propriedades antiespasmódicas e anti-inflamatórias o tornam útil para tratar cãibras no estômago. Acumula a fantástica propriedade de restaurar e manter o sistema imunológico saudável e resistente. Na África, foi constatado que o inhame é responsável pelo aumento da fertilidade das mulheres que o consomem habitualmente. Auxilia nos males da TPM, por conter a vitamina B6 (que também reduz o risco de doença cardíaca), onde alivia os sintomas e regula o fluxo menstrual.
Minha esperança: que o inhame e o cará sejam as batatas de maior consumo em nosso país. O que falta? Que os brasileiros saibam mais sobre suas reais qualidades.
Mandioca, aipim ou macaxeira: a origem da mandioca ainda é controversa. Alguns acreditam que foi nas Américas Central e do Sul e outros creem que sua origem estaria no cerrado brasileiro e posteriormente alcançando a Amazônia. Como a palavra Mani é de origem Aruak (povos originários do alto amazonas, litoral equatoriano e planícies venezuelanas), e esses eram exímios agricultores, principalmente no cultivo da mandioca, é possível presumir que os Tupis tenham aprendido com eles como cultivar essa planta. A colheita principal é quando as temperaturas baixam, portanto de maio a agosto.
Por sua provável origem, a mandioca caracteriza-se por ser um produto brasileiro e tem relevante importância na cultura e alimentação brasileira, onde sua principal função tem sido de alimento 100% energético. Mas, com boas combinações e balanceamento, podemos obter pratos muito nutritivos.
Aprenda como preparar a PUBA 2.0 que é a mandioca fermentada, portanto mais pobre em amido e mais rica em probióticos:
Assista ainda a diferença entre batatas orgânicas e cultivadas com agrotóxicos:
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Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br
* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
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