Doce Sabedoria
As Abelhas e a vida na Terra - Parte 2
Conceição Trucom *
Não se sabe se a famosa citação de Einstein – que afirmou que o homem não resistiria mais de quatro anos ao desaparecimento das abelhas – é autêntica. Mas os especialistas são unânimes em prever que o fim dos enxames teria efeitos catastróficos para a Humanidade.
A equação é simples: a polinização realizada pelas abelhas é responsável por 35% da produção mundial de alimentos, o que representa 220 bilhões de dólares/ano na economia do planeta. E segundo a FAO, a agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, será necessário produzir 70% a mais de alimentos até 2050, quando a população será de 9,1 bilhões de habitantes.
Vamos conhecer direitinho quais são os produtos da Apicultura:
MEL - Conhecido desde a antigüidade, o mel durante muito tempo, o único produto doce usado pelo homem em sua alimentação, até ser substituído, gradualmente, por açúcares refinados manufaturados, de qualidade incomparavelmente inferior, como os extraídos da cana-de-açúcar e da beterraba. O mel é, na verdade o único produto doce que contém proteínas, diversos sais minerais e vitaminas essenciais à nossa saúde. É ainda um alimento de alto potencial energético e de conhecidas propriedades medicinais. Além disso, o mel é dos poucos alimentos de reconhecida ação bactericida, que contém em proporções equilibradas: fermento, vitaminas, minerais, ácidos e aminoácidos. Além de vitaminas e sais minerais, o mel apresenta ainda em sua constituição proteínas, enzimas, hormônios, partículas de pólen e de cera, aminoácidos, dextrinas e um grande número de ácidos que conferem ao mel um pH de 3,9.
PÓLEN - Conhecido também como pão da abelhas, o pólen é um produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e hormônios de crescimento, encerrando todos os elementos indispensáveis à vida dos organismos vivos. Sua importância é tal que basta dizer que, na falta de pólen, as abelhas não sobrevivem. É um produto tão perfeito que, até hoje, o homem não conseguiu elaborar um substituto que pudesse ser fornecido às abelhas. Apesar de ser riquíssimo em vitaminas (principalmente A e P), proteínas e hormônios, o pólen ainda não é muito empregado como produto medicinal. No entanto, pesquisadores soviéticos asseguram que o pólen apresenta ação eficaz nos casos de anemia, regulariza o funcionamento dos intestinos, abre apetite, aumenta a capacidade de trabalhar, baixa a tensão arterial e aumenta a taxa de hemoglobina do sangue. Por outro lado, pesquisadores franceses demonstraram que cobaias alimentadas com pequenas doses de pólen acusaram desenvolvimento mais rápido e acelerado ganho de peso. O pólen pode ser indicado para: Fortificante geral para desgaste físico e intelectual; Descongestiona a próstata, rins e fígado; Melhora a pele e fortifica os cabelos; Estimula o pâncreas, combatendo o diabetes; Favorece a virilidade e a fertilidade; Nos transtornos da gravidez e menopausa; Nas afecções orgânicas funcionais (coração, estômago, vesícula biliar e digestão); O pólen não é remédio e sim um alimento que fortalece o organismo.
GELÉIA REAL - É um produto natural, secretado pelas abelhas jovens e contem notáveis quantidades de proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, hormônios, enzima, substâncias minerais, fatores vitais específicos, substâncias biocatalisadoras nos processos de regeneração das células, desenvolvendo uma importante ação fisiológica. Na colméia, é utilizada na alimentação das larvas de abelhas operárias até o terceiro dia de vida e das larvas dos zangões. Mas a geléia real é mais conhecida como alimento por excelência da rainha. Pode-se dizer, grosso modo, que é graças à geléia real que a abelha rainha é superior, biologicamente falando, em relação às operárias. Para o homem a geléia real tem ação vitalizadora e estimulante do organismo, aumenta o apetite e tem comprovado efeito antigripal. Não se conhece, na biologia e medicina, outra substância com semelhante efeito sobre o crescimento, longevidade e reprodução das espécies.
PRÓPOLIS - Constituída de resinas vegetais, que as abelhas coletam de determinadas árvores, cera, pólen e ácidos e gorduras, a própolis é uma substância que as abelhas processam para fechar frestas da colméia, soldar peças e componentes móveis da sua morada e diminuir a entrada do alvado nas épocas frias. Seu maior interesse para o homem, no entanto, é sua ação antibiótica e anti-séptica. As abelhas empregam a própolis para impermeabilizar e envernizar as paredes da colméia. Além disso, qualquer corpo estranho que não consigam remover para fora da colméia - como pequenos animais mortos, camundongos, por exemplo - é encapado com uma camada de própolis, para impedir ou retardar o processo de putrefação. Desta forma, o cadáver do animal fica mumificado com a camada de própolis e seu processo decomposição é retardado por vários anos. Além de propriedades antibióticas, a própolis apresenta ação imunológica, anestésica, cicatrizante e antinflamatória. Comercialmente, a própolis é vendida em solução alcoólica, em concentrações variáveis. O produto tem sido testado experimentalmente, em doenças como faringites, câncer de garganta, pulmão e infecções gerais, em diferentes concentrações. A própolis, sem dúvida, é um dos produtos apícolas de maior eficácia, quanto aos princípios ativos transmitidos da planta ao homem. Por ser um produto muito potente, largamente utilizado na Europa, URSS, Estados Unidos, mas pouco conhecido no Brasil, os estudiosos recomendam o seu uso com cautela, sem exagero e sempre com pouca constância (máximo de 90 dias), pois a própolis possui a propriedade comprovada de um antibiótico natural. Assim, ela não deve ser usada como um profilático medicinal, apesar de não possuir contra-indicações.
VENENO - Apesar de ser um produto letal para o homem, quanto aplicado em grandes proporções, o veneno das abelhas é, paradoxalmente, um consagrado medicamento contra diversos distúrbios e afecções. Em países como os Estados Unidos e a Rússia, o veneno das abelhas é um remédio popular indicado contra várias doenças. Sem dúvida, o tratamento contra o reumatismo, à base de veneno de abelha, é bastante conhecido. Mas a apitoxina, como é conhecido o veneno, é empregada com sucesso em tratamentos contra nevrites e nevralgias, afecções cutâneas, doenças oftálmicas, na redução da taxa de colesterol do sangue contra a hipertensão arterial. No Brasil, a apitoxina é praticamente desconhecida, e sua aplicação é empírica, limitando-se aos casos de reumatismo. Nos países de maior desenvolvimento na apicultura, como os citados Estados Unidos e Rússia, a apitoxina é administrada por meio de picadas naturais das abelhas, injeções subcutâneas, pomadas, inalações e até mesmo por comprimidos.
CERA - É uma substância secretada pelas abelhas operárias, entre 14-18 dias de vida adulta, através de quatro pares de glândulas gordurosas ou cerígenas, localizadas na parte inferior do abdômen. Para as abelhas a principal utilidade é a construção dos favos que são de cera. É composta por diversas substâncias, todas obtidas do mel que as abelhas consomem para sua produção. Para produzir um quilo de cera, as abelhas necessitam consumir aproximadamente 7 quilos de mel, e a média de produção de cera é de 2% da produção normal de mel. Tem aplicação na indústria, como impermeabilizante, fabricação de velas, produção de cosméticos e na farmacopéia em geral.
HÁ ALGUMA COISA ERRADA EM CONSUMIR MEL? (Germano Woehl Jr.)
- Abelhas morrem na produção de mel, e no pior caso, a colméia inteira pode ser destruída se o apicultor não estiver disposto a protegê-las em caso de clima frio ou frente fria.
- Não é todo apicultor que faz isso, mas a pratica comum é que se considera todos os seres viventes como objetos meramente materiais que não tem valor intrínseco por si próprios além do valor comercial nos pudermos extrair deles.
- A inseminação artificial das abelhas envolvendo a morte do zangão é a pratica comum para a geração de novas abelhas-rainhas. O método praticado na obtenção de esperma do zangão é arrancando a cabeça do inseto (a decapitação provoca um impulso elétrico em seu sistema nervoso que causa uma resposta sexual). A parte de baixo do zangão decapitado é então espremida para fazer sair o esperma. O liquido resultante é colhido em uma seringa hipodérmica.
Alguns fatos sobre a apicultura no Brasil:
1) As abelhas que produzem mel são "importadas", ou seja, não pertencem a fauna brasileira. Elas têm provocado um enorme impacto na sobrevivência de espécies nativas de abelhas e vespas, devido a competição por pólen e néctar. Talvez muitas dessas espécies nativas, já foram extintas devido a ganância dos produtores de mel.
2) Alguns apicultores matam parte dos zangões, para aumentar a eficiência, alegando que os zangões não "trabalham" apenas comem o mel. A ciência ainda não descobriu se os zangões têm alguma função na colméia, além de fecundar a rainha (o que ocorre uma vez por ano).
3) Dependendo das condições climáticas, a produção de mel pode ser baixa. Nesse caso o apicultor não deve retirar todo o mel, pois durante o inverno as abelhas vão precisar dessa reserva. Entretanto, alguns apicultores gananciosos retiram todo o mel. Resultado: morte na certa de toda a colméia durante o inverno ou períodos de chuvas prolongados.
4) Para perpetuação da espécie, as abelhas costumam criar uma nova rainha (ou melhor, uma princesa). Isso ocorre no final do inverno. Então, a princesa pode tornar-se a nova rainha da colméia, expulsando a atual ocupante do trono, ou pode migrar. Nas duas situações elas levam consigo simpatizantes, ou seja, uma boa parte da população da colméia. Resultado: menos abelhas operárias, menor produção de mel. Solução de alguns apicultores: matar a princesa, quando esta ainda está na forma larval (que é facilmente identificável). Agosto é o mês de revistar as colméias para caçar as princesinhas (em forma de larva).
5) Em 1999, apareceu no Brasil uma nova técnica para produção de pólen (que vem tendo uma demanda crescente no mercado). Eles forçam (artificialmente) as abelhas a extraírem apenas o pólen das flores (as abelhas necessitam do pólen e do néctar: o pólen é a fonte de proteína e o néctar, que resulta no mel, é a fonte energética). Resultado: num raio de 8 km, que é o alcance das abelhas africanizadas, as abelhas extraem todo o pólen existente nas flores, fazendo com que todas as outras espécies de insetos que necessitam de pólen morram de fome, incluindo as abelhas africanizadas de outros apicultores vizinhos que produzem mel da maneira tradicional.
6) No meio da floresta há muitos animais silvestres que se alimentam de mel e abelhas. Exemplo: tatus e iraras. Há apicultores que instalam armadilhas, capturam e matam estes mamíferos, alegando prejuízos.
Finalmente, o ser humano precisa reduzir seu consumo de açúcar, pelo princípio que excesso de açúcar faz mal à saúde. Colocar o mel para substituir o consumo de açúcar refinado NÃO É SOLUÇÃO, é fuga, que segue provocando transtornos à saúde (mel é um alimento super glicêmico) e ao eco-sistema.
Saiba mais em:
Um mistério à solta no ar: Abelhas desaparecem nos EUA e na Europa, provocando prejuízos...
Enxame de vilões: Congresso sobre apicultura no sul da França conclui...
Fontes:
http://planetasustentavel.abril.com.br/planetinha/bichos/sumico-abelhas-502389.shtml
http://www.saudeanimal.com.br/abelha8.htm
http://www.ufv.br/dbg/bee/produtos.htm
http://www.vegetarianismo.com.br/sitio
Pesquisa realizada pela Janei Pedri da equipe Doce Limão
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Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citadas a autora e a fonte: www.docelimao.com.br
* Conceição Trucom (Instagram: @conceicaotrucom) é química, pesquisadora, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Possui 10 livros publicados, entre eles O Poder de Cura do Limão (Editora Planeta), com meio milhão de cópias vendidas, Mente e Cérebro Poderosos (Pensamento-Cultrix) e Alimentação Desintoxicante (Editora Planeta).
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